domingo, 20 de abril de 2014

Belezas do Rio São Francisco atraem turistas de vários estados e países

A preservação da história e da cultura, em Piranhas, a imponência da usina de Xingó e o lago represado encantam os visitantes

Olívia de Cássia – Repórter
(Texto e fotos)

As belezas do Rio São Francisco, no Estado de Alagoas, proporcionam o crescimento do turismo regional, atraem visitantes de vários estados e países e comprova aquela máxima de que o turismo não se resume apenas à beleza de nossas praias e lagoas. A reportagem da Tribuna Independente foi ao Sertão  e constatou que o turismo na região está crescendo e que o Nordeste não é só de sofrimento, terra árida e seca.

Em Piranhas, um pequeno município de pouco mais de 20 mil habitantes, localizado no oeste do estado, o visitante pode: além de fazer passeio de catamarã,  ter a oportunidade de saborear delícias da culinária local, além de fotografar a cidade, que preserva sua cultura e sua história. O município está localizado entre o Rio São Francisco e montanhas rochosas e arenosas; foi reconhecido como patrimônio histórico nacional pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.  

No centro cultural da cidade, a prefeitura construiu uma praça para homenagear o cantor Altemar Dutra. “Altemar era um apaixonado por Piranhas e sempre que podia estava aqui e por isso a prefeitura mandou edificar uma estátua em sua homenagem e construir essa praça”, explica Márcio Nascimento, coordenador da excursão e empresário de receptivo.  

Márcio Nascimento, que levou um grupo de 15 pessoas para conhecer o Sertão, explica que a cidade ficou nacionalmente conhecida por ser o local onde a cabeça de Lampião ficou exposta após a decapitação. “Em Piranhas também foi rodado o filme Baile Perfumado, com o mesmo tema do cangaço. No museu da cidade o visitante pode ainda ver várias fotos de Lampião”, ressalta.

A cidade histórica tem tudo muito preservado: limpeza das ruas, casario antigo e conservado, a velha estação, com a Maria Fumaça, que está exposta na praça para que o turista leve de lembranças muitas fotos, e ao lado a beleza do Rio São Francisco.

Piranhas também tem uma igrejinha lá no alto de um morro; mirantes de onde é possível ver toda a cidade histórica e fazer belíssimas fotos. Márcio Nascimento explica que a cidade  oferece passeio de catamarã pela chamada Rota do Cangaço. “E para quem gosta de apreciar a natureza e caminhar por trilhas, uma opção imperdível é a fazenda Mundo Novo, o primeiro parque temático da caatinga do Brasil, também localizada no município de Canindé do São Francisco, em Sergipe”, pontua.

XINGÓ

A reportagem aproveitou o passeio para conhecer a Usina Hidrelétrica de Xingó, uma das mais importantes do país e que está levando melhorias à região.  A visita começa com a sala onde está entalhada em madeira a maquete da usina, de tamanho 500 vezes menor que o da original. Depois uma guia de turismo da empresa nos leva para um passeio para conhecer as barragens de desvio e as turbinas da usina.

 “É impressionante a grandeza da hidroelétrica: são seis turbinas. A usina é responsável pelo abastecimento de 25% da energia consumida pelo Nordeste”, explica a funcionária, que vai aos poucos fazendo um relato de como foi construída e o que foi preciso ser feito na região para que se adaptasse à construção.

Passeio pelo lago represado provoca emoções e aplausos

O passeio pelo lago represado pelas águas do Rio São Francisco, com a construção da Usina de Xingó, emociona e leva os turistas a aplaudirem o cenário.  “O sertão nordestino precisa apenas de um olhar especial, aplicação correta dos investimentos federais e políticas voltadas ao homem do campo”, observa amineira Márcia Ranulfo.

Ela estava a bordo do catamarã Luiz Gonzaga, fazendo o passeio;  Márcia Ranulfo, assim como outros turistas que estavam no barco, ficou encantada com o que viu: “É uma emoção indescritível isso aqui; uma beleza estonteante, difícil de a gente descrever. A gente vai se aproximando dos paredões e a emoção aumenta; em pensar que a natureza levou milhares de anos para esculpir essa maravilha”, pontuou.

Durante o passeio, um marinheiro vai explicando ao microfone as características do local: o catamarã Luiz Gonzaga tem porte para receber 250 turistas, distribuídos em dois pavimentos, um restaurante a bordo, músicas regionais que vão dando o clima para quem está no passeio. Aos poucos, o barco vai avançando pelas águas esverdeadas e transparentes do Velho Chico, mostrando as belezas lapidadas há milhares de anos e que parecem foram colocadas lá pelas mãos do próprio homem.

“O cânion do Rio São Francisco é o quinto maior do mundo e o maior em extensão navegável; possui águas verdes e transparentes e apresenta uma profundidade de até 170m e extensão de 65km e uma largura que varia entre 50 e 300 metros. As rochas das encostas são de granito avermelhado e cinza. Destaca-se nessa área o riacho do Paraíso do Talhado e o Morro dos Macacos”, explica o marinheiro.

O catamarã Luiz Gonzaga também tem medidas de segurança e logo no começo do passeio uma moça, por meio de gestos e com ajuda do marinheiro, vai ensinando como usar o colete salva-vidas, que fica disposto para os tripulantes usarem em caso de emergência.

Fernando Monteiro estava com um grupo de sete pessoas, vindas de São Paulo, chegou a Alagoas tinha dois dias e um pouco tímido falou da beleza do passeio; “Só falta o sol”, disse ele, ao olhar o tempo nublado e quente, com sensação térmica de 40 graus no barco.

A estudante Márcia Ramiro, da Paraíba, disse que gostou de tudo no passeio, inclusive de conhecer a hidrelétrica do Xingó. No catamarã ela disse que deseja voltar, assim que tiver oportunidade, para fazer o mesmo passeio.

PLATAFORMA


Chegando à plataforma, depois de uma hora de passeio, o catamarã dá uma parada de mais uma hora para o banho e quem se dispõe vai de barco pequeno até umas cavernas que existem entre um paredão e outro. No pequeno barco o passeio custa R$ 5. Na volta, o locutor-marinheiro vai dando mais explicações sobre o passeio.

“Calcula-se que os paredões, acima das águas, têm mais de cem metros de altura.  Alguns pesquisadores avaliam que em milhares de anos a área foi mar, que depois recuou e levou a parte amolecida e deixou os paredões com as formas que tem hoje”, explica.


O marinheiro ressalta que antes do represamento das águas do Velho Chico, o local era um riacho de apenas três metros de profundidade. “Depois, com a construção da usina de Xingó, o rio foi represando e tem uma profundidade de 120 metros e nem assim o rio chegou aos paredões”, conclui o marinheiro.

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