Olívia de Cássia – jornalista
(Texto e fotos)
Como acontece há 176 anos, os católicos palmarinos acompanharam a procissão do mastro de Santa Maria Madalena, neste domingo, 16. Apesar de eu não estar muito disposta fisicamente, resolvi enfrentar o desafio e fazer o percurso, quase todo correndo. Pensei que não fosse aguentar tanta adrenalina, mas segurei a onda, agarrei na mão de minha amiga Kelly e lá fomos nós, dando vivas a Santa Maria Madalena, nossa excelsa padroeira.
Não tenho esse dado com precisão, mas avalio que são quase dois quilômetros de percurso. É muito chão para uma velhinha como eu acompanhar aquela correria toda. Estou toda quebrada, as pernas já não têm tanta firmeza, mas cumpri com minha obrigação de cristã, católica, que acredita nos poderes de Santa Maria Madalena e na tradição das suas comemorações.
Suamos em bica e quando chegamos à praça, estava todo mundo cansado e emocionado. O erguimento do mastro é sempre um rito de passagem para os palmarinos. É quando a gente fica naquela expectativa e reforça as orações para que o mastro seja erguido sem traumas, para que tudo dê certo durante o ano para os palmarinos.
Hoje em dia eu valorizo muito mais tudo isso, muito mais que antigamente, quando tinha meus pais ainda nesse plano, que eram devotos da santa e que vivenciavam esses eventos com tanto gosto. Lá em casa ficava cheia de visitas: familiares e amigos que iam nos visitar ou passarem as festas e férias. Era muito bom aquilo tudo.
Revi tanta gente querida que nem vou citar o nome aqui para não ser injusta com alguém. Rever tantos amigos sempre me dá muita alegria e satisfação. Reforcei minhas orações e pedidos de saúde, emprego, disposição para o trabalho, paz, harmonia e para que haja amor no coração das pessoas, para que esse mundo fique mais fraterno.
Chorei tanto na cerimônia do mastro, que Nádia Seabra fez até uma foto da minha performance de chorona diante da cena do mastro erguido, rezando e agradecendo, pedindo forças a Maria Madalena para me fazer uma pessoa melhor, com mais saúde e vigor. A foto deve ter ficado uma presepada.
Quando terminou o erguimento do mastro, o povo se aproximou, tocou e fez as suas orações. É muito bonito esse ritual. Aqueles homens e algumas mulheres também que carregaram um tronco de vinte e um metros e meio durante todo aquele percurso, mesmo depois de exaustos ficaram ali, rogando, agradecendo e fazendo preces.
Aquilo para mim é emocionante e merece estudos que avalio já devam ter por aí. Alguns fiéis ainda ficaram na praça, em frente à Igreja Matriz, conversando, mas a turma mais jovem foi para a Avenida Monsenhor Clóvis. Fazia tempo que depois da procissão do mastro eu não ia à Avenida. Não há mais controle sobre isso.
É fato que a procissão do mastro, diferente da procissão do dia 2, sempre foi mais agitada. Até pela forma como acontece e pelo tipo de evento, já que para aguentar o peso, quem carrega o mastro tem que sair correndo, para chegar logo, pagar sua penitência. Cavalos, ciclistas, motos, carroças e pedestres sempre acompanharam, mas agora se multiplicaram.
Antigamente já existiam as exibições normais na Avenida, dos rapazes e moçoilas nos cavalos. Até já desfilei também em época de jovem, mas para mim não foi uma experiência muito boa, por conta de que o cavalo que eu estava com um amigo disparou e ele não conseguiu dominá-lo. Resultado da ópera? Quase morro de uma queda lá de cima; fui salva pelo meu amigo Abel Uchôa, que estava em outro cavalo e parou o danado que ia me matar, me salvando de morrer esbagaçada na Avenida.
Mas nos dias de hoje, além de muito som alto, de carros variados, tendas com músicas eletrônicas em volume exagerado, com músicas de gosto duvidoso, misturados a muita cachaça, pessoas se exibem seminuas, depois de ingerir muita bebida alcoólica; o grau de permissividade é superlativo à época em que vivi em União.
As festas mudaram muito por lá no dia da procissão do mastro. Não sei se é necessário tudo aquilo, achei a festa paralela muito desproporcional, posso até estar exagerando ou ficando velha mesmo, mas seria bom que houvesse mais controle sobre o evento.
Mas mudando de assunto e apesar de tudo, Viva Santa Maria Madalena, que é a estrela principal dessa história toda e merece todo o nosso respeito.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
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