Olívia de Cássia - Jornalista
A política tem o dom de mexer com as pessoas; é uma paixão que às vezes aliena, tanto à direita quando à esquerda. Sempre acompanhei movimentos, desde a mais tenra idade, na década de 1970 do século passado, com meu pai eu via, lá em União dos Palmares, amigos virarem inimigos e vice versa e ainda hoje é assim.
Certa vez, num comício do PMDB, com José Costa, José Moura Rocha, Francisco Pimentel, Mendonça Neto, Roberto Freire e Afrânio Vergetti, que já naquela época era o candidato-primo político do meu pai, o mais histórico comício daquela terra da liberdade ser interrompido pela banda de fanfarras do Colégio Mario Gomes de Barros.
Era Roberto Freire quem discursava. O mais lindo discurso que eu já tinha visto na minha tenra idade de criança e dava vontade de chorar. E ele disse: "A banda passa e o povo continua aqui a escutar os candidatos da oposição falarem, os candidatos do MDB"; e foi aplaudido por alguns minutos, ao som de gritos e levantar de bandeiras.
Eu não entendia muito bem aquela emoção, mas o País vivia seu período maios torpe de impedimento das liberdades democráticas. Não se podia falar de governo e muito menos ir às ruas. Faço esse introito para esclarecer a todos que acham que eu mudei de lado, que continuo ainda lutando pelos meus ideais, embora que com mais maturidade hoje em dia.
A verdade é que eu nunca deixei que a política fizesse com que eu abandonasse meus amigos do outro lado e que essas questões tomassem conta da minha cabeça, pois entendo a política como um meio de transformação social, não como uma guerra para a gente derrotar os amigos, aliados.
Não nasci para competir e aprendi isso com papai que nunca deveria querer almejar subir na vida querendo passar os outros para trás. Por isso mesmo, nunca me meti a querer passar dos meus limites.
Procuro ver os acontecimentos com moderação, sem radicalismo agora,mas sem abrir mão daquilo que sempre sonhei. O radicalismo da juventude já deixei para trás faz muito tempo e hoje eu vejo tudo com parcimônia, análise de princípios e maturidade.
Eu dizia ontem a uns amigos no forró do sindicato, que não sou contra as manifestações de rua que estão acontecendo, já que sempre estive lá quando fui chamada e nunca deixei de sair em defesa dos meus ideais, mesmo na época da ditadura militar, quando eu ia vender o jornal Tribuna Operária no mercado da produção enfrentando milicos e sem entender nada do que fosse política.
Só para lembrar a quem esqueceu disso: eu não deixei de lutar por uma sociedade mais justa, democrática, de políticas públicas para quem precisa e sem corrupção: só vejo tudo com muito cuidado e maturidade agora. Só isso. Entenderam?
domingo, 23 de junho de 2013
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