quinta-feira, 8 de abril de 2010

Nada a comemorar

Olívia de Cássia – jornalista

No dia 7 de abril, quarta-feira última, comemorou-se o Dia do Jornalista. A data é referendada desde a fundação da Associação Brasileira de Imprensa, em 1908. Dessa época para cá a categoria teve muitas conquistas como a regulamentação da profissão, a luta por piso salarial digno, carga-horária de trabalho regulamentada, acordo salarial entre outras bandeiras de mobilização, em nível nacional.
Este ano, avalio eu, não tivemos muitos motivos para comemorar a data, já que recebemos várias notícias negativas com relação a nossa profissão e a principal delas foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que nosso diploma não é mais obrigatório para exercer a profissão de jornalista. Mas a luta não para por aí e vários têm sido os desdobramentos com relação a essa questão, a exemplo da PEC que está tramitando no Congresso Nacional para regulamentar a profissão.
A Fenaj está conclamando a categoria para ampliar o movimento pela aprovação das Propostas de Emenda Constitucional que tramitam no Congresso Nacional prevendo o restabelecimento do diploma e a luta para que as deliberações da 1ª Conferência Nacional de Comunicação sejam postas em prática, configurando políticas para o setor efetivamente a serviço do interesse público, da desconcentração da propriedade dos veículos e da democracia.
Segundo denúncias dos informativos da categoria, em todo o País, os profissionais estão sendo massacrados com uma sobrecarga de trabalho que extrapola as cinco horas diárias, como manda a lei e os nossos direitos estão sendo desrespeitados, cotidianamente. As informações de irregularidade são muitas.
A dignidade da profissão foi conseguida com muita luta. Enfrentamos uma ditadura e muitos perderam a vida lutando por liberdade de expressão e pela democracia. Aqui em Alagoas tivemos vários companheiros que se destacaram nessa luta, no sindicato, por melhores condições de trabalho e por melhoria salarial, em defesa de uma sociedade mais justa.
Estamos em campanha salarial, cuja data-base é o mês de maio, em Alagoas, e até agora o que foi oferecido para a categoria foi uma migalha, a metade da inflação, em detrimento do lucro dos donos das empresas de comunicação que se avoluma a cada dia. É muito difícil exercer uma profissão com dignidade se você não tem condições dignas de sobrevivência.
Por outro lado, até a licença-maternidade, em algumas empresas de comunicação do estado está sendo negada. Em negociação realizada com jornalistas, na Superintendência Regional do Trabalho, donos de rádios, jornais, TVs e sites de notícia do Estado negaram a ampliação da licença-maternidade para as mulheres jornalistas, que reivindicam esse direito na Convenção Coletiva de Trabalho.
Os patrões alagoanos também negaram reajuste para o valor do auxílio-creche (R$ 100) - pago para não construir creches - e se recusam a repor as perdas da inflação nos salários dos jornalistas. Diante de tantas conquistas que tivemos no passado e da situação que estamos vivenciando no presente, não há, na minha humilde avaliação de jornalista, motivos para comemorar a data, que em outras épocas significou tanto para nós.
Fica daqui a minha indignação e o desejo de que esses empresários que comandam os meios de comunicação no Estado se sensibilizem e revejam a questão. Quanto ao nosso diploma ainda teremos muitas lutas na Justiça.

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