Olívia de Cássia – jornalista
E quando a gente menos espera, já é Natal; o ano passou como
um furacão e nem realizamos as promessas do ano anterior. Tudo aquilo que
idealizamos foi ficando para trás e muita coisa perdeu a prioridade e a
importância. Já foi.
Parece que foi ontem que brindamos a chegada de um Ano-Novo:
o tempo passa muito depressa e a gente nem vê. Estamos tão ocupados no dia a
dia com nossos afazeres, que às vezes nos esquecemos de viver o que a vida tem
de melhor.
Às vezes partimos do princípio de que precisamos estar numa
correria desenfreada pela sobrevivência, pelos bens materiais e nem temos tempo
de olhar as flores em nosso caminho; a delicadeza dos pássaros e das cores. A
vida vai passando depressa e nem saboreamos tudo aquilo que ela nos oferece.
Em 9 de janeiro, já estarei completando idade nova e nem me
acho com essa idade toda. Nessa época do ano sempre me ponho pensativa e
introspectiva. Talvez pelas perdas que já tive de tantos entes querido que já
se foram e talvez eu tenha esquecido de valorizar.
Eu ainda prefiro preservar meus hábitos, meus gostos
musicais, leituras e tudo aquilo que angariei em termos de conhecimento que a
vida me trouxe. Faltando poucos dias para a chegada de 2016, ainda não acredito
que este ano já esteja chegando ao fim. Para algumas pessoas, 2014 nem acabou. O
inacreditável ano cheio de complicações para o nosso país.
A corrupção desenfreada sendo descoberta, que antes ficava
embaixo do tapete e que enoja a gente que tem princípios e deixa os demagogos
de plantão com a pulga atrás da orelha. Nuances na esfera política que a gente
nunca imaginava que poderiam vir a acontecer.
Em se tratando de briga pelo poder, eu não me surpreendo
mais com nada; não podemos esperar muito de alguns dos nossos ‘líderes’,
infelizmente. A ambição, na maioria das vezes supera o entendimento do que seja
ética para muitos. Os homens (seres humanos) se perderam no caminho nessa seara.
Perderam-se no egoísmo e na luta para não perder o status
quo. Começo a pensar que todo ano nossas avaliações se repetem; erros e acertos
também e aquele desejo de sermos melhores a cada ano vai se diluindo com o
passar do tempo.
Entendo que muita coisa independe de nós, em algumas
ocasiões. Um projeto coletivo tem suas
divergências, até para ser mais fortalecido numa democracia, mas muitas vezes
algumas situações me fogem à compreensão.
Avalio eu que precisamos procurar compreender o que nos foge
à percepção; conhecer e não fazer julgamentos precipitados a respeito de tais e
tais questões. Para cada situação é necessário encontrar um argumento plausível
e aceitável.
Segundo Maurício Tragtenberg, na Revista Espaço Acadêmico, “as diferenças pessoais tornam-se
incompatibilidades políticas; invejas tornam-se discordâncias de procedimento;
questões menores se transformam em argumentos diversos”, mas é preciso “pronunciar
as palavras certas, que não denunciem a expressão individual oculta ou
subalterna”, observa. Para refletir.
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