segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Santa Maria Madalena


Olívia de Cássia – jornalista
(Texto e fotos)

Há 176 anos a comunidade católica de União dos Palmares homenageia sua padroeira, Santa Maria Madalena. Essa tradição foi se modificando, avolumando e se modernizando ao longo dos anos, mas não perdeu a sua essência nem a sua grandiosidade. A Igreja Matriz mudou, na parte física e na institucional (um pouco menos), mas mudou.

Antigamente as festas eram mais simples, não tinha bandas famosas, as apresentações culturais ficavam por conta da bandinha da prefeitura, eram mais folclóricas e tradicionais e a quantidade de mesas na praça era bem menor, dava pra gente andar e conversar com os amigos e visitantes. Era tudo menos barulhento.

Depois que o palanque foi construído, as apresentações passaram a ser ali; antes tinha um coreto no meio da praça, que foi demolido, onde as bandas se apresentavam. A praça não tinha piso, era de areia. Seu Manoel Lima, pai dos meus amigos Suely, Ana, Natalina, Madalena, Eduardo, Luis e Cláudio tocava um instrumento enorme, acho que era um trombone.

Lembro que em época de festa e mais no Natal, tinha o pastoril que se apresentava num palanque de madeira que era armado do lado da Casa do Poeta Jorge de Lima; tinha a frente virada para a igreja. Maria José Serafim (tia de Emídio) dançava pastoril e ficou conhecida na cidade como ‘Pastorinha’. Isso eu era muito criança, mas lembro.

As mesinhas da festa eram de madeira e muitas vezes os banquinhos desfiavam nossas meias novas, deixando-nos insatisfeitas. Lembro que no dia 2 de fevereiro, último dia da festa, papai mandava meus irmãos irem mais cedo para reservar os bancos, senão nós ficávamos sem ter onde sentar, porque quem chegava primeiro ia pegando os banquinhos das outras mesas.

Papai sempre foi muito devoto de Santa Maria Madalena e falava do seu poder de cura todos os dias para os filhos; agradecia as graças alcançadas e nos aconselhava a frequentar a igreja com mais assiduidade.

Ele não perdia uma noite de novena nem de festa quando tinha saúde e podia andar. Depois foi começando a cair na rua, a tombar demais e não pôde mais andar. Chorava nos dias de festa e ficava na porta para ver a procissão passar quando já estava bem debilitado.

Em frente à loja de seu Nequinho, que era compadre dos meus pais, ficavam armados os barcos do seu Cícero Lopes, avô do Gilsinho e pai de Gracinha, ou então em frente ao prédio da farmácia e da Secretaria de Educação do município, ao lado da igreja. Lembro também das quermesses cujas prendas eram doadas pela comunidade e atraia muita gente.

Tem cidade do interior como Pilar, cuja festa da padroeira ainda mantém esse modo tradicional. Lá não tem banda de forró malícia tocando na praça da igreja, nem de outro tipo, a não ser manifestações do folclore e da cultura popular. Mas cada canto tem sua cultura, seu jeito de ser, faz parte da história de cada local, não sei se mudássemos nossa festa se a população ia gostar.

Tem muita gente que critica tudo: critica a Comissão Organizadora, a disposição e quantidade das mesas, o modo como a festa está sendo conduzida, mas isso faz parte da democracia.

Ninguém é obrigado a gostar de tudo e avalio que as críticas são salutares, até para contribuir com a melhora do evento. Só não concordo quando as críticas partem para o lado da agressão pessoal, acho isso deselegante e inapropriado.

Santa Maria Madalena merece todas as homenagens de quem acredita, tem fé e acompanha sua festa, uma das melhores do interior de Alagoas e que é sempre lembrada por quem já frequentou o evento. Seja quando em criança, ou depois de adulto.

Domingo, dia 16, tem a procissão do mastro iniciando os festejos comemorativos à nossa padroeira. Que venham as nove noites de festa, que sejam de paz e harmonia. Uma pena que não poderei estar presente todas as noites. Até lá.

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