quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Os muros da história

Olívia de Cássia – jornalista

O segundo turno das eleições presidenciais desse ano a gente sabia que não ia ser fácil para a presidente Dilma e que os adversários iam usar suas armas para tentar desconstruí-la. Eu continuo com minha postura de antes e já declarei meu apoio à presidente: voto Dilma 13, porque acredito que é a melhor proposta apresentada para o Brasil.

Declarar apoio à presidente não quer dizer que não tenha havido erros nos governos do PT, mas ninguém é perfeito e os erros são feitos para ser reparados. 

Daqui para o dia 26 de outubro, quando acontece o segundo turno das eleições, muita história mal contada vai aparecer na mídia, que já declarou seu lado desde o primeiro turno e tem feito de tudo, principalmente as Organizações Globo, para tentar ruir o projeto de Dilma.

Política é um jogo e às vezes muito sujo; é a arte do conchavo e muitas vezes não tem regras: torna-se uma guerra de factoides. Eu sempre tive lado e nunca escondi de ninguém e por conta do meu modo de pensar já vivi situações inusitadas. Isso não significa que eu tenha renunciado à minha maneira de pensar e de ser, apesar de a maturidade ter me dado mais discernimento da vida. 

Tenho sido crítica quando precisa, não aceito tudo de venda nos olhos, como muitos dizem e, diferente de muita gente acostumada a mudar de rumo ao sabor das conveniências, por trás de possíveis cargos que por acaso possa ocupar em um ou outro lugar, sempre tive uma postura política e todos o sabem.  

Li a carta do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) explicando o motivo de seu apoio à reeleição da presidente Dilma Roussef (PT), dizendo que apesar das críticas que tem ao PT, a candidatura de Dilma é o que se apresenta de menos ofensivo para a sociedade.

“O muro não é meu lugar, definitivamente. Nunca gostei de muros, nem dos reais nem dos imaginários ou metafóricos. Sempre preferi as pontes ou as portas e janelas abertas, reais ou imaginárias”, ressaltou.

O deputado disse ainda que o certo é avaliar com discernimento e escolher o lado do muro que está mais de acordo com o que se espera da vida. Segundo Jean Wyllys, o correto é tomar posição: posicionar-se mesmo que a posição tomada não seja a ideal, mas a mais próxima disso. “Jamais lavar as mãos como Pilatos”, explicou.

Também li um texto sobre muros para me inspirar e escrever agora. Na idade média, as cidades muradas eram constituídas para proteger suas comunidades do invasor, da barbárie. Os muros de nossa história contemporânea tentam impedir os avanços para as classes menos favorecidas.

“Por trás de uma função comum, que é tentar impedir, de modo absoluto, a transposição, pela população, da fronteira entre duas unidades políticas distintas”, os muros sociais diferenciam-se do seu congênere mais famoso de nosso passado recente, o muro de Berlim, também conhecido como o muro da vergonha.  

Temos que ter um lado na vida, ter opinião formada, mesmo que às vezes a gente mude de lado. Eu escolhi estar do lado daqueles que têm um pensamento que se aproxima do meu, embora que em alguns momentos eu discorde de algumas falas e atitudes.

Nesse momento importante do país eu não posso estar do lado de um projeto que quase levou o país à derrocada. Um tempo de arrocho salarial e de desvalorização dos trabalhadores. A história dirá, num futuro próximo de que lado está a verdade ou o lado menos ruim para o país, mas as amizades não podem ficar comprometidas por conta de campanha eleitoral e política.

É preciso observar e conhecer as ideias que estão colocadas agora. É o futuro do Brasil que está em jogo, não podemos deixar que os avanços proporcionados ao país durante esses doze anos sejam colocados em risco. E que cada um tenha o discernimento de saber o que é melhor para si e para o país. Boa noite!

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