Professor avalia que os pais devem incentivar a preparação dos filhos desde o primeiro ano
Olívia de Cássia – Repórter
Uma maratona de provas, simulados, plantões de até 20 horas,
aulões, revisões, estudos, muita disciplina e dedicação. É assim que são
encaradas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que serão
aplicadas em todo o País nos próximos dias 8 e 9 de novembro, pela maioria dos
alunos.
O Enem é considerado um dos exames mais importantes da
atualidade, pois abre portas para o ensino superior por meio de programas que
dão bolsas de estudo em universidades públicas e privadas, como o Prouni –
Programa Universidade para Todos e Sisu – Sistema de Seleção Unificada.
O professor Daniel Camerino, proprietário de um cursinho no
bairro da Jatiúca, em Maceió, trabalha
com matérias isoladas como: Matemática, Física, Redação e Português. Ele
observa que o aluno para se preparar para a maratona do Enem tem que estudar
com antecedência e sugere que os pais que tenham alunos que fazem o primeiro
ano, que comecem a dar um incentivo maior, para que eles criem uma base desde
cedo.
“É indicado que os pais comecem a dar ‘um gás maior’ aos
seus filhos desde o primeiro ano, porque quando eles chegarem ao terceiro já
estarão totalmente prontos”, explicou. Segundo Daniel Camerino, o aluno tem que
ter muito cuidado com a prova de redação: “É uma matéria que está eliminando muitos
alunos”, observa.
Outra matéria considerada de difícil desempenho é a
matemática, o ‘bicho papão’ para os alunos: “São 45 questões a serem resolvidas
e é onde há o índice maior de erros”. Segundo o professor, se o aluno acerta 35
questões em matemática ele vai fazer 800 pontos; se fizer 35 em outra matéria
vai fazer 650 a 700 pontos. “Existe um desvio muito grande”, observa.
Segundo o professor Daniel Camerino, hoje o curso mais
cobiçado é Medicina. “Oitenta por cento dos meus alunos farão Medicina: tem que
fazer uma média de 770 pontos, para poder brigar por uma vaga na Universidade
Federal de Alagoas (Ufal)”, ressalta.
Medicina, Direito e Engenharia são os cursos de nível mais
alto, mas se o aluno se prepara, desde o começo e refaz as provas dos exames
anteriores, esse bom aproveitamento faz com que ele vá tendo um desempenho
melhor. Para o professor Daniel Camerino, a dedicação dos alunos nessa etapa
dos estudos não é exagero: significa que ele tem metas.
“Tenho alunos hoje que estudam de oito a dez horas por dia,
fora o colégio. Esses meninos hoje não saem, não vão ao cinema e estudam de
domingo a domingo, mas eu vejo eles
sendo aprovados e isso é muito bom”, ressalta.
O educador também destaca que os alunos vivem bem dessa
forma, decididos no que querem: “Depois eles vão curtir a vida como entenderem
e devem associar os estudos a alguma atividade física; mas quem quer ser alguma
coisa, não pode pensar em lazer; tem que ter o momento da atividade física e do
estudo. O lazer, muitos dizem, só quando passar”, destaca.
Segundo o professor, o desempenho do aluno depende de cada
um. “Tenho aluno que estuda só quatro horas e se sai muito bem nas provas; cada
um tem que ver o seu limite e ter
disciplinamento. Os pais cobram muito; tenho aluno que fazia Direito e
que está fazendo Medicina por pressão dos pais e às vezes nem termina o curso;
acontece isso direto”, pontua.
Daniel Camerino disse ainda que os alunos são muito
disciplinados e que não existe um nível de competição desenfreada entre eles.
“Tenho aluno que já é formado em Odontologia e vai tentar Medicina; outro
estuda das 14h às 18h Português e ele leva à risca o estudo”, observa.
Para melhorar o desempenho de seus alunos o professor informa que próximo dia 1º de
novembro haverá um aulão para mais de
400 alunos em uma casa de shows de Maceió.
“Vai ser um evento diferente, com vários professores dando dicas; a inscrição
é uma lata de leite as aulas serão apenas para os meus alunos”, observa.
