quarta-feira, 19 de junho de 2013

Placa homenageia sobreviventes das enchentes de 2010 no Muquém

Por João Paulo Farias - Texto e Fotos
A tragédia das águas do Rio Mundaú, que fez três anos neste 18 de junho, foi lembrada com uma homenagem aos moradores da Comunidade Quilombola Muquém, em União dos Palmares. Uma placa foi afixada na Jaqueira que salvou mais de 20 pessoas.
Além da Jaqueira, os moradores se abrigaram em cima de uma mangueira e lenhas. Ao todo 55 quilombolas esperaram por mais de 12 horas, as águas baixarem.

O evento foi promovido pelas secretarias de Cultura e Turismo, e reuniu dezenas de quilombolas na comunidade, além de autoridades que destacaram a importância do Muquém como patrimônio mundial. A placa foi desenvolvida pela arquiteta do   Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Joelma Farias de Cornejo.

A secretária de Cultura, Genisete Sarmento, agradeceu aos quilombolas o apoio em deixar que o dia 18 de junho fosse registrado com a colocação da placa. “O ser humano tem essa possibilidade de, da própria dor, dar a volta por cima e mudar”, ressaltou a secretária.

Ela frisou que quer transformar o local em ponto turístico, já que não tinha nada dizendo que naquela árvore, mais de vinte vidas foram salvas. “Estamos deixando esse registro para quem vir ao Muquém, veja na jaqueira a importância dela naquela noite de terror”, lembra.

Para Jacineide Maia, secretária de Turismo do município, o momento é de grande relevância, pois registra um triste momento que completa três anos. “É muito importante que o Muquém, além de sua cultura, através das mãos dos artesãos, tenha esse monumento como ponto turístico”, disse.

O prefeito Beto Baía (PSD) considerou a jaqueira como a “árvore da vida”, pontuando que o momento não deve ser apagado da memória. “Vocês foram muito penalizados, mas graças a Deus, não perdemos nenhuma vida, só bens materiais. A homenagem é muito oportuna”, disse Beto, anunciando que a comunidade vai receber uma escola em tempo integral, sendo a primeira comunidade quilombola no país, contemplada com o projeto.

A emoção contagiou crianças, adultos e idosos. As lembranças da tenebrosa noite de 18 de junho vinham na mente de todos. A artesã Irinéia Nunes, que reproduziu a jaqueira no seu artesanato com barro, falou do dia 18 de junho: “É com muito orgulho que apresento a vocês o meu trabalho, reconhecido aqui e lá fora; estou muito emocionada em lembrar daquele dia”, disse a artesã.

Dona Maria Benedita, 66, lembra com os olhos lacrimejando de como conseguiu passar mais de 10 horas, pendurada num galho de jaqueira. “Só vi a água batendo e a jaqueira balançava a noite toda e chovia muito; passei a noite com muita câimbra e chorando”, disse. A quilombola perdeu a casa e só ficou com a roupa do corpo, e hoje quer um pouco de saúde para cuidar de sua família.

PRESENÇAS

O evento foi acompanhado por várias autoridades: os secretários municipais de Saúde, Carla Theresa; Infância e Juventude, Sérgio Rogério; Meio Ambiente, Macário Rodrigues; Agricultura, Gustavo Pedroza; e Indústria e Comércio, Rosangela Barros e o presidente da Câmara, vereador Biu Crente. Também acompanhou a cerimônia, os superintendentes de Juventude de Alagoas, Ana Maria e Leonel Teotônio, junto com Denis, representante do Plano Juventude Viva no Estado.



Um comentário:

Zejane Cardoso disse...

Muito bom o seu blog . Parabéns pelo trabalho.

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...