quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Resistência operária do bairro de Fernão Velho é tema de livro


Lançamento acontece no bairro, nesta sexta-feira, 9, na Escola Padre Cabral


Olívia de Cássia - Repórter

Resultado da dissertação de mestrado da Ufal do historiador e professor de sociologia Ivo de Santos Farias será lançando nesta sexta-feira, 9, na Escola Padre Cabral, em Fernão Velho, a partir das 18h30, o livro “Nossa casa é do patrão: dominação e resistência operária no núcleo de Fernão Velho, pela editora Appris.
O livro é o resultado da pesquisa de dissertação de Mestrado em Sociologia pela Universidade Federal de Alagoas, intitulada “Dominação e Resistência Operária no Núcleo Fabril de Fernão Velho (Maceió-AL)”, apresentada em 2012.
O trabalho aborda as formas de dominação criadas na vila operária a partir do século XIX. “A Fábrica Carmen foi a primeira indústria têxtil do Estado de Alagoas e uma das primeiras do Brasil, um período em que não havia indústria no país e houve uma em Alagoas”, observa.  
O professor argumenta que o desenvolvimento maior do bairro de Fernão Velho foi no final do século XIX, quando a família Machado ampliou a fábrica: “Eram cerca de 400 teares e foram ampliados para cerca de mil, uma construção gigantesca nesse período não só em Alagoas, mas no Brasil também”, destaca.
Ivo dos Santos Farias é natural de Fernão Velho e  descreve em seu trabalho um pouco das transformações ocorridas no bairro operário com a chegada da fábrica de tecelagem Carmen, no início do século XX.
“No livro meu foco não é analisar o processo de construção e decadência, é só o período de apogeu da fábrica, que finalizo no período de 1962-1963; eu fecho meu recorte lá, porque tem ordem metodológica de definir um período”, pontua.
Para escrever o livro Ivo dos Santos Farias conta que fez várias entrevistas com os moradores, fez observações  de campo, pesquisou em livros, jornais, documentos antigos, na Associação Comercial de Maceió no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, “porque à época da pesquisa o Arquivo Público estava fechado para reforma”, observa.
O escritor avalia que o núcleo fabril do bairro foi construído para criar uma política de dominação, onde as casas eram de propriedade da fábrica, os sistemas, o cinema, a igreja, tudo era controlado pela fábrica.
“Esse sistema foi muito bem aplicado, um isolamento que até hoje se mantém. A conclusão é que a política não foi à toa tudo era pensado, os enfileiramentos das  casas, as festas, um espaço construído a fim de dominar os trabalhadores. Eu também falo no livro que houve um movimento de grande resistência dos operários, com greves, inclusive em 1962, uma greve simbólica, que teve a grande interferência de comunistas da época, embora as pessoas tenham receio de falar porque eram muito perseguidos”, destaca.
Segundo o professor Ivo dos Santos, no livro ele aborda algumas transformações ocorridas no bairro com a chegada da indústria têxtil, que modificou não apenas a economia, mas também o modo de viver de diversas gerações. “A indústria têxtil de Alagoas é uma parte da história que não foi só cana-de-açúcar e vale a pena conhecer”. 
O autor

Ivo dos Santos Farias é doutorando em Ciências Sociais na Unesp-Marília, mestre em Sociologia e graduado em História-Licenciatura pela Universidade Federal de Alagoas. Estuda memória coletiva, cultura popular e identidade de classe entre operários têxteis no município de Maceió-AL. É professor de Filosofia e de Sociologia em Graduação e Ensino Médio na região de Marília-SP. Tem também experiência em música popular nordestina.
SERVIÇO
O QUÊ:  Lançamento do livro “Nossa casa é do patrão: dominação e resistência operária no núcleo de Fernão Velho, pela editora Appris.
QUANDO: Sexta-feira, 9 de janeiro
ONDE: Escola Padre Cabral-Fernão Velho.

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