Olívia de Cássia – jornalista
Essa dor que eu e minha família estamos sentindo, pela perda
do meu irmão Petrônio José, na última sexta-feira, 6, é uma dor já sentida
várias vezes, pela perda de outros entes queridos, igual ou da mesma intensidade à dor de quando
perdi meus pais.
Tenho a consciência de que a gente não entende os desígnios
de Deus; só ele sabe o que é melhor para todos nós, mediante a dor e ao destino
de cada um. Mas perder um irmão que era sempre presente em minha vida me causa
um vazio enorme.
Dentro de mim existe um turbilhão de sentimentos: de
saudade, de vazio, de me sentir tão pequena e impossibilitada de mudar o
destino, que às vezes sou capaz de me sentir invisível. Nós não somos nada
diante da vida e não levaremos nada dela, apenas as boas ações, como diria o
poeta.
De que adianta ter orgulho, ser egoísta, valorizar bens
materiais se quando chega aquela hora fatal todos nós somos igualados? Ver meu
irmão sofrendo daquele jeito também me causava um desespero, sem poder fazer
nada diante de tudo aquilo; fazia a gente se sentir incompetente, impotente, um
nada.
Nesta terça-feira, 10, vai fazer 12 anos que também perdi minha
mãe Antônia e minha vida ficou mais vazia, posto que já tinha perdido meu amado
pai. Daquele dia em diante passei a me sentir mais sozinha, mas pelo menos eu
avaliava que teria o conforto dos meus irmãos e o apoio moral que eu precisava,
já que estava num período de transição da
minha depressão.
Mas me conforta saber ou pensar que Petrônio foi se juntar a minha mãe dona Antônia e ao meu pai que
tanto o amavam. Sei que vai passar muito tempo para que essa dor tão forte passe
dentro da gente.
Depois ficarão apenas as boas lembranças, o sorriso dele, as
histórias que teremos para contar das suas aventuras boemias quando tinha
saúde, o ceticismo diante de fatos da vida e a conformidade diante da sua condição
de cadeirante nos últimos anos.
Todos que conheceram o meu irmão sabem do bom coração dele, da
boa vontade com os amigos e familiares, sempre solidário e disposto a ajudar de
alguma forma, na medida do que pudesse fazer.
O legado que o meu irmão deixou foi de ensinamento de uma
pessoa de coração puro, inconformado com as injustiças. Que Deus, na sua
infinita bondade, reserve para ele um lugar de paz e de luz. Te amo, meu irmão.
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