Olívia de Cássia – jornalista
O País foi pego de surpresa essa semana com a mobilização
feita nas redes sociais que arregimentou milhares de pessoas às ruas nas
diversas capitais do País. Apesar de já ter visto muitas mobilizações ao longo
dos meus anos calejados, confesso que tive um susto quando vi todo aquele povo
de volta às ruas protestando, num primeiro instante, contra o aumento das
passagens de ônibus.
O fenômeno certamente já deve estar sendo estudado por
sociólogos e antropólogos, mas não precisa ir muito longe para a gente saber
que toda essa mobilização já é um ‘esquenta’ do que está para vir nas próximas
eleições e que o que está em jogo não é apenas o preço das passagens.
Uma pena que uma mobilização que começou de forma pacífica
tenha descambado para o vandalismo e a depredação do patrimônio. Não sou contra
a mobilização pacífica, às justas reivindicações e os protestos contra a
corrupção e a roubalheira, já participei de várias delas, mas me assustei ao ver uma massa desgovernada,
insuflada, quebrando e destruindo o patrimônio público.
Conheço muito bem a massa insuflada o que é capaz de fazer. De
repente, nas redes sociais, gente que sempre votou em candidatos conservadores
e que sempre defendeu a ditadura militar, estava nas redes chamando para
greve e para ir às ruas, como se fosse a mais avançada das criaturas.
Muito me estranha isso, porque conhecendo a fundo
determinadas pessoas, jamais elas teriam coragem, no governo de seus
candidatos, de insuflarem alguém para ir às ruas. Na segunda-feira, os manifestantes apedrejaram
o prédio histórico da Assembleia do Rio de Janeiro e queimaram um carro que estava na frente; na terça-feira,
tocaram fogo no carro de transmissão da Rede Record.
Isso atenta contra a democracia. Isso não é manifestação
democrática e pacífica. Eu entendo que os partidos políticos e seus comandantes
estão desacreditados e muitos emporcalham a política do País. Com essa
mobilização, avalio que os partidos políticos saíram enfraquecidos e isso não é
muito bom.
As lideranças partidárias precisam saber que o povo está
insatisfeito com o desempenho deles e que não é mais massa de manobra, seja da
esquerda ou da direita. Na minha humilde avaliação isso tudo é resultado da
decepção do povo e do despreparo de uma polícia que é treinada apenas para reprimir,
bater e matar, da falta de traquejo com
que o governo de algumas cidades agiu no começo do movimento.
Mas eu torço pelo despertar da juventude brasileira, pela conscientização
de seus direitos de cidadãos e se for para salvar nossos jovens da cultura do
lek lek, das mulheres melões e melancias e tais e quais e das demais porcarias
que eles costumam consumir, que o movimento seja bem-vindo e que um novo horizonte surja, enriquecendo a história do País.
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