Olívia de Cássia - jornalista
A Rua da Ponte foi onde tudo teve início, em União dos
Palmares, por onde tudo passava. Era a
entrada da cidade, antes de ser construída a BR, na década de 70. Nossa querida
rua foi devastada e tragada pelas águas
do Mundáu, ficou apenas na memória das muitas pessoas que por ali passaram e
residiram.
Tenho saudade de um
tempo bom, quando morei lá, da vizinhança querida, dos amigos que
fizemos por lá. Ali não tinha violência quando eu era menina e a vida era saudável, apesar das carências
materiais.
Saudade da casinha
dos meus avós Olívia Maria Vieira de Siqueira e Manoel Correia Paes, onde eu costumava
passar meus dias da infância, das brincadeiras da meninice e de tanta coisa
vivida. Na Rua da Ponte eu nasci, na casinha vizinha ao hotel de dona Lia
e seu José Octacílio. Naquela rua eu morei
até meus nove anos, fiz as primeiras
amizades, vivi os melhores momentos da vida na infância.
Rua da Ponte das
traquinagens da meninice, dos banhos no
Mundaú, da goiabeira atrás do armazém,
onde passava tantas horas dos meus dias de menina. Do tanque onde eu tomava banho sem que mamãe soubesse. . .
Rua da Ponte das brincadeiras de faroeste imitando os filmes
do Zorro e Durango Kid, da Escolinha do Bangu, da Fábrica de Doces, da
Fabriqueta de colchões do Seu Chico, onde a gente espalhava tudo pulando feito
cabritos.
Rua da Ponte do armazém, onde brincávamos nas sacas de algodão, da
mercearia onde meu pai tirou todo o sustento da família. Rua da Ponte do seu
Damásio e sua fábrica de pólvoras, Rua da Ponte das benzedeiras e rezadeiras, que nos curavam dos
maus-olhados.
Rua da Ponte das festinhas com os barquinhos do pai de
Gracinha, dos paneleiros e peneleiras de
barro. Um dia, o meu querido Rio Mundaú
se revoltou, a natureza não suportou mais tantos maus-tratos, tanta sujeira jogada nas encostas,
desmatamentos e poluição e levou tudo o que encontrou pela frente.
A Rua da Ponte não vai ser esquecida e será sempre lembrada por todos nós que
aprendemos a amá-la, a nossa querida
Ponte...
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