segunda-feira, 1 de junho de 2015

Equipe do Maceió Rugby de Alagoas precisa de patrocínio

Apesar das dificuldades, time faz trabalho social

 com alunos de escola pública de Maceió


Olívia de Cássia - Repórter
Jovens de vários bairros da capital alagoana da equipe do Maceió Rugby praticam o esporte há nove anos, treinam três dias da semana na quadra de esporte em frente ao Hotel Enseada, na Pajuçara, mas ainda não têm patrocínio do poder público. 
O apoio que o time precisa, por meio de recursos estaduais e do município ainda não foi possível, porque a equipe não tem o CNPJ para que possa ter patrocínio nas competições, mas os participantes esperam que tão logo a documentação fique pronta, venham os apoios necessários.
Jovens de vários bairros da capital alagoana da equipe do Maceió Rugby praticam o esporte há nove anos - Fotos: Paulo Tourinho
Quando a turma precisa viajar, faz vaquinhas ou pedágio nos sinais de trânsito da capital alagoana e cada viagem para fora do Estado implica em custo elevado e se torna quase inviável sem patrocínios fixos, apenas com os apoios esporádicos recursos dos próprios jogadores e pequenos outros incentivos de colaboradores.   

Apesar disso, os atletas do Maceió Rugby desenvolvem trabalho de responsabilidade social com alunos da Escola Campos Teixeira, do bairro da Ponta da Terra e dão treino pelo Projeto Escola para crianças e adolescentes carentes.
Os alunos recebem lições de disciplina e boa conduta, além do esporte e o raciocínio lógico. “Eles aprendem o rugby tag, para sair desse mundão que é meio perdido e para participar o aluno tem que ter boas notas e frequência na escola”, explica André de Souza, pilar direito do time.
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André de Souza observa que os alunos que estudam de manhã praticam o esporte à tarde e vice-versa. “O rugby exige disciplina: o respeito dentro e fora do campo e se o aluno faltar aula, não participa; se falta às aulas com frequência será cortado do esporte. É uma coisa boa para eles e para a gente também”, explica.
O rugby é uma disputa de território e que ajuda o atleta a pensar rápido
O pilar direito acrescenta que é tradição no rugby a confraternização, um chamado terceiro tempo, quando são finalizadas as partidas e os atletas vão se confraternizar. “A disputa, a rivalidade é só no campo, quando sai existe aquela amizade, é isso que esse esporte traz: é o que gosto nele, os meninos saírem de suas casas para praticar o esporte e ocupar a cabeça com algo positivo”, argumenta.

