(Imagens: ilustração internet)
A síndrome da pressa é um problema psicológico e
comportamental que acontece com várias pessoas da atualidade. As pessoas
costumam dizer que 24 horas é pouco tempo para realizar tantos afazeres.
As características típicas da síndrome são:
tensão, hostilidade, impaciência ao esperar, valorização da quantidade e
desvalorização da qualidade, sono agitado, inadmissão a atrasos, busca por
substâncias que controlam as emoções, interrupção da fala de terceiros, passos
rápidos e outros.
Segundo estudo realizado pelo Internacional Stress
Management Association do Brasil (Isma-BR), entidade que estuda os efeitos do
estresse, o transtorno já atinge 30-% dos brasileiros. O problema não constitui
uma doença, mas uma série de comportamentos que altera significativamente a
saúde e a qualidade de vida dos indivíduos.
A síndrome da pressa não é reconhecida e nem classificada na
psiquiatria, porém é conhecida e estudada desde 1980. Alguns especialistas a definem apenas como um
processo acelerado de estresse. Desde os primeiros estudos são detectadas
alterações na autoestima e na confiança do apressado, pois normalmente busca
realizar uma quantidade de tarefas quase impossível.
Dessa forma, os sentimentos de frustração, autocobrança e
incapacitação podem acarretar em outros problemas mais graves. Ilana Rodrigues,
graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas, observa que
diante do modo de organização social da sociedade moderna, que preza pela
competição, a sobrecarga e a rapidez, a pressa é um mal necessário.
“E é a partir dessa realidade que tem aumentado
gradativamente o índice de pessoas que sofrem da Síndrome da Pressa que está
diretamente ligada ao estresse e apesar de não ser uma doença é um padrão de
comportamento que altera significativamente a saúde e a qualidade de vida do
indivíduo”, observa.
Segundo Ilana Rodrigues, apesar de a síndrome da pressa
estar relacionada ao estresse em estágio avançado, os problemas têm origens
diferentes: “Enquanto o estresse avançado é uma reação física e psicológica a
uma situação ameaçadora ou angustiante, a síndrome da pressa é desencadeada por
um conjunto de comportamentos que o indivíduo traz o estresse para si”,
destaca.
Os especialistas avaliam ainda que a pressa constante pode
acarretar uma série de doenças, dentre as quais, a depressão, transtornos
alimentares, insônia, distúrbios gástricos, hipertensão. “Em algumas situações
e profissões a pressa é um elemento importante, mas a partir do momento que ela
deixa de ser necessária e se torna exigida, isso passa a ser um problema. Ou
seja, quando o indivíduo começa a achar que para ser competente naquilo que faz
é preciso fazer com rapidez”, ressalta.
A psicóloga destaca ainda que muitas pessoas gostariam de
diminuir o ritmo, mas não podem. Isso porque a maioria das empresas exige
produtividade. “Além da carga de trabalho, ainda há a pressão de cumprir
prazos, atingir metas e níveis de qualidade. Nesse contexto, como não ter
pressa? A principal dica é tentar buscar um equilíbrio, priorizando momentos em
que é realmente necessário acelerar, com outros em que é possível ter um ritmo
mais lento”, ensina.
Segundo os especialistas, a mudança da rotina é a única
forma de inibir a síndrome da pressa, já que essa ainda não tem tratamento
específico, a não ser se estiver ligada à ansiedade ou a altos níveis de
estresse. “Para melhorar a qualidade de vida e conseguir dar uma freada na
pressa é importante relaxar com músicas leves, observar a natureza, dedicar-se
mais à família, realizar tarefas fora do contexto diário, organizar as tarefas
diárias priorizando as mais importantes, dormir no mínimo oito horas e
alimentar-se de maneira saudável”, observa.
EXEMPLO
A comerciária Josicleia Macário, residente no bairro da
Jatiúca, em Maceió, é um exemplo de pessoa que tem a Síndrome da Pressa. Ela
conta que já consultou vários especialistas, mas o problema foi sempre tratado
como estresse em alto grau, devido às tarefas que tem que desempenhar
diariamente, no trabalho e em casa.
Josicleia conta que o último médico, um psiquiatra, receitou
remédios controlados que a estava deixando muito pior. “Deixei de tomar os
remédios, resolvi adotar outro tipo de vida para mm e meus filhos; corro menos,
procuro ser mais flexível com os horários, mas ainda tenho pressa: tenho quatro
filhos em idade escolar; preciso acordar cedinho para aprontá-los, deixar tudo
em ordem para levá-los à escola e depois sigo para o trabalho, mas conto com a
colaboração da minha mãe”, destaca.
O alagoano Valdei Marinho de Omena disse que é muito
apressado: “Acordo já com pressa; e a mulher já está com o café pronto; vou
para o trabalho, brinco com todo mundo, mas acho que pressa me atrapalha um
pouco a vida; nunca procurei um médico para saber se essa pressa constitui um
problema; além disso, eu falo muito”, conta sorrindo.
LAZER
Os psicólogos avaliam que o primeiro passo para lidar com
essa situação é admitir e entender o problema. O segundo é querer mudar. “Se a
pessoa perceber que a pressa está prejudicando seu desempenho e sua qualidade
de vida, então é hora de mudar sua postura”, diz Rossi.
A mudança da rotina é a
única forma de inibir a síndrome da pressa, já que essa ainda não tem
tratamento específico. Para tanto vale técnicas de relaxamento, exercícios de
respiração, atividades físicas e de lazer, ioga e psicoterapia ou outros meios
que ajudem a pessoa a relaxar e desacelerar.
Carl Honoré, criador do movimento Slow (devagar, em inglês),
conta que tomou consciência do ritmo que estava vivendo quando se viu comprando
um livro infantil chamado Contos de 1 minuto. “Minha pressa estava fora de
controle e eu estava desperdiçando momentos preciosos com meus filhos”, diz
ele.
“É preciso questionar a pressa e buscar ver a beleza da
lentidão. A vagareza se tornou uma palavra feia porque nós criamos uma
‘teologia’ da velocidade", comenta. "A velocidade é
inquestionavelmente boa, mas, quando a valorizamos demais, acabamos depreciando
sua contraparte, a vagareza, e criando um tabu. Só que isso não é verdade. As
melhores coisas na vida são feitas devagar", analisa.
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