segunda-feira, 25 de maio de 2015

Alunos de universidade de Baylor, no Texas, nos EUA, ensinam novas técnicas do futebol americano em Alagoas

Esporte está crescendo no Brasil e Maceió Marechais consolida-se no cenário nacional


Olívia de Cássia - Repórter 
Ensinar novas técnicas e estratégias para os jogadores do futebol americano Maceió Marechais, é o que uma equipe de atletas da Universidade de Baylor, no Texas, está fazendo em Alagoas, trazida pela Igreja Batista do bairro do Trapiche. Eles estavam treinando na tarde de sábado, 23, no Parque da Pecuária, em Maceió, quando a reportagem do portal Primeiro Momento foi conhecer a modalidade, ainda nova para alguns alagoanos, apesar de já existir há alguns anos no Estado.
O nome do time foi escolhido em homenagem aos Marechais, Ernesto da Fonseca e Floriano Peixoto, alagoanos e primeiro e segundo presidentes do Brasil, respectivamente - Fotos: Paulo Tourinho
Os americanos fazem parte de um projeto social que a Igreja Batista apoia e por meio da ação, o coordenador incluiu a equipe alagoana para ser contemplada com o  recebimento das instruções. São movimentos sincronizados que obedecem a regras rígidas que têm que ser exaustivamente ensaiadas.
Os americanos fazem parte de um projeto social que a Igreja Batista apoia e por meio da ação, o coordenador incluiu a equipe alagoana para ser contemplada
Deivid  Carneiro, coordenador defensivo e um dos fundadores do futebol americano no Estado, disse que ao todo a equipe Maceió Marechais tem atualmente 42 atletas e que essa modalidade esportiva não tem uma técnica específica: “Temos posições para várias pessoas; se você é gordo; magro;  ou rápido, idem. É um jogo bem democrático”, observa.
Deivid Carneiro, coordenador defensivo e um dos fundadores do futebol americano no Estado
O coordenador conta que quando foram informados sobre a existência da equipe no Estado, os americanos ficaram empolgados e resolveram passar a experiência para os alagoanos. “O Maceió Marechais nasceu da fusão de três times de futebol americano em Alagoas: o Maceió Crabs; Black Rats e os Vikings”, observa.
O nome do time foi escolhido em homenagem aos Marechais, Ernesto da Fonseca e Floriano Peixoto, alagoanos e primeiro e segundo presidentes do Brasil, respectivamente. No futebol americano, cada equipe é formada por 11 jogadores e o número de substituições numa partida é ilimitado.
A partida do FA tem a duração de 60 minutos, e dividida em duas metades separadas por um intervalo
A partida do FA tem a duração de 60 minutos, e dividida em duas metades separadas por um intervalo. O atleta já tem que ter na cabeça todos os nomes das jogadas, que são chamadas pelo lançador. Além da boa ovalada, o traje de cada jogador é o capacete, uma ombreira que protege a estrutura do tronco, uma coquilha, para proteger as partes íntimas, chuteira, protetor bucal, uma calça específica que tem uma proteção na coxa.
O material ainda é muito caro, tudo importado dos Estados Unidos, mas já tem empresa do Brasil que já produz com qualidade, segundo a reportagem apurou. A bola de futebol americano é diferente da nossa:  é um equipamento desportivo oval, que tem uma costura tipo um cadarço no meio e lembra uma embalagem de confeito.
A bola de futebol americano é diferente da nossa: é um equipamento desportivo oval, que tem uma costura tipo um cadarço no meio e lembra uma embalagem de confeito.
A medida padrão no futebol americano são as jardas (equivalente a 91 centímetros):  53 jardas de largura por 100 jardas de comprimento. Nas extremidades do campo ficam localizadas as endzones. A endzone é a área onde se pontua, que é o objetivo do time que está com a bola.
 “Vamos imaginar um jogo de xadrez, em que onze pessoas ficam de um lado e a mesma quantidade do outro. Os homens que estão com a bola vão planejar uma jogada para conseguir as metas, o outro lado, que é a defesa, tem que se projetar para não deixar o ataque dominar”, destaca. Enquanto a equipe entrevistava Deivid Carneiro, os americanos passavam as instruções para a equipe do Maceió Marechais, em inglês, com o auxílio de um tradutor.
Enquanto a equipe entrevistava Deivid Carneiro, os americanos passavam as instruções para a equipe do Maceió Marechais, em inglês, com o auxílio de um tradutor
O atleta de futebol americano já tem que ter na cabeça todos os nomes das jogadas, que são chamadas pelo lançador.
Jogadas de curta duração e objetivo de extravasar o estresse do dia a dia
Alberto Madeiro é o presidente do Maceió Marechais e disse que está há dois anos à frente do time.  “A gente disputa competições e tem o objetivo de extravasar o estresse do dia a dia, levando  tudo muito a sério. Todo ano a gente participa de disputas no Nordeste e em vários estados”, observa.
Alberto Madeiro é o presidente do Maceió Marechais e disse que está há dois anos à frente do time.
O presidente da equipe destaca que um jogo de futebol americano consiste de uma série de jogadas de curta duração entre as quais a bola não está em jogo. “São permitidas substituições entre as jogadas, o que abre as portas a bastante especialização, uma vez que os treinadores põem em campo os jogadores que pensam servir melhor para a situação específica seguinte”, pontua.
Alberto Madeiro  explica que o jogo é muito tático e estratégico. “Com 22 jogadores dentro de campo ao mesmo tempo (11 por equipe), cada um tem uma tarefa atribuída para a jogada seguinte, as estratégias são complexas”.
Alberto Madeiro explica que o jogo é muito tático e estratégico

