domingo, 18 de janeiro de 2015

Uso de óculos escuros deve ser feito com cuidado durante o verão


Queda da percepção de detalhes pela retina e catarata
 estão entre os problemas causados pelo excesso de sol

Olívia de Cássia - Repórter - Tribuna Independente


O verão chegou e o cuidado com os olhos deve ser redobrado nessa época do ano. Os baixos preços dos óculos de sol oferecidos nas barracas de camelôs e em demais lojas no centro da cidade chamam a atenção de qualquer um. Afinal de contas, pagar pouco é o que muitos querem. Mas será que esses óculos têm a devida proteção?
Segundo o médico oftalmologista Adriano José Cavalcante Silva, cirurgião plástico ocular, é verdade que a proteção contra os efeitos dos raios ultravioletas (UVA e UVB) no corpo deve ser feita durante todo o ano, mas são nas estações em que o sol dá mais as caras que essa proteção é devidamente redobrada.
“Durante a primavera e o verão a utilização dos óculos escuros é claramente maior do que nas demais estações. É comum ver homens, mulheres, senhoras, senhores e crianças usando o assessório, que possui um leque gigantesco de opções de modelos, cores e estilos diferentes, mas é de suma importância, porém, que o material seja de qualidade, para que o então aliado não se torne um vilão para a saúde”, destaca.
Segundo o oftalmologista, os óculos de sol devem fazer mais do que proteger os olhos contra a luminosidade. “Eles devem também proteger os olhos contra a radiação prejudicial que pode danificar a córnea, o cristalino e a retina”, observa.
Adriano José enfatiza que utilizar óculos que não possuem proteção contra os efeitos dos raios transmitidos pelo sol é pior do que não usar o acessório. A explicação está na finalidade das lentes do produto. Como são escuras, acabam dilatando as pupilas e dando maior abertura para a entrada da luz solar.
“Como o material não possui a proteção necessária, o efeito é extremamente negativo ao usuário, que pode adquirir doenças como catarata, pterígio – popularmente conhecida como Carne no Olho – e até sofrer com a degeneração macular relacionada à idade (DRI)”, pontua.
‘Nem sempre produtos da moda são os mais benéficos à saúde’
O médico Adriano José Cavalcante Silva, cirurgião plástico ocular, destaca que nem sempre os produtos da moda são os mais benéficos à saúde e a indicação é que os olhos devem ser protegidos com óculos de qualidade comprovada.
O especialista, que trabalha em uma clínica no bairro do Farol, em Maceió, disse que as lesões oculares mais comuns causadas pelo excesso de sol são: “A queda da percepção de detalhes pela mácula - parte da retina responsável por esta função - e a formação da catarata, problema ocular grave, de maior incidência em todo o mundo”, reforça.
ÓCULOS DE SOL
Por esses problemas, segundo o oftalmologista, é fundamental utilizar óculos de sol capazes de filtrar a incidência destes raios.
Adriano Silva diz que o material dos óculos escuros tem que ser de qualidade para que ele não passe de aliado para vilão (Foto: Sandro Lima)
“O que a gente recomenda é que tenha proteção UV; independe de os óculos serem espelhados, marrom, cinza ou outra cor”, destaca.
Adriano José também ressalta que o ideal é que os óculos sejam comprados em ótica e não em camelôs ou na rua, que não têm a qualidade necessária.
PROTEÇÃO
“Em ótica sempre tem a proteção; aqui na clínica tem um aparelho que mede se os óculos dos pacientes estão protegidos. Para quem trabalha a maior parte do tempo ao ar livre, a exposição, em excesso, aos raios UV pode levar ao surgimento de vários problemas oculares, como o pterígio - tecido que cresce sobre a córnea e obstrui a visão - e da ceratite, uma inflamação da córnea”, explica.
Produto é mais barato, mas não possui lentes apropriadas
O especialista avalia que os óculos falsificados chegam bem mais baratos ao mercado por não possuírem tecnologia capaz de filtrar os raios UV. “Óculos vendidos como simples acessórios de moda podem proporcionar pouca ou nenhuma proteção UV, mesmo sendo um pouco mais caros”, diz.
Estes produtos, segundo o oftalmologista, também não contam com lentes apropriadas. A maioria vem com lentes com polarização insuficientes, que minimizam o brilho, mas não contam com propriedades anti-UV.
“A radiação ultravioleta, está comprovado, favorece o aparecimento de doenças, inclusive o aparecimento mais cedo da catarata e tem uma relação com isso: as pessoas que trabalham em praias, na roça, que são mais expostos ao sol, percebemos que a catarata avança mais rápido”, reforça.
CLÍNICA
Na clínica onde Adriano José Cavalcante tem consultório, a reportagem conversou com a paciente Maria José Tenório sobre a proteção aos olhos.
Ela disse que compra por encomenda: “Eu compro óculos por encomenda, em locais recomendados, mas já experimentei também em camelôs e não me adaptei”, explicou.
Maria José Tenório diz que compra óculos escuros em locais recomendados e que já usou de camelô, mas não se adaptou (Foto: Sandro Lima)
A reportagem da Tribuna Independente abordou Patrícia Silva, que estava na Rua do Comércio comprando óculos escuros no camelô e disse que compra lá porque é mais barato. “Eu não costumo usar com frequência, mas compro de vez em quando, porque aqui é mais barato”, destacou.
Marcos Alexandre da Silva, pelo Facebook, disse que compra regulamente seus óculos escuros em óticas e sites que amigos indicam, mas que tenham fator de proteção ultravioleta, no entanto ele não esconde que também compra no camelô.
“Eu compro em óticas e sites recomendados por amigos ou médicos conhecidos, mas quando eles quebram e estou sem nada, compro algum no camelô, não vou mentir”, confessou.


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