Olívia de Cássia – jornalista
Início da noite de sábado, 15 de janeiro de 2011, metade do mês já se foi. Estou tão indisposta por conta da virose que não tenho ânimo para nada mesmo, mas tenho ‘que sustentar o talo’, como dizia minha saudosa mãe. Estou tão sensível que me comovo até com cenas de novelas; injustiças ainda me emocionam e me levam às lágrimas.
Sinto-me tão tola e tão indefesa, diante de certas questões, feito uma criança, nesse mundo tão rude e tão materialista. Penso numa maneira de fugir um pouco disso tudo. Estou de pés e mãos atadas, ainda mais com essa falta de grana que não permite nem um tantinho de diversão pra gente esquecer um pouco as adversidades da vida.
Entendo porque aquela história difundida por aí e aplicada por tanto político é tão certeira: “Ao povo, diversão e circo”. Com esses ingredientes dá para esquecer os problemas, as injustiças e a maldade do mundo.
Mas tenho que reagir a esse quebranto que toma conta do meu corpo. Amanhã tem procissão do mastro da festa de Santa Maria Madalena, em União dos Palmares. Preciso me recuperar para percorrer todo aquele trajeto que vai da Rua Juvenal Mendonça até a Praça Basiliano Sarmento, renovar a minha fé, pedir forças, saúde e disposição para o trabalho.
Esse ano será de muitos desafios para mim e é preciso que eu seja muito forte para enfrentar todos eles. Tenho fé e acredito nisso, que será um ano de grandes novidades e preciso renovar minhas esperanças.
Para quem é palmarino e acredita, o ano realmente começa depois da festa da padroeira de União dos Palmares. Muita gente aproveita o evento da procissão do mastro e da festa para renovar os votos, pedir proteção, realização de sonhos e pagar promessas.
Pode até parecer bobagem para os mais céticos, mas para quem acredita e é devoto da santa, todo esse ritual é importante. Eu sempre me emociono em todo o evento, tanto na procissão do mastro, na festa e na procissão do dia 2. É quando a gente, além de agradecer, rever e os amigos, mata a saudade de todos.
As lembranças dos meus pais são muito fortes. Lembranças da infância e da juventude na Terra da Liberdade, quando nessa época era um tempo de grandes encontros e aventuras. Lembranças do quanto meu pai gostava dessa festa; para ele era a melhor e a mais importante da cidade, não tinha outra igual.
Da mesma forma que avalio que o meu tempo agora já é curto, aproveito para pedir força, resistência, saúde e proteção. Não tenho o direito de pedir muito mais, Deus sabe. Já me basta ainda poder andar, falar, estar intelectualmente perfeita e não depender de terceiros para as pequenas tarefas pessoais do dia-a-dia.
Estou introspectiva hoje, um sentimento profundo me corta o coração e a alma, preciso desabafar. Tenho vontade de chorar, mas preciso ser forte, não deixar que esse sentimento dilacere novamente o meu coração.
Não quero lembrar de coisas tristes que me fizeram sofrer no passado, quero lembrar apenas de fatos importantes que me aconteceram e que me tornaram uma pessoa mais alegre e feliz. De acontecimentos que me tornaram um ser humano melhor.
Brinco com minha gata Janis Joplin, uma mestiça de siamês com persa, que vive subindo na mesa de casa. Digo a ela que nessas horas é bem melhor ser gato; por certo não terá que se preocupar com muita coisa, a não ser com a ração e água nos potinhos.
Janis me olha de um jeito engraçado e brincalhão e me estende a patinha: por certo para me distrair e me deixar mais contente.
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2 comentários:
Seu blog está muito querido
As imagens antigas em União são uma maravilha
E a música, quem canta?
linda...
dá um clima completamente mágico ao blog!!!
Parabéns.
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