Samba, reggae, maracatu
e outros sons da cultura alagoana
agregam valores e contribuem
com diversos pontos
de cultura no Estado
Olívia de Cássia - Repórter
A Orquestra de Tambores de Alagoas atualmente está em estúdio gravando o seu segundo CD, "Coisa e Mestres". Segundo o percussionista Wilson Santos, a ideia inicial é fazer uma releitura das músicas de alguns dos folguedos, a partir das vivências do grupo, agregando elementos rítmicos e sonoros das tradições alagoanas, as batidas re-significadas da cultura afro-brasileira e os sons eletrônicos da contemporaneidade.
A partir desse encontro, a Orquestra objetiva estabelecer um diálogo produtivo entre o passado recente, o presente e o futuro, segundo observa Wilson Santos. “O Coisas e Mestres, acima de tudo, é uma homenagem aos mestres e mestras da cultura popular alagoana e uma forma de tentar de algum modo difundir as práticas que contribuirão para o desenvolvimento sociocultural de nosso Estado”, destaca.
O músico conta que a Orquestra de Tambores ainda serve de inspiração para artistas no Brasil e contará com algumas surpresas e participações de alagoanos: “O Coisas e Mestres está sendo gravado no Estúdio do Sesc/Centro e espera contar com o apoio da Secretaria de Cultura (Secult/AL) e da Fundação Cultura de Maceió (Fmac)”, argumenta.
Wilson Santos diz ainda que para fortalecer a caminhada do grupo “nos pautamos e fazemos nossas a frase do escritor russo Leon Tolstói quando diz: "Canta a tua aldeia e serás universal”.
Criação
A Orquestra de Tambores de Alagoas foi criada em março de 2004, por iniciativa de um grupo de percussionistas e ritmistas dos bairros da zona sul da Maceió e começou suas atividades de maneira bastante informal com encontros aos domingos à tarde no quintal da casa do percussionista Wilson Santos.
“A princípio a ideia era apenas tocar tambor, praticar e com base nos ritmos afro e folclóricos alagoanos, criar repertoria de estudos pois a maioria desses percussionista não dispunham de outro espaço para expressar sua musicalidade a não ser nos terreiros da capital”, explica.
Os encontros do grupo começaram com quatro percussionistas e em três finais de semanas já contava com a presença de onze, o que, segundo Wilson Santos, impossibilitava a permanência dos encontros no quintal da sua casa, pois a batucada, a cada dia, tomava mais volume.
“Sendo assim, buscamos o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, na pessoa do então secretário Edberto Ticianeli, no que fomos atendidos, na disponibilização de uma sala no Cenarte, para a realização de nossos encontros”, ressalta.
Os instrumentos de percussão utilizados pela Orquestra de Tambores naquele momento eram todos confeccionados por Wilson Santos, com material alternativo como tronco de coqueiro, bambu, cabaças, e madeira de demolição, mesmo não tendo a pretensão de tocar profissionalmente, segundo o percussionista. Em 2004, a Orquestra aceitou o convite da família de Gustavo Leite para tocar em sua homenagem no 1º Prêmio Gustavo Leite, que aconteceu no Museu Théo Brandão.
Grupo iniciou rotina de ensaios e apresentações e se estruturou a partir de oficinas
A OTA, a partir da apresentação no Museu Théo Brandão, recebeu outros convites e o grupo iniciou uma rotina de ensaios e apresentações. “Dessa forma sentimos a necessidade de estruturar o grupo a partir de oficinas de confecção de instrumentos e aulas sistemáticas de ritmos, além da aquisição de instrumentos”, assentiu Wilson Santos.
Com isso ele destaca que enviou projeto para o Programa BNB Cultura, “e podemos então de alguma forma profissionalizar os participantes do grupo”, destaca. A Orquestra de Tambores de Alagoas ao longo de seus onze anos de existência tocou em festivais e eventos diversos nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Brasília e São Paulo, num total de aproximadamente 40 cidades.
“Uma característica importante dessas andanças do grupo tem sido o acesso à formação pois na maioria das cidades onde são realizadas as apresentações musicais o grupo também ministra oficinas de ritmos ou de confecção de instrumentos de percussão artesanais”, disse ele.
Em Alagoas, a Orquestra de Tambores tem contribuído com diversos Pontos de Cultura em que seus integrantes ministram oficinas de formação na área de confecção de instrumentos e aulas de instrumentos percussivos.
Além da criação de incentivar e acompanhar a criação de novos grupos percussivos, a Orquestra de Tambores, desde seu início, tem como um dos objetivos a formação de multiplicadores de suas ações: “Sendo assim a maioria de seus percussionistas são também instrutores que repassam o conhecimento e as práticas para outros grupos, jovens, estudantes, e comunidade em geral”, comenta.
Recentemente, o grupo percorreu o Nordeste, por intermédio do Projeto Tamborandar, patrocínio Correios e teve a oportunidade de tocar em 19 cidades da Bahia ao Maranhão. Wilson Santos acrescenta que o grupo também é membro fundador do Núcleo Temático de Percussão Popular e Erudita da Ufal (NUP/Ufal), onde Wilson Santos também ministra aulas de ritmos popular brasileiros e coordena as demais oficinas.
Pontos de Cultura
Em 2014, a Orquestra de Tambores foi selecionadas como Ponto de Cultura em edital da Secult-AL/MinC. “Vamos oferecer este ano oficinas nas áreas de dança afro, fotografia e, ritmos brasileiros e confecção de instrumentos para aproximadamente 80 alunos da zona sul de Maceió”, explica.
Outro projeto em execução na Orquestra de Tambores tem sido a formação continuada de seus arte-educadores e um dos assuntos mais recorrentes durante os encontros do grupo tem sido o ingresso de seus percussionistas no sistema de ensino superior.
“Desse modo a Universidade Federal de Alagoas atualmente é uma meta bem clara nos caminhos da OTA que tem a intenção de capacitar ao máximo seus integrantes para assim poder oferecer cada vez mais qualidade nas ações formativas para o publico de base”, descreve.
Trabalhos
Em 2008, a Orquestra de Tambores gravou o primeiro CD, intitulado "Bantos e Caetés, que teve como base as vivências e percepções do grupo, “além da contribuição individual de cada um. O trabalho contou com a participação especial do percussionista Naná Vasconcelos na faixa de nº 13 e foi lançado em 2010 pela gravadora Britanica Far Out Recordings, http://www.faroutrecordings.com
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