Promovida pela Associação
Hemerson Casado Gama,
evento objetiva conscientizar
a sociedade alagoana
sobre o problema
Olívia de Cássia - Repórter
A Associação Hemerson Casado Gama realiza na manhã deste domingo, 21, a partir das 8h, na Avenida Silvio Viana, na Ponta Verde, em Maceió, a I Caminhada de Combate à ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). A doença afeta aproximadamente cinco de cada 100 mil pessoas em todo o mundo, segundo dados do Ministério da Saúde e o médico tem lutado, desde que descobriu o problema, por convênios que deem qualidade de vida aos portadores do problema.
A ELA é uma doença degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva, irreversível, de maneira limitante, sendo uma das mais temidas doenças conhecidas na atualidade.
A reportagem do portal Primeiro Momento foi até a casa do dr. Hemerson Casado Gama, 48, presidente-fundador da entidade, para entender mais sobre o problema e alguns meandros da doença, que há três anos o acomete. O médico observa que luta contra a ELA e para que os portadores do problema sejam tratados com dignidade.
Ele explica que o mês de junho foi escolhido para a conscientização mundial sobre a ELA, pois no nosso país a doença é muito pouco divulgada e muito centralizada no Sudeste, mais em São Paulo. “O pior inimigo que você pode enfrentar é desconhecê-lo”, observou.
O médico cardiologista, que praticava esportes e era atleta, destaca que quando adoeceu descobriu que a ELA é paralisante e tem 200 anos; existem muitos pacientes com o problema e responsabiliza esse grande número de pacientes ao pouco interesse dos laboratórios em desenvolverem pesquisas.
Hemerson Casado critica o governo pela falta de ação a respeito da doença e indaga: “O que adianta gastar bilhões com pesquisas e remédios, com uma doença para poucos? Desde que me tornei um militante da causa, descobri que no Brasil a doença é negligenciada, o governo não se responsabiliza pelos pacientes, o médico não sabe o que fazer”, reclama.
Ele destaca também que a Ciência não se interessa em pesquisar a ELA e que no Brasil é quase zero a importância que se dá. Um dos objetivos da caminhada de domingo é despertar a população alagoana para a causa.
“Abrimos uma associação e temos trabalhado com a parte educacional, seminários, fazendo um levantamento de dados para saber como a ELA está em Alagoas. Será uma caminhada alegre para quem tiver passando perceba essa luta”, destaca.
Segundo o Ministério da Saúde, a ELA é causada por um defeito genético, em cerca de 10% dos casos; nos demais, a causa é desconhecida; os neurônios se desgastam ou morrem e já não conseguem mais mandar mensagens aos músculos.
“Isso finalmente gera enfraquecimento dos músculos, contrações involuntárias e incapacidade de mover os braços, as pernas e o corpo. A doença piora lentamente. Quando os músculos do peito param de trabalhar, fica muito difícil respirar por conta própria”.
Causas ainda são pouco conhecidas
As causas da doença ainda são poucos conhecidas, mas podem estar relacionadas aos seguintes fatores: mutação genética; desequilíbrio químico. As pessoas com ELA têm, geralmente, níveis de glutamato mais elevados do que o normal.
“Essa substância é um mensageiro químico no cérebro, localizado em torno das células nervosas em seu fluido espinhal. O excesso de glutamato é conhecido por ser tóxico para algumas células nervosas”.
A ELA é uma doença autoimune. Às vezes, o sistema imunológico de uma pessoa começa a atacar algumas das próprias células saudáveis do corpo por engano, o que pode levar à morte de neurônios também.
Outra causa apontada é o mau uso de proteínas. Extraviadas proteínas no interior das células nervosas podem levar a uma acumulação gradual de formas anormais destas proteínas nas células, eventualmente, fazendo com que as células nervosas morram.
Segundo o médico, a incidência da doença é de um a dois por cem mil habitantes; “cerca de 12 mil pacientes e há incidência de dois mil novos casos por ano. A Ciência diz que 10% mutação genética e 90% é esporádica, mas eu fui médico e não pode haver um determinismo na medicina”.
Ele conta que era cirurgião na Santa Casa, quando descobriu o problema, parou os treinos, viajou muito e virou um militante da causa. Hemerson Casado destaca que o paciente portador de ELA precisa ter dignidade: cadeira de rodas boa, um computador que fala e infraestrutura disponível.
“No Canadá o paciente tem direito a home care, no Brasil, alguns planos e o Sistema Único de Saúde (SUS), o governo, não gostam de doença como a ELA, porque exige uma coisa chamada custo de tratamento”, pontua.
Segundo o médico, o dinheiro que é gasto com o paciente portador de ELA “eles podem tratar doenças curáveis; isso não é aprovado”. Hemerson Casado não para sua luta em busca de um tratamento digno para pessoas portadoras do problema e conta que tem viajado muito, batido na porta de ministérios para alcançar seu objetivo e diz que os portadores de ELA precisam exigir do governo seus direitos, principalmente o de ir e vir.
http://www.1momento.com.br/noticias/saude/i-caminhada-de-combate-a-ela-acontece-neste-domingo-21
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