Pedro Ernesto, treinador do time, trabalha com o esporte há quase quinze anos

Pedro Ernesto é paulista, formado em Publicidade e Propaganda e é o treinador do Maceió Rugby há um ano e meio; diz que trabalha com o esporte há quase quinze anos. “Comecei a jogar em São José dos Campos, uma cidade conhecida como a capital do rugby e a apitar os campeonatos da Federação Paulista e da Confederação Brasileira”, destaca.
Pedro  Ernesto argumenta que se tem apoio, grana, daria para participar de torneios em outros estados
Em Maceió, Pedro Ernesto conta que tem uma gráfica, se mudou por conta do trabalho da esposa. “Já existia um time que estava mal das pernas e tinha um treinador que foi embora para Arapiraca e fui convidado para assumir a vaga”, explica.
O treinador destaca o projeto da escola, apadrinhado pela equipe do Maceió Rugby, e observa que essas crianças precisam de um olhar especial. “A gente vai criando apego; o impedimento é financeiro. Eu dou treino no colégio, posso ir porque não tenho emprego, tenho minha empresa, trabalho em casa e há disponibilidade”, pontua.
Pedro  argumenta que se tem apoio, grana, daria para participar de torneios em outros estados. “A escola ajuda, abre a quadra, o horário, mas não tem como colocar na receita, não pode tirar, a única dificuldade é essa, mas não tem recompensa melhor do que um abraço”, observa.  
Atleta da equipe feminina destaca que o esporte melhora o condicionamento físico
Natália Momberg é atleta da equipe feminina do Maceió Rugby e disse que na última etapa de João Pessoa a equipe participou com 16 meninas. “Eu entrei no time tem pouco tempo, vai fazer seis meses; existe uma rotatividade na equipe feminina, mas aqui temos um time mais consolidado: tem aparecido meninas novatas querendo participar”, explica.
Natália Momberg é atleta da equipe feminina do Maceió Rugby e disse que na última etapa de João Pessoa a equipe participou com 16 meninas
Segundo a atleta, o rugby melhora o condicionamento físico: “Para mim me deixou muito mais ativa do que quando eu não estava praticando esporte; fortalece os músculos, é preciso ter um treinamento baseado em força e o rugby tem essas vantagens”, pontua.
Segundo a atleta, o rugby melhora o condicionamento físico
“O time feminino só joga sevens, que é um jogo muito rápido e com muita corrida; a gente precisa ter treinamento de resistência para aguentar a corrida, segurar o tempo de jogo e de força. A gente tem momento de explosão dentro do jogo e tem que trabalhar muito resistência física e fortalecimento”, comenta.
Secretário jurídico fala de como tudo começou
Octávio Augusto Vieira é secretário jurídico do Maceió Rugby, número três e pilar esquerdo do time e conta que a turma mais antiga começou tentando jogar futebol americano: “Só que a bola que eles conseguiram foi uma bola de rugby, aí eles começaram a estudar sobre o esporte”, destaca.
Octávio Augusto Vieira é secretário jurídico do Maceió Rugby, número três e pilar esquerdo do time e conta que a turma mais antiga começou tentando jogar futebol americano
A reportagem do Primeiro Momento pesquisou que jogos com bola e contato físico são praticados pela sociedade humanas há milênios. “Os romanos, por exemplo, praticavam o harpastum, muito semelhante ao rugby moderno, no qual os atletas jogavam em equipes e buscavam levar uma bola à outra extremidade da quadra de jogo, empurrando os oponentes”.
Autores antigos como Ateneu, Galeno, Sidônio Apolinário e Júlio Polux relatam a prática contemporânea. Na Itália, na região de Florença, floresceu o Calcio, cujas regras foram formalizadas em 1580, segundo as quais duas equipes com 27 jogadores deveriam conduzir a bola até o outro lado do campo adversário, em dois tempos de 50 minutos, contando ainda com juízes de campo e de linha 
Os celtas, por sua vez, praticavam o Caid, ao qual se atribui grande influência sobre o rugby. Como afirma o historiador Hilário Franco Júnior, os jogos com bola são manifestações antropológicas, comuns a diversas sociedades humanas ao longo dos séculos.
Se o atleta sofrer um jogada desleal, ele destaca que é comunicado ao capitão e ele vai organizar a situação
Octávio Augusto destaca que rugby é uma disputa de território e que ajuda o atleta a pensar rápido. Uma partida desse jogo tem duas partes de quarenta minutos. E o objetivo é fazer maior número de pontos. Cada time no rugby tem 15 jogadores titulares e seis reservas.
“Nasceu antes do futebol americano, por volta de 1836, na Inglaterra, numa partida de futebol, na cidade de mesmo nome e reza a lenda que grupo de universitários estava treinando, um jogador pegou a bola e saiu com a bola na mão disputando o campo e daí nasceu essa disputa”, explica. 
Octávio argumenta também que o rugby é um jogo muito honesto, que impõe respeito, com tratamento polido entre os atletas
Ele ressalta que são 50 linhas, 50 metros e elas vão se dividindo em linhas de 20 e de dez até o tray (gol); essa linha na barra, que a gente chama de agá; o futebol americano usa o ypsilon. “O objetivo é a bola iniciar a marcação e impedimento; a bola é como se fosse uma bandeira, ela vai ganhando territórios”,  ensina.
Segundo Octávio, quanto mais o time vai ganhando territórios, até o ponto de o atleta chegar ao território do adversário, que é o tray, uma linha do in gol, de cinco metros atrás que vai da barra do agá “e temos que colocar a bola nesse espaço, ela cobre toda a lateral do campo e tenho cinco metros para  conseguir colocar a bola ali dentro, eu marco um ponto, equivalente a um gol, que no rugby tem uma coisa parecida que os americanos fazem, que aqui a gente chama de conversão”, destaca.
O atleta comenta ainda que “o rugby tem uma trombada, um contato mais programado, uma coisa mais técnica, um  jogo completamente corrido
O secretário do time pontua ainda que a conversão, “quando o atleta chuva a bola da mesma linha onde eu a coloquei no chão e esse chute me converte mais três pontos, então o total eu consigo cinco pontos. O rugby é um jogo mais corrido, mais dinâmico. Se fosse para diferenciar eu diria que o FA é um pouco mais estratégico, tem muitas pausas”, pontua.
O atleta comenta ainda que “o rugby tem uma trombada, um contato mais programado, uma coisa mais técnica, um  jogo completamente corrido: tem dois tipos de jogo; o bola viva e o bola morta. O jogo do tipo bola morta é quando eu cometo um penal; paro o jogo e vou dar oportunidade de os times estarem iguais”, observa.
Octávio argumenta também que o rugby é um jogo muito honesto, que impõe respeito, com tratamento polido entre os atletas. “Ninguém fala com árbitro que não seja com a referência de meu capitão e todas as reclamações são para ele”.

Diferente do que se pensa, o secretário jurídico do time comenta que o que menos se usa no rugby é a força
Se o atleta sofrer um jogada desleal, ele destaca que é comunicado ao capitão e ele vai organizar a situação: “O rugby é um jogo de cavalheiros; o atleta tem que estar presente na jogada, você tem que estar atento porque a qualquer momento pode  ter um impacto e é um jogo que ‘abusa’ da capacidade física e mental. O atleta tem que aproveitar as regras, o rugby não é um jogo de força”, explica.
Diferente do que se pensa, o secretário jurídico do time comenta que o que menos se usa no rugby é a força. “É um jogo de pensamento rápido e não se joga pra frente: a jogada é para trás, é um jogo fiel à regra. Eu gosto desse método regrado, porque eu não consigo, por exemplo, roubar uma bola e jogar para frente. Eu tenho que conquistar o meu time, galgo cada metro; impõe muita disciplina”, reforça.

Mais fotos do treino  da equipe Maceió Rugby

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