domingo, 26 de outubro de 2014

Maratona de estudos para o Enem exige disciplina e dedicação de candidatos


Estudantes se preparam em cursinho, numa maratona de provas, simulados, plantões, aulões e revisões

Professor avalia que os pais devem incentivar a preparação dos filhos desde o primeiro ano


Olívia de Cássia – Repórter
 Tribuna Independente

Uma maratona de provas, simulados, plantões de até 20 horas, aulões, revisões, estudos, muita disciplina e dedicação. É assim que são encaradas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que serão aplicadas em todo o País nos próximos dias 8 e 9 de novembro, pela maioria dos alunos.

O Enem é considerado um dos exames mais importantes da atualidade, pois abre portas para o ensino superior por meio de programas que dão bolsas de estudo em universidades públicas e privadas, como o Prouni – Programa Universidade para Todos e Sisu – Sistema de Seleção Unificada.

O professor Daniel Camerino, proprietário de um cursinho no bairro da Jatiúca, em Maceió,  trabalha com matérias isoladas como: Matemática, Física, Redação e Português. Ele observa que o aluno para se preparar para a maratona do Enem tem que estudar com antecedência e sugere que os pais que tenham alunos que fazem o primeiro ano, que comecem a dar um incentivo maior, para que eles criem uma base desde cedo.

“É indicado que os pais comecem a dar ‘um gás maior’ aos seus filhos desde o primeiro ano, porque quando eles chegarem ao terceiro já estarão totalmente prontos”, explicou. Segundo Daniel Camerino, o aluno tem que ter muito cuidado com a prova de redação: “É uma matéria que está eliminando muitos alunos”, observa.

Outra matéria considerada de difícil desempenho é a matemática, o ‘bicho papão’ para os alunos: “São 45 questões a serem resolvidas e é onde há o índice maior de erros”. Segundo o professor, se o aluno acerta 35 questões em matemática ele vai fazer 800 pontos; se fizer 35 em outra matéria vai fazer 650 a 700 pontos. “Existe um desvio muito grande”, observa.

Segundo o professor Daniel Camerino, hoje o curso mais cobiçado é Medicina. “Oitenta por cento dos meus alunos farão Medicina: tem que fazer uma média de 770 pontos, para poder brigar por uma vaga na Universidade Federal de Alagoas (Ufal)”, ressalta.

Medicina, Direito e Engenharia são os cursos de nível mais alto, mas se o aluno se prepara, desde o começo e refaz as provas dos exames anteriores, esse bom aproveitamento faz com que ele vá tendo um desempenho melhor. Para o professor Daniel Camerino, a dedicação dos alunos nessa etapa dos estudos não é exagero: significa que ele tem metas.

“Tenho alunos hoje que estudam de oito a dez horas por dia, fora o colégio. Esses meninos hoje não saem, não vão ao cinema e estudam de domingo a domingo,  mas eu vejo eles sendo aprovados e isso é muito bom”, ressalta.

O educador também destaca que os alunos vivem bem dessa forma, decididos no que querem: “Depois eles vão curtir a vida como entenderem e devem associar os estudos a alguma atividade física; mas quem quer ser alguma coisa, não pode pensar em lazer; tem que ter o momento da atividade física e do estudo. O lazer, muitos dizem, só quando passar”, destaca.

Segundo o professor, o desempenho do aluno depende de cada um. “Tenho aluno que estuda só quatro horas e se sai muito bem nas provas; cada um tem que ver o seu limite e ter  disciplinamento. Os pais cobram muito; tenho aluno que fazia Direito e que está fazendo Medicina por pressão dos pais e às vezes nem termina o curso; acontece isso direto”, pontua.

Daniel Camerino disse ainda que os alunos são muito disciplinados e que não existe um nível de competição desenfreada entre eles. “Tenho aluno que já é formado em Odontologia e vai tentar Medicina; outro estuda das 14h às 18h Português e ele leva à risca o estudo”, observa.

Para melhorar o desempenho de seus alunos o  professor informa que próximo dia 1º de novembro haverá um aulão  para mais de 400 alunos em uma casa de shows de Maceió.  “Vai ser um evento diferente, com vários professores dando dicas; a inscrição é uma lata de leite as aulas serão apenas para os meus alunos”, observa. 

