Olívia de Cássia –
jornalista
O Brasil vive ainda um
clima de disputa eleitoral, apesar de já estarmos no meio do ano e a eleição ter
acontecido em outubro do ano passado. Todos já entenderam que nem sempre o jogo
da política é um jogo limpo; na maioria das vezes a disputa se transforma em
briga pessoal e as propostas vão ficando de lado, confundindo o eleitorado.
É o jogo pelo poder e
muitas vezes pelo dinheiro mesmo e tudo isso é muito perigoso. O ministro da
Educação, Janine Ribeiro, logo que assumiu a pasta deu uma entrevista onde
disse que o que acha muito ruim na política brasileira é que há uma discussão
que instrumentaliza a questão da corrupção para atacar aquele lado do qual se
discorda, mas que não quer no fundo o fim da corrupção.
“Quando a corrupção
favorece a pessoa que está reclamando, ela finge que não existe. E isso é um
sinal de uma imaturidade muito grande na discussão política”, disse ele. É o
que acontece nos dias atuais no Brasil.
Não concordo e nunca
concordei com a corrupção e defendo que tudo seja apurado, milimetricamente,
mas o que está acontecendo hoje em dia é que os perdedores das últimas eleições
esqueceram o que fizeram no passado, como se a corrupção desenfreada tivesse
nascido com o Partido dos Trabalhadores.
Não digo aqui que os
erros cometidos sejam justificáveis; isso eu não acho, mas os políticos da
oposição, em sua maioria conservadores, no Congresso Nacional, tentam passar
para o povo uma falsa teoria. É bom que procuremos ler e conhecer os fatos da
história recente do País, para não sair por aí dizendo asneiras. Muita gente o
faz de caso pensado.
Venho de um tempo de
disputas políticas e pessoais acirradas em União dos Palmares. Na década de 70,
na Terra da Liberdade, já tinha briga política dos dois lados. Muita gente
brigou, se engalfinhou e ficou intrigado por causa da política palmarina; aí eu
pergunto: valeu a pena?
Era uma época de ditadura
militar em que haviam apenas dois partidos políticos: a Arena (formada pelos
conservadores e defensores do regime) e o MDB (que era uma frente partidária,
onde oposicionistas de todos os calibres e pensamentos se aglomeravam).
Desde menina acompanho
essas contendas e hoje sei que não valem a pena. Meu pai era um homem
apaixonado por eleição e fã número um do seu primo-político Afrânio Vergetti de
Siqueira e herdei de seu João esse lado também.
Aprendi com meu pai que o
voto da gente é uma arma sagrada e que ninguém tem o direito de comprá-lo.
Votar é um exercício de cidadania e não devemos transformar o nosso voto em
mercadoria barata.
Muita gente critica os
políticos corruptos do Congresso Nacional, das Assembleias e das Câmaras de
Vereadores, mas quem os coloca nesses locais é o povo e lá a representatividade
tem a cara da sociedade. Não adianta reclamar, depois do leite derramado.
Fui crescendo aprendendo
isso e quando cheguei à faculdade me integrei logo às pessoas de pensamento mais
à esquerda, simpatizei logo com eles e entendi naquela época que eu não era tão
errada, por pensar tão diferente da maioria dos meus amigos de infância.
Mas depois de presenciar tanta
coisa hilária na política, alianças sem princípios e coisas estranhas àquilo
que pregávamos quando lutávamos na rua em passeatas por uma sociedade melhor e
mais justa, e também por causa do problema de saúde, fui me afastando das
brigas e contendas e hoje prefiro ficar mais na observação e análise de caso,
mas não fujo à luta.
Não deixarei de defender
meus princípios de defesa pelos direitos humanos, contra os preconceitos
raciais e sociais, a favor dos direitos das mulheres, das crianças, dos negros,
dos índios e dos injustiçados e sem demagogia vou votar sempre naqueles
candidatos que defendem princípios parecidos com os meus, independente de onde
estejam.
As denúncias de corrupção
na política brasileira são graves e devem ser apuradas, sim, mas nem sempre o
que o que é publicado na mídia é de real valor e devemos observar o que vai por
trás das entrelinhas de quem está denunciando. Que interesses têm por trás de
tudo isso. Vale a reflexão.
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