Olívia de Cássia - jornalista
E chegamos a mais um ano comemorativo à consciência negra no
Brasil, quando se festeja o líder da revolução do Quilombo dos Palmares, ícone
da luta pelos direitos dos negros no país, o herói da liberdade Zumbi dos
Palmares, lembrado na quinta-feira, 20 de novembro.
O Dia da Consciência Negra é de festa para o povo negro,
para quem defende os direitos humanos, a democracia, a liberdade e a cultura,
mas também é de reflexão e este ano tem que ser um pensar mais profundo diante
de tantos acontecimentos racistas, intransigentes, reacionários e retrógrados
que se deram no processo eleitoral brasileiro deste ano e que ainda persiste por esses dias.
Depois de muitos séculos desse grito de liberdade dado por nosso
herói Zumbi, em defesa da liberdade e contra a escravidão, parece que uma parte
da sociedade brasileira está embrutecida e retrocede em algumas questões do
pensamento e de ações. Lamentavelmente não só adultos, mas jovens também.
Por muito tempo, os meios de comunicação – refletindo a
postura de boa parte da sociedade ocidental – fizeram o possível para
desvalorizar qualquer estética ou aspecto de herança da cultura negra e ignorou
a nossa mistura de raças.
Muitos brasileiros residentes no Sul e Sudeste demostraram o
preconceito e o atraso político, blasfemando injúria, frases difamatórias e sua
ignorância cultural nas redes sociais contra nordestinos.
Bem se vê que há falta informação a esse povo anestesiado
por uma filosofia elitista, burguesa que
só percebe o próprio umbigo e suas vidas medíocres, desprovidas de afeto, conhecimento,
de respeito, de fraternidade e de solidariedade. Não percebem o quanto são
burros na sua ignorância.
Mesmo depois de tantos avanços como resultado das
reivindicações dos movimentos sócias e
que foram implantados pelo governo federal, nesses doze anos, como a questão
das cotas raciais nas universidades, políticas públicas para os menos
favorecidos e outros benefícios para um
povo que foi escravizado e discriminado durante tanto tempo, ainda tem gente no
país que defende o pior.
Essa gente ignora a dívida que o país tem com o povo negro, que
foi tratado como burro de carga durante tantos séculos, para enriquecer o país
e elite cafeeira e sucroalcooleira.
O 20 de novembro nos serve para reavivar a nossa história, os nossos conceitos, a nossa cultura e para que a gente pense que pode lutar ainda mais para conseguir a igualdade dentro da diversidade de cores, de ritmos e de pensamentos; esse caldo de cultura que é o nosso país.
O 20 de novembro nos serve para reavivar a nossa história, os nossos conceitos, a nossa cultura e para que a gente pense que pode lutar ainda mais para conseguir a igualdade dentro da diversidade de cores, de ritmos e de pensamentos; esse caldo de cultura que é o nosso país.
Precisamos fazer um resgate da nossa bela herança cultural e resistir sempre,
contra a tentativa de que o país volte a
um regime ditatorial, onde não se podia se quer falar mal do governo ou de quem
quer que seja que estivesse no poder.
Precisamos garantir a nossa Constituição e enterrar de vez
esse tipo de pensamento que só atrapalha o desenvolvimento e o crescimento do
país. Nosso grito de liberdade, iniciado por Zumbi, tem que ser permanente e
não se dispersar.
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