A preservação da história e da cultura,
em Piranhas, a imponência da usina de Xingó e o lago represado encantam os
visitantes
Olívia
de Cássia – Repórter
(Texto e fotos)
As
belezas do Rio São Francisco, no Estado de Alagoas, proporcionam o crescimento
do turismo regional, atraem visitantes de vários estados e países e comprova
aquela máxima de que o turismo não se resume apenas à beleza de nossas praias e
lagoas. A reportagem da Tribuna Independente foi ao Sertão e constatou que o turismo na região está
crescendo e que o Nordeste não é só de sofrimento, terra árida e seca.
Em
Piranhas, um pequeno município de pouco mais de 20 mil habitantes, localizado
no oeste do estado, o visitante pode: além de fazer passeio de catamarã, ter a oportunidade de saborear
delícias da culinária local, além de fotografar a cidade, que preserva sua
cultura e sua história. O município está localizado entre o Rio São Francisco e
montanhas rochosas e arenosas; foi reconhecido como patrimônio histórico
nacional pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan.
No
centro cultural da cidade, a prefeitura construiu uma praça para homenagear o
cantor Altemar Dutra. “Altemar era um apaixonado por Piranhas e sempre que
podia estava aqui e por isso a prefeitura mandou edificar uma estátua em sua
homenagem e construir essa praça”, explica Márcio Nascimento, coordenador da
excursão e empresário de receptivo.
Márcio
Nascimento, que levou um grupo de 15 pessoas para conhecer o Sertão, explica
que a cidade ficou nacionalmente conhecida por ser o local onde a cabeça de
Lampião ficou exposta após a decapitação. “Em Piranhas também foi rodado o
filme Baile Perfumado, com o mesmo tema do cangaço. No museu da cidade o
visitante pode ainda ver várias fotos de Lampião”, ressalta.
A
cidade histórica tem tudo muito preservado: limpeza das ruas, casario antigo e
conservado, a velha estação, com a Maria Fumaça, que está exposta na praça para
que o turista leve de lembranças muitas fotos, e ao lado a beleza do Rio São
Francisco.
Piranhas
também tem uma igrejinha lá no alto de um morro; mirantes de onde é possível
ver toda a cidade histórica e fazer belíssimas fotos. Márcio Nascimento explica
que a cidade oferece passeio de catamarã pela
chamada Rota do Cangaço. “E para quem gosta de apreciar a natureza e caminhar
por trilhas, uma opção imperdível é a fazenda Mundo Novo, o primeiro parque
temático da caatinga do Brasil, também localizada no município de Canindé do
São Francisco, em Sergipe”, pontua.
XINGÓ
A
reportagem aproveitou o passeio para conhecer a Usina Hidrelétrica de Xingó,
uma das mais importantes do país e que está levando melhorias à região. A visita começa com a sala onde
está entalhada em madeira a maquete da usina, de tamanho 500 vezes menor que o
da original. Depois uma guia de turismo da empresa nos leva para um passeio
para conhecer as barragens de desvio e as turbinas da usina.
“É
impressionante a grandeza da hidroelétrica: são seis turbinas. A usina é
responsável pelo abastecimento de 25% da energia consumida pelo Nordeste”,
explica a funcionária, que vai aos poucos fazendo um relato de como foi
construída e o que foi preciso ser feito na região para que se adaptasse à
construção.
Passeio pelo lago represado provoca
emoções e aplausos
O
passeio pelo lago represado pelas águas do Rio São Francisco, com a construção
da Usina de Xingó, emociona e leva os turistas a aplaudirem o cenário. “O sertão nordestino precisa
apenas de um olhar especial, aplicação correta dos investimentos federais e
políticas voltadas ao homem do campo”, observa amineira Márcia Ranulfo.
Ela
estava a bordo do catamarã Luiz Gonzaga, fazendo o passeio; Márcia Ranulfo, assim como outros
turistas que estavam no barco, ficou encantada com o que viu: “É uma emoção
indescritível isso aqui; uma beleza estonteante, difícil de a gente descrever.
A gente vai se aproximando dos paredões e a emoção aumenta; em pensar que a
natureza levou milhares de anos para esculpir essa maravilha”, pontuou.
Durante
o passeio, um marinheiro vai explicando ao microfone as características do
local: o catamarã Luiz Gonzaga tem porte para receber 250 turistas,
distribuídos em dois pavimentos, um restaurante a bordo, músicas regionais que
vão dando o clima para quem está no passeio. Aos poucos, o barco vai avançando
pelas águas esverdeadas e transparentes do Velho Chico, mostrando as belezas
lapidadas há milhares de anos e que parecem foram colocadas lá pelas mãos do
próprio homem.
“O
cânion do Rio São Francisco é o quinto maior do mundo e o maior em extensão
navegável; possui águas verdes e transparentes e apresenta uma profundidade de
até 170m e extensão de 65km e uma largura que varia entre 50 e 300 metros. As
rochas das encostas são de granito avermelhado e cinza. Destaca-se nessa área o
riacho do Paraíso do Talhado e o Morro dos Macacos”, explica o marinheiro.
O
catamarã Luiz Gonzaga também tem medidas de segurança e logo no começo do
passeio uma moça, por meio de gestos e com ajuda do marinheiro, vai ensinando
como usar o colete salva-vidas, que fica disposto para os tripulantes usarem em
caso de emergência.
Fernando
Monteiro estava com um grupo de sete pessoas, vindas de São Paulo, chegou a
Alagoas tinha dois dias e um pouco tímido falou da beleza do passeio; “Só falta
o sol”, disse ele, ao olhar o tempo nublado e quente, com sensação térmica de
40 graus no barco.
A
estudante Márcia Ramiro, da Paraíba, disse que gostou de tudo no passeio,
inclusive de conhecer a hidrelétrica do Xingó. No catamarã ela disse que deseja
voltar, assim que tiver oportunidade, para fazer o mesmo passeio.
PLATAFORMA
Chegando
à plataforma, depois de uma hora de passeio, o catamarã dá uma parada de mais
uma hora para o banho e quem se dispõe vai de barco pequeno até umas cavernas
que existem entre um paredão e outro. No pequeno barco o passeio custa R$ 5. Na
volta, o locutor-marinheiro vai dando mais explicações sobre o passeio.
“Calcula-se
que os paredões, acima das águas, têm mais de cem metros de altura. Alguns pesquisadores avaliam que
em milhares de anos a área foi mar, que depois recuou e levou a parte amolecida
e deixou os paredões com as formas que tem hoje”, explica.
O
marinheiro ressalta que antes do represamento das águas do Velho Chico, o local
era um riacho de apenas três metros de profundidade. “Depois, com a construção
da usina de Xingó, o rio foi represando e tem uma profundidade de 120 metros e
nem assim o rio chegou aos paredões”, conclui o marinheiro.
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