quinta-feira, 8 de julho de 2010

Brutalidade e barbárie

Olívia de Cássia – jornalista

A sociedade brasileira assiste chocada e estarrecida ao desfecho do assassinato, com requintes de crueldade, de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, do Flamengo. O caso chocou até a Polícia Civil mineira, cujo delegado deu depoimento emocionado, em coletiva à imprensa, de como tudo aconteceu. Segundo ele, Eliza foi torturada e morta e depois seu corpo foi desossado e dado a cachorros da raça rotwailler; os ossos foram concretados no local onde foi morta.
Segundo o depoimento do menor de 17 anos, que depôs confessando participação no desaparecimento da jovem, Bruno estava no sítio, viu Eliza com a cabeça ferida pelas coronhadas, acompanhou a ida da jovem para o sacrifício, e, dos envolvidos, era o mais tranquilo. A atitude do goleiro Bruno envergonha a nós flamenguistas e tanto ele quanto seus comparsas precisam pagar por essa barbaridade, se tudo isso for realmente a verdade como está parecendo.
Sou cristã, contra a violência e a pena de morte, mas nesses casos fico reavaliando minhas opiniões e meus conceitos. O crime é mais um nas estatísticas da violência contra a mulher, que aumenta assustadoramente a cada dia que passa no nosso país. São mulheres que, inadvertidamente, ou em busca de fama, se envolvem com homens, comprometidos, violentos ou com ligação com o tráfico de drogas e acabam sendo vítimas de suas escolhas erradas.
Segundo o jornal Última Hora, em dez anos, dez mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Esses dados são apenas um extrato do estudo Mapa da Violência no Brasil 2010, com base no banco de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus).
O Ceará é o 22º Estado no número de registro de homicídios de mulheres com taxa que ficam perto de três assassinatos em 100 mil mulheres. Elas morrem em número e proporção bem mais baixos do que os homens, mas o nível de assassinato feminino no Brasil fica acima do padrão internacional.
O índice se mantém em patamares quase constantes nos últimos anos, apesar de registrar ligeira queda em 2006 e baixou para 3.772 em 2007, segundo esse estudo. As estatísticas indicam que as taxas de assassinatos femininos no Brasil são mais altas do que as da maioria dos países europeus, mas ficam abaixo de nações que lideram a lista, como África do Sul e Colômbia.
Em Alagoas os casos de violência contra a mulher não fogem a esses índices. Todos os dias na grande imprensa são noticiados fatos como esses e apesar da aplicação da Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher vem crescendo de forma incontrolada, na capital e também no interior do Estado. Além dos casos de espancamentos, assassinatos, há também os casos de violência psicológica que são inúmeros.
As vítimas são, em sua maioria, jovens que residem em bairros da periferia, mas as que residem em locais menos violentos não estão livres dessa ação. Os crimes geralmente acontecem, segundo a polícia, depois de discussões proporcionadas pelo consumo de álcool e drogas pesadas e têm cunho passional na maioria das vezes.

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