Olívia de Cássia - Repórter
O maior imitador do Brasil, Marlon Rossy, conhecido por sua alegria e descontração nas imitações de mais de 30 personagens em seus shows, também ficou famoso depois de ter vencido o quadro ‘Se vira nos trinta’, no programa do Faustão, da Rede Globo, e ter sido eleito o maior imitador do País, no programa Tudo é Possível, da Rede Record, apresentado por Ana Hickmman.
São imitações de artistas como: Maria Bethania, Alcione, Tim Maia, Raul Seixas, Roberto Carlos Alcione, Elvis Presly, Cauby Peixoto, Caetano, Plácido Domingos, Andrea Bocelli, entre outros são imitados por Marlon Rossy, que atualmente, além de shows humorísticos contagiantes, dá palestras motivacionais e faz shows corporativos, em empresas.
Formado em Administração, Marketing e linguagem corporal, ele inicia o nosso bate-papo brincando e diz que tudo começou com Marlon Eduardo de Oliveira Vitor, “que me dá menos dinheiro do que Marlon Rossy”. Nascido em Atalaia, na Usina Ouricuri, ele conta que aos oito ou dez anos começou a trabalhar, quando os pais passaram por uma situação difícil e o pai teve que viajar para o Rio de Janeiro.
Marlon Rossy observa que sempre teve um diferencial com relação aos irmãos e dos sete foi o único criado pelos pais. Os outros seis ficavam com os avós. “A minha personalidade foi a mais original da minha família, por conta disso: meu pai, sempre muito divertido, minha mãe também muito positiva e quem me inspirou primeiro foi ela”, observa.
Ele destaca que passava a tarde inteira cantando com a mãe. “As canções que cantava com minha mãe eram de Dalva de Oliveira, coisas do meu tempo”, brinca, elogiando a tonalidade voz da mãe, dona Maria José de Oliveira Vitor, e diz que costumava imitá-la. “Eu acho que o meu tino da imitação já vinha daí. Eu era muito de observar o ambiente”, pontua.
Marlon Rossy explica que quando mudou da usina para Atalaia, conheceu o pessoal que gostava de música: “Comecei a me meter nesse meio e um pouquinho antes eu era o cantor oficial das festas da escola, aquele do até logo professora passe bem”, diz sorrindo.
Todo evento que tinha musicalidade, Marlon Rossy conta que era convidado a participar. “A professora já me escolhia porque sabia que eu gostava disso. A questão das imitações, eu começava a brincar imitando os amigos na turma. Eu era uma espécie de mascote: não pagava nada, mas tinha a obrigação de divertir todo mundo e aproveitei essa experiência para o trabalho que eu faço hoje”.
Aos 19 anos, o artista alagoano conta que mudou-se para União dos Palmares e começou a tocar em banda que, segundo ele, foi muito importante na questão do seu conhecimento e variedade musical. “Em Atalaia a gente tinha uma musicalidade restrita: antigamente o barzinho se restringia em você cantar Canteiros; Maluco Beleza; Andanças e Flor de Lis”, pontua.
Em União dos Palmares artista começou a ver a música de forma diferente
Marlon Rossy explica que quando foi para União dos Palmares, foi muito especial e começou a ver música de uma forma diferente, “que me obrigava a ser melhor cantor, para poder interpretá-la. Isso foi muito bom para minha carreira. Minha escola musical forte foi União dos Palmares, que tinha uma presença forte dos artistas de Maceió, que toda semana iam para barzinho”, explica.
Segundo o imitador, a própria cultura do local já era muito forte, “o fato de ser a Terra de Zumbi, já fortalece o sangue cultural, tinha uma dedicação a mais à cultura, foi fundamental na minha formação musical e conhecimento de artistas. Posso dizer que eu multipliquei o meu repertório, infinitamente”, destaca.
Marlon explica que não se dedicou somente à MPB, à musica cabeça, “eu também tocava Chitãozinho & Xororó e eu não deixei o brega de lado. Fiz seis horas sem parar na Pindoba 6, no Sueca, na Várzea Grande (zona rural de União). As pessoas não sabem os sítios que eu toquei. Eu mesmo carregava o carro, montava o som, ligava e desmontava, era ‘multimídia”’, diz sorrindo.
