segunda-feira, 18 de abril de 2011
O pensamento vai longe ...
Olívia de Cássia – jornalista
O pensamento leva a gente a fazer muitas viagens e também a cometer loucuras, às vezes. É em pensamento que eu posso desejar que o impossível ou o ’quase impossível’ aconteça na minha vida. Quando as coisas já não dependem de nós e da nossa vontade, só nos resta apelar para a criatividade da nossa imaginação ou então para as orações aos santos protetores, é o jeito.
Mas se determinada situação dependesse dos meus sonhos e orações, hoje talvez eu pudesse afirmar que seria uma pessoa feliz, realizada e cheia de vitalidade. A gente não domina o pensamento e quando menos esperamos, já estamos de novo viajando...
Todos nós cometemos erros na vida, mas essas falhas que a gente comete vão fazendo com que aprendamos, nos servem de lição para ocasiões futuras. Às vezes a gente nem amadurece e nem aprende, mas é preciso que saibamos reconhecer os erros dos outros e perdoá-los também.
Eu gostaria e seria muito feliz se tivesse sido perdoada pelas faltas que cometi no passado, para me redimir diante da vida. Sinto que não fui perdoada ainda, por quem eu gostaria que fosse e é isso que me incomoda; sempre que há oportunidade eu sou alertada do erro que cometi.
É difícil sufocar um sentimento. Dá vontade de gritar para si, para o mundo e para quem foi magoado: ‘ Me perdoa pelo engano, pela falha que eu cometi’. Em pensamentos a gente pode tornar uma situação mais suave ou mais séria, dependendo do nosso estado de espírito.
Às vezes nós damos ouvido demais ao que os outros dizem, às fofocas. Nós nos influenciamos e nos enredamos de tal forma nos boatos, que esquecemos de praticar o diálogo com a outra pessoa envolvida e destruímos a nossa convivência por falta de um diálogo mais sincero; as consequências vêm logo em seguida.
Passei o fim de semana pensando na minha vida pessoal, profissional, na minha saúde e em outros detalhes mais. Talvez eu pudesse ter evitado a metade da tempestade que se abateu sobre ela e pudesse ter contornado para que tudo tivesse sido apenas uma chuva forte seguida de uma calmaria, ao invés do tsunami que foi.
Mas isso tudo são águas do passado, pensamentos que me ocorrem na falta de ocupação de um fim de noite de Domingo de Ramos tão diferente de tempos atrás. Antigamente essa época do ano era seguida de muitas orações. Meus pais seguiam à risca todos os ritos da igreja, acho que foram mais felizes que eu.
Eu nem soube o que foi religiosidade nesse fim de semana. Talvez esteja me faltando um pouco disso, embora eu não esqueça as minhas orações diárias, mesmo que ao meu modo de fazê-lo. A gente se dispersa tanto diante da roda viva da vida que acaba se distanciando das obrigações da religião.
Tem gente que tem o dom da palavra, mesmo que não tenha estudado bastante para isso. Uma simples frase dita, tem a capacidade de revelar todo sentimento de revolta interior, de visão de mundo, de poder ou de fazer com que você se sinta mais culpada ou mais consciente de seu engano.
Por que acontecem tantos desencontros na vida? Descaminhos esses que poderiam ter sido evitados. Eu estou tão confusa, tão insegura e tão frágil, que todos esses pensamentos estão me levando a ter uma culpa maior do que aquela que por acaso eu tive. De vítima de uma situação já estou até me sentindo a vilã da história.
Pensamentos e palavras que levam a me imaginar assim tão fora de foco, indefesa e sem decisão. A saudade doi. Doi tanto que chega a ser uma dor física. Saudade de um tempo que talvez eu não tenha sabido conduzir com mais maturidade.
O orgulho às vezes nos torna arrogantes e nos faz acreditar que somos os donos da verdade absoluta. Cada um tem a sua verdade. Todos aqueles conceitos que adquiri sobre verdade, feminismo, liberdade, coletividade x individualismo e o politicamente correto, avalio nesse instante de devaneios meus que não me serviram de muita coisa no momento em que mais precisei. Talvez eu esteja me contradizendo agora e nem sei mais o que digo nesse momento de solidão, de vazio e de saudade.
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