Objetivo do Jogo

O objetivo do jogo é somar mais pontos que seu adversário. A principal jogada é entrar na área ao fundo do campo adversário (endzone) com a posse da bola (touchdown), ganhando seis pontos e direito a pontapé livre a gol por mais um ponto extra, ou mesmo dois pontos extras. Se os jogadores tentarem, ao invés de um pontapé livre ao gol, um passe ou uma corrida para a endzone novamente.
O objetivo do jogo é somar mais pontos que seu adversário.
Segundo ele, ou ainda em uma situação onde um jogador com posse de bola é derrubado, em sua própria "endzone", por um adversário. “Tal situação confere dois pontos à equipe do jogador que o derrubou. É a única situação onde um time sem a posse de bola pode pontuar. É a situação análoga ao gol contra do futebol”, destaca.
O futebol americano é diferente do rugby ou rúgbi (português brasileiro), que é um esporte coletivo de intenso contato físico que também falaremos em outra matéria. Rodolfo Cezarino Soares, coordenador ofensivo, explica que a diferença entre as duas modalidades é que o rúgbi é um esporte olímpico e o futebol americano não foi aceito ainda, vai tentar daqui a dois anos de novo, porque estaria majoritariamente sendo praticado nos Estados Unidos e tem que ser um esporte difundido no mundo.
Rodolfo Cezarino Soares, coordenador ofensivo, explica que a diferença entre as duas modalidades é que o rúgbi é um esporte olímpico e o futebol americano não foi aceito ainda
“O futebol americano derivou do rúgbi e diz a lenda que surgiu junto com o futebol, quando um cara pegou uma bola com a mão e outro chutou e na mesma hora nasceram dois jogos. Os dois são estratégicos: um tem mais parada para pensar o que vai fazer, o futebol americano tem sempre aquelas reuniões para determinar a jogada e no rúgbi não tem essas paradas, ele não para, só tem o tempo de intervalo, vai indo na habilidade; um é mais cabeça, o outro é muito mais preparo físico”, pontua.
Mulheres vão aos poucos aderindo ao esporte
As mulheres foram se juntando aos poucos e gostando do esporte e aprenderam a teoria na prática: amigas e namoradas dos jogadores do futebol americano, que se interessaram pela modalidade e eles ajudaram a montar uma equipe feminina.
Joana Lessa de Moura Tenório pratica o esporte há cerca de dois anos e meio e destaca que existe um pouco de dificuldade para encontrar meninas: “Por ser um esporte de fora; diferente; novo;, dito violento, e na realidade, quando você começa a praticar, você sabe que tem força, pois é um esporte coletivo de contanto físico, mas é muito mais o cérebro do que força. Eu já vi uma menina de 50 quilos derrubando uma de 90”, conta.
Joana Lessa de Moura Tenório pratica o esporte há cerca de dois anos e meio e destaca que existe um pouco de dificuldade para encontrar meninas
O time feminino alagoano de futebol americano é o Maceió Harpias. A atleta explica que o time feminino oscila mais que o masculino e que a equipe já teve 20 meninas, mas atualmente está com 14 e basicamente para os treinos só aparecem seis. As jogadoras seguem as regras do play book, programa onde constam as regas para o esporte.
A atleta explica que o time feminino oscila mais que o masculino e que a equipe já teve 20 meninas, mas atualmente está com 14 e basicamente para os treinos só aparecem seis
“Da mesma forma que a gente não tem um time completo, a gente treina aqui e o time que tem em Aracaju nos convidou para participar do torneio feminino; e aí tem quatro atletas da gente que está indo para lá, para trinar uma vez por mês”, pontua.
O time feminino ainda não participou de nenhum torneio, por não ter meninas  suficiente para a partida. “Já jogo que fizemos nove contra nove, por não ter número suficiente, contra o Aracaju Alfas, eles ganharam e nós não conseguimos acompanhar, mas o nosso objetivo é aumentar o número de meninas participantes e divulgar mais o esporte, pois o brasileiro não está acostumado”, argumenta.
Joana Tenório observa ainda que a partida acontece muito rápido. “Tudo ocorre muito rápido, é um jogo de ganhar território. A tática é a gente ter um raciocínio muito rápido para poder jogar. Colocar aquela jogada que eles estão planejando dentro daquela posição da defesa e assim conseguir o espaço territorial para poder conseguir até chegar ao final do campo, onde a gente marca a pontuação (seis pontos)”, explica.
Joana Tenório observa ainda que a partida acontece muito rápido. “Tudo ocorre muito rápido, é um jogo de ganhar território
Ela destaca que o ataque vai ter quatro oportunidades para ganhar dez jardas. “O jogo consiste de uma série de jogadas de curta duração. São permitidas substituições entre a partida, o que abre as portas a bastante especialização, uma vez que os treinadores põem em campo os jogadores que pensam servir melhor para a situação específica seguinte”, comenta.
Segundo  a atleta, durante o jogo, as equipes mudam de campo no fim do primeiro e do terceiro quartos. As prorrogações obedecem ao método de morte súbita, o que significa que a equipe que pontuar primeiro, seja de que forma for, ganha.

Trabalho Social

Os americanos permanecem em Alagoas por um período de oito dias, tempo em que vão aplicar oficina de modalidades esportivas como futebol americano e feminino, basquetebol e tênis a 150 crianças e 100 adolescentes do projeto Ação Trapiche, mantido pelo pastor Jonsson Tadeu, e do Estádio Vivo, promovido pelo Estado de Alagoas. (Veja vídeo do treino do Maceió Marechais & Baylor Football)

Nenhum comentário:

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...