Aluna diz que vai fazer o Enem por experiência

A estudante Beatriz Rodrigues Gusmão tem 16 anos e faz o segundo ano do Ensino Médio; ela  disse que vai fazer o Enem por experiência: “Quero saber como são as provas para me familiarizar com o que é cobrado no exame; quero ver as dificuldades que tenho em alguma matéria para estudar mais, corrigir os erros e me preparar melhor”, observou.

Segundo Beatriz Gusmão, seu sonho é fazer Medicina: “Sei que é muito concorrido; hoje consigo conciliar os estudos com um pouco de diversão, mas no próximo ano sei que vai ser mais difícil: o colégio que estudo é exigente e a gente precisa estudar bastante para acompanhar. No terceiro ano, é ainda mais puxado, tem aula e prova quase todo fim de semana; temos simulado aos sábados e domingos com 90 questões por dia, daí não sobra muito tempo para o lazer”, explica a aluna.

Gabriel Alves está cursando o terceiro ano do ensino médio  e disse que dividiu o seu horário de estudos da seguinte forma: no primeiro semestre estudou só um horário, mas agora está estudando os três horários para enfrentar a bateria de provas, revisões, aulões e simulados.

“Estou estudando os três horários: na escola; matéria isolada; cursinho preparatório ; Inglês à noite e aos sábados aulões. Sobra o domingo para o lazer que se resume a ir ao cinema, shopping ou praia”, explica.
Gabriel Alves argumenta que não sofre pressão dos pais para estudar: “Pelo contrário, eles dizem para não me dedicar muito que no próximo ano tem de novo, mas a pressão é particular, é minha mesmo e dos amigos”, destaca.

O estudante também pontua que há muita competição entre eles: “Muitos não querem estudar tudo de novo e a concorrência é entre os amigos mesmo. No meu caso vou fazer Publicidade, Propaganda e Marketing e meus pais não interferem na minha escolha”, explica.

 Psicólogo diz que a ansiedade é um dos maiores problemas na hora da prova

Aflição, agonia, impaciência, inquietação. Esses são alguns sinais da ansiedade apresentados pelos estudantes na hora da prova; é preciso aprender a controlar, para ter um bom desempenho nos estudos, segundo especialistas.  Aprender a lidar com ela é fundamental para garantir uma vida saudável. E para isso, é preciso entender os seus mecanismos.

Segundo o psicólogo Arnaldo Santtos, a  ansiedade é um transtorno que tem características bastantes peculiares: é o pensamento voltado para o futuro. Assim, a pessoa se torna escrava de algo que pode ou não acontecer, tamanha é a expectativa ansiedade é a maior inimiga do estudante às vésperas do vestibular ou outro exame como o Enem.

Graças a um mecanismo de sobrevivência, segundo ele, ao ficarmos ansiosos, nosso organismo identifica com isso uma situação de perigo chegando. É o momento em que o corpo precisa reagir para fugir ou para lutar, seguindo algumas dicas, é possível administrar o estresse para não se prejudicar.

O psicólogo Arnaldo Santtos observa que os estudantes quando estão submetidos a diversas provas ficam nesse estado de inquietação, que pode prejudicar no desempenho escolar. “Um fator agravante é que os estudantes são muitos jovens e ainda não têm o amadurecimento psíquico e nem biológico para definirem o que querem da vida, o que torna o comportamento deles mais intenso”, avalia. 

Outro ponto destacado por Arnaldo Santtos, é  que um comportamento excessivo nesta fase pode desencadear diversas fobias e uma delas é transtorno do pânico,  “quando a pessoa que passou por um excesso de estudo e não conseguiu êxito desejado pode, no futuro, desencadear esse transtorno”.

Segundo ele, é bom reconhecer que todo o excesso, sem exceção, indica um sinal de alerta, seja em qualquer atividade. “Tudo, mas tudo tem que ter um limite. Até amar tem limite. O amor incondicional, inclusive”, poetisa.

Para que os estudantes tenham um bom desempenho nas provas do Enem, que acontecem dias 8 e 9 de novembro, Arnaldo Santos analisa que é preciso ter limite: “É preciso ter metas, organização e planejamento. Os transtornos que surgirão no futuro por causa da falta de limite,  inquietações que têm sinais de  descontrole do que é e do que não é o real”, avalia. 

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