Primeiro personagem
O primeiro personagem que imitou, Marlon explica que foi num concurso de miss, em União dos Palmares, onde queria fazer diferente, uma surpresa: fez um strip-tease cantando a música Rogéria .
“Em 1997, na Palmarina (clube da cidade), não era uma coisa racional de se fazer. Eu tocava na Banda Contágio, de seu Manoel Leite, e no meio do desfile soltei a música no teclado e comecei a tirar a roupa. Por baixo do terno tinha um sutiã e quando apareceu, foi uma bomba lá. No outro dia meu público estava dividido ente o escândalo e a diversão, mas eu tinha que dá um passo diferente”, avalia.
Segundo Marlon Rossy, União dos Pamares lhe tratou muito bem. “Eu cresci de acordo com o adubo que eles colocaram em mim; tanto que chegou um momento que eu não conseguia mais ficar em União”.
Reconhecimento
O imitador show também observa que o artista formado pelo público ele vai se tornar um artista sempre lembrado; “mas o que é formado pela fábrica, é efêmero: está aqui agora e se não for aproveitado naquele momento, não aproveita mais , porque vai sumir. Já fez o papel dele e é isso”, destaca.
Marlon Rossy também pontua que 90% das imitações que faz são indicadas pelo público. “Dez por cento são aquelas que eu imito ruim”, diz com modéstia. “O público sugeria voz que eu nunca imaginei que eu fosse cantar como: Andrea Bocelli e Belchior e fui praticar e consegui. A importância do público é fundamental para minha carreira”, ressalta.
Maior imitador do Brasil
“Eu conquistei o título de maior imitador do Brasil, fui para o Faustão, no Se vira nos trinta, hoje tenho uma abertura muito boa nas TVs, mas teve o caminho das pedras. Depois que se ganha um título desse, você tem que fazer algo para o público não sentir falta. Eu escuto muito o rádio, estou na rua estou observando, é preciso muito estudo e muita preparação”, avalia.
Com 18 anos de carreira solo e no meio artístico desde 1988, Marlon Rossy conta que musicalmente fazia de tudo. “Se precisasse que eu cantasse numa noite de carnaval, eu cantava; se precisasse que puxasse um bloco de carnaval, eu ia, durante onze anos fui puxador oficial da Turma da Rolinha, entre outras atividades”.
Em 2007 ele conta que começou a fazer o show ‘Uma noite como você nunca riu’, voltado para o público turista, mas é aberto ao público local: de três a cinco por cento do público que vai é local e é lotado, segundo ele. Neste sábado, 11, fará o espetáculo em uma churrascaria na Ponta Verde.
“Nesse trabalho com turismo eu criei uma linguagem nacional, que eu posso trabalhar com eles aqui ou ir até as regiões e poder ser entendido. Eu aprendi que o ouvir é fundamental para quem, trabalha com o público. A gente tem um problema muito sério de vocabulário por região. Às vezes uma expressão que a gente faz de alegria, em outro local é de tristeza, de raiva. Esse contato com esse público facilitou essa comunicação”, pontua.
Segundo Marlon Roassy, ter sensibilidade é importante, porque o artista não constrange o público. “Meu espetáculo é o primeiro de humor no Brasil que não tem palavrão, o mínimo que seja; eu evito e comecei a ver isso, depois de ter ido a alguns shows em Fortaleza onde tinha famílias com crianças e eu pensei: ‘preciso evitar isso em meus shows’. Às vezes o cara é o que mais fala palavrão para a esposa e para o filho, mas quando ele está em sociedade, não quer isso para a família, quer proteger, porque isso escandaliza”, avalia.
Marlon avalia que a imitação é um terreno muito vasto, “eu estou detentor desse título, depois, quando tiver outro concurso, passo a faixa para outro; é uma coisa muito perigosa. Eu sou muito grato; tudo isso foi muito importante, mas chega um momento que você tem que parar de concorrer; o crescimento é para conquistar, depois o crescimento maior tem que ser o que você mantém naquele patamar”, avalia.
Além de ser sucesso em vários estados do País, Marlon Rossy recebeu o título de cidadão honorário de União dos Palmares; Atalaia “onde o pessoal reuniu coisas da minha vida que eu nem lembrava”; Teotônio Vilela e Junqueiro.
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