sábado, 16 de abril de 2011

Não sei ...

Olívia de Cássia – jornalista

Não sei porquê me impaciento e me angustio se eu tenho consciência de que não posso resolver todos os meus problemas e situações adversas. Às vezes me acho incompetente para isso. Dizem que para o que não tem remédio, remediado está. Sabedoria dos antigos que a gente deveria adotar sem sofrimentos. Parece frase feita, mas não é.

Impaciento-me por conta de algo que não vou conseguir alcançar de volta. É passado, passou. Nos séculos antigos ser romântico era uma qualidade. Muitos herois e heroínas sucumbiram por causa de questões amorosas e mal resolvidas.

O tempo voou, a moda do romantismo se foi, não sei se para o bem ou para o mal, mas para os sentimentos os modismos não contam. Vivemos atualmente numa sociedade de consumo, sexista, materialista, onde os sentimentos mais delicados são encarados como fraqueza.

Tem dias que me sinto fragilizada, de outro mundo, me acho incapacitada para a praticidade da vida, não acredito mais no amor, no entanto, quando me vêm esses pensamentos quiméricos, me ponho a pensar nesse sentimento exagerado meu que tanto já me fez sofrer.

Não quero voltar a pensar nisso de novo, não quero reviver tudo aquilo. Mas quem foi que disse que para a gente amar e ser feliz um dia tem que sofrer? Isso é teoria ultrapassada, não quero pensar mais nisso.

Eu quero é me libertar de vez desse sentimento. Não tem nada melhor do que a liberdade de ser livre. Mas o que fazer com a liberdade de ser livre, se às vezes não sei o que fazer com ela? São tantas as confusões da minha mente nesse instante de agora! Cadê a minha juventude? Cadê a minha vida?

Para desfrutar desse momento livre de escolha eu precisaria do frescor da juventude, da vitalidade que os anos já levaram. São apenas desabafos esses que escrevo agora. Desabafos que escrevo nas primeiras horas desse sábado, 16, sem sono, de muito calor e de impaciência. Não sei o que fazer.

‘Cada um sabe onde o calo mais aperta’. O meu me aperta na parte mais sensível do corpo: o bolso. E assim, nessas minhas digressões, eu vou formulando pensamentos. Vejo-me viajando, conhecendo paisagens, fotografando detalhes, me deliciando com aquele instante vivido. Instantâneos , profundos, inesquecíveis como as coisas boas que a gente vive e ficam para sempre na nossa memória.

Em outro momento daminha vida eu descrevi sentimentos, conceitos e beleza para quem nunca soube entender o que se passava na minha cabeça e no meu coraçãozinho amolecido, carente de afetividade. Revelei meus sentimentos mais profundos, inconfessáveis...

Foram tantas as minhas loucas verdades, insuficientes para amolecer uma atitude agressiva e de abandono. Não sei explicar nem para mim por qual motivo certas lembranças ainda me incomodam tanto.

Relembro a infância inocente, a adolescência complicada, de incertezas e rebeldias,muitas vezes sem causas, em União dos Palmares e uma juventude cheia de vontade de vencer, de crescer, de ser alguém, de aprendizado e de muita vivência.

Diante de todo esse sentimento, existem vidas que passaram por ele. Vidas que se foram, se perderam na roda viva da vida. Cada um de nós tem uma história, mais ou menos interessante que a do outro. Mas é vida latente.

Palavras que vão e que procuram descrever um sentimento de aflição, de necessidade espiritual e física, tão vivas que chegam a doer no fundo da minha alma carente, às vezes descrente, mais com o desejo de vencer os obstáculos. Ainda há vida dentro de mim. Vida que teima, que luta e quer construir um mundo mais afetuoso e despojado de sentimentos mesquinhos.

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