Ligações mentirosas são os
principais entraves para
desempenho dos profissionais
Olívia de Cássia - Repórter
Os trotes são o maior empecilho para o desenvolvimento do trabalho dos servidores do Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, reconhecidamente um serviço de importante utilidade pública em Alagoas e no Brasil. Segundo a assessoria da instituição, os trotes chegam a cerca de 75% das ligações recebidas. Sete por cento são de ligações indevidas (que não tem pertinência ao serviço).
“O Samu realiza um trabalho muito sério e cada segundo pode fazer diferença na vida de uma pessoa. Um chamado indevido prejudica o atendimento da equipe, que deixa de atender um caso real”, afirma o gerente do Samu Maceió, Lucas Casado.
Ele acrescenta que o número de trotes é muito alto e que as crianças são as principais responsáveis pelas ligações. Dados catalogados pela entidade indicam que somente em janeiro foram 45.539 trotes. O número absurdo de ligações mentirosas vai se repetindo ao mês até maio.
Segundo Lucas Casado, quando alguém passa um trote está colocando em risco a vida de muita gente, inclusive da própria família, porque um parente pode estar precisando, naquele momento em que a ambulância foi deslocada para uma ocorrência inexistente.
“Quem faz trote para os números de emergência está cometendo um crime. A pena é de um a três anos de reclusão, além de multa, conforme o artigo 266 do Código Penal Brasileiro (CPB)”, observa.
O Serviço
O Samu funciona 24 horas por dia, com várias equipes de profissionais: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, condutores socorristas e os técnicos auxiliares de regulação médica (TARMS) e pessoal de apoio. O Samu atende às urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstetrícia, psiquiátrica, entre outros.
Os anjos do asfalto, como são chamados os socorristas do Samu, desempenham atividades de fundamental importância para as comunidades. “É um serviço pré-hospitalar e realiza o atendimento de urgência e emergência em qualquer lugar”, destaca.
Para ser atendido pelos socorristas é só ligar 192 e será atendido em residências, locais de trabalho e vias públicas. “Desde que assumi a coordenação, em 20 de fevereiro de 2013, tenho procurado parcerias para melhorar ainda mais o serviço”, disse Lucas Casado.
Condutor-socorrista diz que falta educação da população dificulta passagem
Adriano Macena da Silva é condutor socorrista, técnico de enfermagem e motosocorrista e diz que na situação de rua a dificuldade que encontra para executar seu trabalho a contento, nesse tempo todo de Samu, é a falta de educação da população.
“As pessoas ainda não conseguiram facilitar a passagem da ambulância; a gente tem que se desdobrar, com todos os cuidados para não causar outro acidente a terceiros e até pra gente, se resguardando”, observa.
Outra questão que está se trabalhando muito, segundo ele, é a distribuição com outro ponto de apoio que são as motolâncias, para agilizar o atendimento e o socorrista chegar ao local do acidente o mais rápido possível, estabilizar a vítima, até que chegue a ambulância.
“Hoje em dia o trânsito está caótico e termina prejudicando a chegada do socorro. Ontem mesmo, por coincidência, teve um atropelamento no aeroporto e a gente na ronda da moto, já estava no Tabuleiro e facilitou a chegada ao local; infelizmente era um idoso e veio a falecer”, destaca.
Adriano Macena da Silva observa ainda que devido ao dia a dia, a população que está no local das ocorrências, tem a impressão que é uma eternidade a chegada do socorro: “Para quem visualizou o acidente, é demorado, mas para a gente que está em deslocamento, é o máximo que a gente está podendo fazer, com segurança e quando a gente está de moto e chega mais rápido, a população se surpreende”, pontua.
Segundo ele o trabalho nas motos tem facilitado muito o trabalho dos socorristas do Samu e muitos casos de atendimento clínico: “A gente chega ao local, mensura os sinais vitais e por telefone o médico vai orientando o que deve fazer até ele chegar ao local. É gratificante para a gente que gosta do serviço”, avalia.
Criação
O Samu foi criado em 14 de dezembro de 2003, no então governo Lula, por meio da Resolução 68 do Ministério da Saúde, com o objetivo de oferecer à população um atendimento de urgência e emergência com eficiência e eficácia.
No nosso Estado, está a cada 30 km existe uma Base Descentralizada (BD) do serviço. No início existiam apenas quatro viaturas; hoje, somente em Maceió, o Samu dispõe de sete ambulâncias do tipo Unidade de Suporte Básico (USB) e quatro Unidades de Suporte Avançado (USA UTI móvel), uma delas para o Serviço Neonatal (o serviço é pioneiro no país).
Segundo o gerente Lucas Casado, o Samu dispõe de uma Viatura de Transporte Rápido (VTR), que serve como suporte para os casos mais graves como apoio alternativo, além do Aeromédico (UTI Aérea), único do Norte/Nordeste que é mantido com recursos próprios do governo do Estado e as motolâncias.
Em Alagoas o Samu funciona com duas Centrais Regionais: uma em Maceió e outra em Arapiraca. As Bases Regionalizadas do Samu que são reguladas por Maceió são: União dos Palmares, Viçosa, São Miguel dos Campos, Porto Calvo, Coruripe, Joaquim Gomes, São Luiz do Quitunde, Maragogi, Teotônio Vilela, Rio Largo, Murici, Marechal Deodoro, Barra de Santo Antônio, Colônia de Leopoldina e São Miguel dos Milagres.
Já as Bases pertencentes à Central de Arapiraca são: Penedo, Ouro Branco, Delmiro Gouveia, Pão de Açúcar, Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios, Cacimbinhas, Maribondo, Porto Real do Colégio, Campo Alegre, Mata Grande, Girau do Ponciano, São Sebastião, São José da Tapera, Inhapi, Piranhas, Olho D´Água do Casado, Batalha e Traipu.
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