Olívia de Cássia - jornalista
Natal e Ano-Novo para mim sempre foram datas que me deixavam
introspectiva, chorosa e pensativa, saudosa de pessoas queridas e de coisas que
eu nem avaliava que me fizessem tão densa, tão introspectiva. Os anos passaram
e continuo sentindo as mesmas sensações, agora mais acentuadas com o peso da
idade e com as perdas dos anos vividos.
Agora, o ano-velho vai se despedindo aos poucos, nesta tarde saudosa, que cai, é quase
noite, dando lugar aos novos ares de um novo tempo, do ano-novo que se aproxima. A tarde está quente e faz lembrar
nossas tardes de verão de muitos anos que já se passaram, de muitas vivências e
de muito aprendizado.
Nessa época do ano lá em casa, em União dos Palmares, costumávamos
receber muitas visitas, de parentes que moravam fora e dos primos que iam
passar as festas em União. Era uma festa aquelas novidades: eu passava a noite
toda de conversa e muita folia nas camas, fazendo guerras de travesseiros,
fazendo confidências e ouvindo as das minhas primas.
Lá em casa não tinha luxo, mas não faltava o pão nosso de
cada dia, pois meu pai sempre foi um homem provedor e trabalhador, baseado na
fé que ele tinha e na sua perseverança. Era um tempo de muitas alegrias lá em
casa, de muitas brincadeiras e muitas aventuras com os amigos, pelas ruas de
União.
Não tínhamos shopping center, o Cine Imperatriz foi fechado,
mas não faltava criatividade para que a gente fosse feliz. Quantas aventuras
saborosas nós vivemos na terrinha amada! Na véspera de Natal a família ia para
missa; no Ano-Novo isso se repetia, isso quando éramos crianças.
Quando adolescentes, ficávamos loucos para a missa terminar
para irmos encontrar e confraternizar com os amigos ou ir para as boates nos
divertir a noite toda. Lá em casa tinham muitas regras, que eu quase sempre
quebrava e terminava apanhando muito por isso, literalmente.
A orientação dos meus pais era para dez horas estarmos todos
em casa. Meus irmãos sempre chegavam primeiro e eu, para variar e confirmar
minha rebeldia, sempre chegava à meia noite ou depois, cheirando a bebida e o resultado não era dos mais promissores.
Às vezes os amigos ou algum paquera me deixavam na frente de casa, batiam na porta e corriam,
porque minha mãe era muito brava e não admitia que eu chegasse em casa com
meninos, namorados ou amigos.
Se dependesse dela tinha me isolado numa bolha para que eu não tivesse tido contato com eles, do medo que ela tinha que eu sofresse por causa das minhas paixões, receio que ela não pôde impedir resultando em muitas brigas de nós duas.
Depois do tempo passado eu sinto falta até dessas rusgas que
tínhamos; saudade dos conselhos que eu protestava e achava ultrapassados, como
toda adolescente rebelde, saudade dos ensinamentos, da religiosidade do meu
pai, da sua cumplicidade comigo e dos nossos encontros e bate-papos que me
ensinaram tanto.
Hoje para mim, assim como no Natal, não será um dia de
grandes comemorações, pois ainda está
muito recente o falecimento do meu irmão Petrônio; no entanto eu tenho certeza
de que ele está bem, de que está ao lado dos nossos pais e entes queridos que
já se foram também.
Para finalizar, eu quero aproveitar o espaço do blog para desejar a todos os
meus leitores um Ano-Novo de esperança, renovação da nossa fé, paz interior,
saúde e harmonia, que o resto a gente corre atrás. FELIZ 2014!
Nenhum comentário:
Postar um comentário