sábado, 24 de janeiro de 2015

Lembrando a Rua da Ponte

Olívia de Cássia - jornalista

A Rua da Ponte foi onde tudo teve início, em União dos Palmares,  por onde tudo passava. Era a entrada da cidade, antes de ser construída a BR, na década de 70. Nossa querida rua foi  devastada e tragada pelas águas do Mundáu, ficou apenas na memória das muitas pessoas que por ali passaram e residiram.

Tenho  saudade de um tempo bom,  quando morei  lá, da vizinhança querida, dos amigos que fizemos por lá. Ali não tinha violência quando eu era menina  e a vida era saudável, apesar das carências materiais.

 Saudade da casinha dos meus avós Olívia Maria Vieira de Siqueira  e Manoel Correia Paes, onde eu costumava passar meus dias da infância, das brincadeiras da meninice e de tanta coisa vivida.  Na Rua da Ponte eu  nasci, na casinha vizinha ao hotel de dona Lia e seu José Octacílio. Naquela rua  eu morei até meus nove anos,  fiz as primeiras amizades,  vivi os melhores momentos da  vida na infância.

Rua da  Ponte das traquinagens da meninice,  dos banhos no Mundaú,  da goiabeira atrás do armazém, onde passava tantas horas dos meus dias de menina.  Do tanque onde eu tomava banho  sem que mamãe soubesse. . .

Rua da Ponte das brincadeiras de faroeste imitando os filmes do Zorro e Durango Kid, da Escolinha do Bangu, da Fábrica de Doces, da Fabriqueta de colchões do Seu Chico, onde a gente espalhava tudo pulando feito cabritos.

Rua da Ponte do armazém,  onde brincávamos nas sacas de algodão, da mercearia onde meu pai tirou todo o sustento da família. Rua da Ponte do seu Damásio e sua fábrica de pólvoras, Rua da Ponte das  benzedeiras e rezadeiras, que nos curavam dos maus-olhados.

 Rua da Ponte  das festinhas com os barquinhos do pai de Gracinha,  dos paneleiros e peneleiras de barro. Um dia, o meu querido  Rio Mundaú se revoltou, a natureza não suportou mais tantos  maus-tratos, tanta sujeira jogada  nas encostas,  desmatamentos e poluição e levou tudo o que encontrou pela frente. 


A Rua  da Ponte  não vai ser esquecida  e será sempre lembrada por todos nós que aprendemos a amá-la, a  nossa querida Ponte...

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