Olívia de Cássia – jornalista
Estamos vivendo um período na vida política brasileira, onde
o total descrédito do eleitorado nas lideranças políticas tomou conta da
população de tal forma, que todos foram igualados à mesma vala comum. Há um
abismo profundo entre a sociedade e os que deveriam representá-la e fica
difícil desfazer essa imagem, por mais que se queira, diante das evidências,
muito mais agora, com as redes sociais e a internet.
Além dos escândalos políticos dos últimos meses e do
distanciamento do eleitor, os legisladores brasileiros contribuem para piorar a
sua péssima imagem. Segundo uma pesquisa do Ibope, divulgada recentemente em
uma revista nacional, uma imensa parcela de brasileiros (84%) acha que os
parlamentares trabalham pouco e 52% consideram que não passa de 10% o número de
bons deputados e senadores do país.
Ainda segundo o estudo, mais constrangedor do que isso, só
os adjetivos que os entrevistados selecionaram para classificar os seus
representantes. Pela ordem: desonestos (55%); insensíveis aos interesses da sociedade
(52%); e mentirosos (49%)”. E ainda mais: “só pensam neles e no voto, não fazem
nada que seja sem segundas intenções”. Na avaliação do sociólogo Demétrio
Magnoli, os números são fruto do atual estado de degradação moral do
Parlamento.
Quem tinha um discurso de oposição, passou a ser governo e
termina utilizando as mesmos subterfúgios espúrios de seus adversários; práticas que eram criticadas no passado e que
agora são justificadas dizendo que quem estava no governo antes também o fez.
Ora, ora, meus leitores: na minha avaliação um erro não justifica o outro. E
agora o pecado virou uma rotina considerada ‘normal’. E o eleitor fica como nesse imbróglio todo?
O jogo político é duro, todos sabem: uma eleição exige muito
jogo de cintura, negociações, acordos e ‘custa os olhos da cara’. E cada um vai
buscar recursos no lugar que encontra mais facilidade, nas negociatas e
acordos muitas vezes nem tão puros.
E aí é onde entra a discussão da necessidade de uma reforma
política no país, já defendida por alguns democratas, em que o financiamento
público de campanha entra em discussão;
questão que vem se arrastado no Congresso Nacional, pois é muito mais
fácil empurrar com a barriga assuntos espinhosos, principalmente em ano
eleitoral.
Em um de seus pronunciamentos na 3ª Conferência Nacional de
Políticas para as Mulheres, em Brasília, a deputada federal Jô Morais
(PCdoB-MG) falou sobre a ‘Perspectiva de superação das dificuldades, para
avanço da participação feminina nas instâncias de poder no País’ e disse que a
legislação política eleitoral do País serve às elites, aos que têm o poder
econômico.
Uma assertiva que já conhecemos bem de perto. Ela também
disse que o desafio maior do mundo político é fazer uma reforma política que
efetivamente “retire e desmonte o maior eleitor deste País, que é o poder
econômico, e construa listas fechadas, preordenadas, financiamento público,
para que as mulheres possam, como os trabalhadores, os negros, os camponeses,
participarem do debate político neste Poder”.
Não conheço o tema a fundo, mas
avalio que a sociedade deveria ser chamada para discutir o tema e evitaria o
financiamento de usineiros e grandes empresários para os políticos. O estranho
é quando esses parlamentares que são beneficiados com o poder econômico fazem discursos
falsos para quem não os conhecem, desbancando usineiros, latifundiários,
representantes do capital.
Nesse caso não dá para a gente acreditar em certas figuras
tarimbadas e espertas, que tentam ludibriar o pobre eleitor, que mal conhece o
bê-á-bá da política, mas que também não é burro de canga e corda e não deve ser
ignorado. Alguns eleitores avaliam que para acabar com a corrupção no país
deve-se votar nulo, mas a gente sabe que isso não funciona, pois alguém tem que
comandar os destinos da nação.
Eu avalio que a educação e conscientização do povo são os
primeiros passos. A partir do momento em que a população se interessar pelas
informações a respeito de política, economia, entre outros e cultivar o hábito
da leitura, procurando entender o que está acontecendo, avaliar suas
consequências e conhecer os autores dos atos ilícitos, o voto será seletivo, ou
seja, políticos conhecidamente corruptos jamais serão eleitos novamente.
Mas essa conscientização da população é um processo lento e
trabalhoso, as eleições estão chegando: procuremos aproveitar bem nosso voto
elegendo pessoas de moral ilibada, ou que pelo menos sejam menos trapaceiras,
que possuam valores inalienáveis ao ser humano. Já é um passo.
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