sexta-feira, 7 de maio de 2010

O descrédito leva à irreverência
Olívia de Cássia-jornalista

Costuma-se dizer à boca miúda e nos círculos mais intelectualizados do País que os políticos por aqui, em sua maioria, estão desacreditados por conta das várias irregularidades cometidas constantemente e que tiveram grande repercussão na mídia. A população tem na classe política, segundo pesquisas, a mais desacreditada entre as instituições nacionais. Os escândalos se sucedem a passos largos.
O Poder Legislativo foi alicerçado para propor leis e fiscalizar o erário público, entre as suas mais nobres prerrogativas. Mas na maioria das vezes isso não acontece. O que deveria ser uma ação republicana acaba sendo um grande teatro, um grande circo, onde a farsa se torna pouco convincente para uma plateia já cansada de ser enganada.
Diante do envolvimento lamentável dessas ‘lideranças’ em irregularidades, para não citar termos mais fortes, as reclamações se ampliam e não é raro a gente ouvir que por conta disso as pessoas irão votar no que existe de pior na escala política brasileira, o que é uma pena. Política na sua essência é uma ciência séria, mas que foi desvirtuada ao longo de séculos.
Amparando-se nessa prerrogativa do descrédito dessas personalidades e do muito que faturam com suas tramoias, irregularidades e pantomimas, vão surgindo no cenário da política figuras hilárias, extravagantes, dignas da nossa compaixão, do escárnio e do riso.
Em 2006, o estilista Clodovil Hernandes lançou-se candidato a deputado federal e tornou-se o terceiro mais votado do País, com 493.951 votos ou 2.43% dos votos válidos. Falecido recentemente, ficou conhecido principalmente pela postura de polemizador e por declarações consideradas impróprias ou indelicadas, muitas vezes dirigidas a outras personalidades famosas. Entre outras polêmicas, foi acusado de racismo e antissemitismo.
Em 2008 figuras como a cantora Gretchen, o apresentador Sérgio Malandro, ex- BBBs e outros pretensos candidatos também se lançaram no cenário político, mas felizmente não obtiveram êxito. Este ano, segundo notícia veiculada nos principais meios de comunicação do Brasil, novamente seremos agraciados com figuras ‘televisivas’ candidatas, animadas com o fenômeno Clodovil.
Segundo o noticiário, ‘celebridades’ ensaiam o discurso para tentar transformar a fama em votos nas eleições de outubro. A lista vai de ex-participantes do "Big Brother" ao pentacampeão Vampeta, passando pelos ex-bad boys Romário e Edmundo, pelo trapalhão Dedé Santana e pela funkeira Tati Quebra-Barraco.
Além desses nomes, Kleber Bambam, vencedor do primeiro "BBB", há oito anos, aquele que conversava com um cabo de vassoura estilizado, sonha em trocar os bicos como cantor e animador de festas pelo ‘sossego’ de um mandato de deputado estadual. Já teria escolhido até a plataforma de campanha, pelo PTB-SP: o esporte. Bambam promete estudar para aprender as atribuições de um político. "Vou fazer um curso e pedir dicas para o meu cunhado, que é veterinário. Ele me instrui em tudo". É mole?
A lista é imensa e em Alagoas também devem surgir nomes com perfil parecido. Tudo bem, nós vivemos numa democracia e todos têm o direito de se manifestar e de pretender um lugar ao sol. Cabe a nós, eleitores, analisarmos de forma sensata e coerente se eles merecem nosso valioso voto.

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