Olivia de Cássia – jornalista
Todo e qualquer tipo de violência deve ser contestado: desde
a violência física, psicológica, à política, mas eu não poderia deixar de falar
essa semana, novamente, sobre a violência contra a mulher, que voltou à pauta
dia, desde a divulgação da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), referente a 2013, que reflete o
conservadorismo da sociedade brasileira, muito mais com relação à questão.
A violência é algo que se deve combater todos os dias, sem
trégua, bem como toda a forma de opressão, avalio eu, no meu aprendizado
diário. Ao longo dos séculos estudiosos
divulgaram textos relatando a questão de gênero, desigualdade social e o quanto
as mulheres lutaram e ainda perseguem viver num mundo melhor e mais justo.
Muito já se falou e já se debateu sobre a violência contra a
mulher no país (crianças, jovens e adolescentes), mas ao invés de os números
reduzirem, têm se multiplicado consideravelmente e a gente não pode ‘baixar a
guarda’. Temos que denunciar isso todos os dias, em cada minuto de nossa
existência, para extirpar esse câncer da sociedade, não podemos nos conformar
com esse estado de coisa.
Já escrevi nesse espaço vários textos sobre o mesmo tema,
mas a minha indignação só aumenta à medida que vejo tantos casos se
reproduzirem no país e principalmente em nosso Estado. Voltando à pesquisa "Tolerância
social à violência contra mulheres" divulgada pelo Ipea, o instituto
concluiu que 65,1% dos entrevistados acreditam que a vestimenta curta de uma
mulher é motivo para a violência sexual.
O levantamento também apontou que 68,5% das pessoas
consideram o comportamento feminino influência nas taxas de estupros. Esse resultado causa-me espécie e me deixou
embasbacada. Segundo os autores do estudo, muitos entrevistados veem o estupro
como medida corretiva.
“As respostas dão a ideia de que a mulher merece e deve ser
estuprada para aprender a se comportar”, diz um trecho do estudo. Meu estômago revirou
diante de tais resultados. Depois de muitas críticas, o Ipea fez uma retratação
quanto ao levantamento e reduziu de 65% para 26% o percentual de entrevistados
que culpa a mulher pelos casos de estupro.
Mas apesar da redução, muitas lideranças ficaram ‘de orelhas
em pé’ duvidando da credibilidade da
pesquisa. Maurício Tuffani, editor do blog
Universidade, Ciencia e Ambiente, disse que a errata do documento por meio de nota oficial do Ipea não pode ser
considerada uma correção da questão à qual ela se refere.
“Na verdade, não há o que fazer para dar credibilidade a
essa tentativa de estudo sobre o problema grave da sociedade brasileira da
tolerância de agressões contra mulheres”. Segundo Tuffani, no estudo houve
expressões de duplo sentido também em pelo menos outras três das 27 sentenças
apresentadas a 3.801 pessoas entrevistadas na pesquisa.
“A presença de expressões ambíguas nessas quatro questões que figuram entre as mais cruciais para o objetivo do estudo impossibilita qualquer possibilidade de "salvar" o trabalho realizado pelo instituto”, observa.
Segundo o blogueiro, não há como obter nenhuma conclusão cientificamente válida do uso da afirmação "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". “As palavras "merecem" e "atacadas" induzem a interpretações diferentes dessa sentença”, diz.
“A presença de expressões ambíguas nessas quatro questões que figuram entre as mais cruciais para o objetivo do estudo impossibilita qualquer possibilidade de "salvar" o trabalho realizado pelo instituto”, observa.
Segundo o blogueiro, não há como obter nenhuma conclusão cientificamente válida do uso da afirmação "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". “As palavras "merecem" e "atacadas" induzem a interpretações diferentes dessa sentença”, diz.
O que se sabe é que o número ainda é alarmante e muito ainda
deve ser feito para tentar erradicar os casos de violência contra a mulher no
Brasil. As mulheres devem ter seus direitos respeitados, e é importante
discutir o assunto em escolas públicas para fazer o debate entre a juventude.
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