Aluna diz que vai fazer o Enem por experiência
A estudante Beatriz Rodrigues Gusmão tem 16 anos e faz o
segundo ano do Ensino Médio; ela disse
que vai fazer o Enem por experiência: “Quero saber como são as provas para me
familiarizar com o que é cobrado no exame; quero ver as dificuldades que tenho
em alguma matéria para estudar mais, corrigir os erros e me preparar melhor”,
observou.
Segundo Beatriz Gusmão, seu sonho é fazer Medicina: “Sei que
é muito concorrido; hoje consigo conciliar os estudos com um pouco de diversão,
mas no próximo ano sei que vai ser mais difícil: o colégio que estudo é
exigente e a gente precisa estudar bastante para acompanhar. No terceiro ano, é
ainda mais puxado, tem aula e prova quase todo fim de semana; temos simulado
aos sábados e domingos com 90 questões por dia, daí não sobra muito tempo para
o lazer”, explica a aluna.
Gabriel Alves está cursando o terceiro ano do ensino
médio e disse que dividiu o seu horário
de estudos da seguinte forma: no primeiro semestre estudou só um horário, mas
agora está estudando os três horários para enfrentar a bateria de provas,
revisões, aulões e simulados.
“Estou estudando os três horários: na escola; matéria
isolada; cursinho preparatório ; Inglês à noite e aos sábados aulões. Sobra o
domingo para o lazer que se resume a ir ao cinema, shopping ou praia”, explica.
Gabriel Alves argumenta que não sofre pressão dos pais para
estudar: “Pelo contrário, eles dizem para não me dedicar muito que no próximo
ano tem de novo, mas a pressão é particular, é minha mesmo e dos amigos”,
destaca.
O estudante também pontua que há muita competição entre
eles: “Muitos não querem estudar tudo de novo e a concorrência é entre os
amigos mesmo. No meu caso vou fazer Publicidade, Propaganda e Marketing e meus
pais não interferem na minha escolha”, explica.
Psicólogo diz que a
ansiedade é um dos maiores problemas na hora da prova
Aflição, agonia, impaciência, inquietação. Esses são alguns
sinais da ansiedade apresentados pelos estudantes na hora da prova; é preciso
aprender a controlar, para ter um bom desempenho nos estudos, segundo
especialistas. Aprender a lidar com ela
é fundamental para garantir uma vida saudável. E para isso, é preciso entender
os seus mecanismos.
Segundo o psicólogo Arnaldo Santtos, a ansiedade é um transtorno que tem
características bastantes peculiares: é o pensamento voltado para o futuro.
Assim, a pessoa se torna escrava de algo que pode ou não acontecer, tamanha é a
expectativa ansiedade é a maior inimiga do estudante às vésperas do vestibular
ou outro exame como o Enem.
Graças a um mecanismo de sobrevivência, segundo ele, ao
ficarmos ansiosos, nosso organismo identifica com isso uma situação de perigo
chegando. É o momento em que o corpo precisa reagir para fugir ou para lutar,
seguindo algumas dicas, é possível administrar o estresse para não se
prejudicar.
O psicólogo Arnaldo Santtos observa que os estudantes quando
estão submetidos a diversas provas ficam nesse estado de inquietação, que pode
prejudicar no desempenho escolar. “Um fator agravante é que os estudantes são
muitos jovens e ainda não têm o amadurecimento psíquico e nem biológico para definirem
o que querem da vida, o que torna o comportamento deles mais intenso”, avalia.
Outro ponto destacado por Arnaldo Santtos, é que um comportamento excessivo nesta fase
pode desencadear diversas fobias e uma delas é transtorno do pânico, “quando a pessoa que passou por um excesso de
estudo e não conseguiu êxito desejado pode, no futuro, desencadear esse
transtorno”.
Segundo ele, é bom reconhecer que todo o excesso, sem
exceção, indica um sinal de alerta, seja em qualquer atividade. “Tudo, mas tudo
tem que ter um limite. Até amar tem limite. O amor incondicional, inclusive”,
poetisa.
Para que os estudantes tenham um bom desempenho nas provas
do Enem, que acontecem dias 8 e 9 de novembro, Arnaldo Santos analisa que é
preciso ter limite: “É preciso ter metas, organização e planejamento. Os
transtornos que surgirão no futuro por causa da falta de limite, inquietações que têm sinais de descontrole do que é e do que não é o real”,
avalia.
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