domingo, 9 de maio de 2010

A feira e o comércio de União

Olívia de Cássia – jornalista

Chego à minha terra numa tarde de sábado muito abafada, de muito calor e movimento, momento em que está terminando a feira livre do centro da cidade. Pessoas que passam apressadas para voltarem para suas casas, outras entram e saem das lojas em busca do objeto desejado.
Homens e mulheres desarmam suas tordas e bancas e as colocam em carroças ou em carros abertos; outros levam na cabeça mesmo. Deixam para traz a sujeira de um dia inteiro de vendas e trânsito intenso de pessoas que passaram por ali, comprando e outros vendendo suas mercadorias.
São trabalhadores informais que colocaram seus produtos à venda nas ruas. No caso dos produtores rurais, o excedente de sua produção. A feira agora cresceu, agigantou-se e vende-se de tudo por ali. A formação de excedentes de produção acredita-se ser a principal causa da origem das feiras livres nas cidades.
Quando eu era criança costumava ir com meu avô Manoel Paes e ele me contemplava com pequenas compras que eu colocava na minha cestinha de palha. Ele também gostava de comprar livrinhos de literatura de cordel que eram comercializados ali e pedia para que eu ou outro amigo alfabetizado lesse para ele, pois meu avô não sabia ler.
Já mocinha e adulta eu ia à feira com minha mãe, ia ao Mercado Público rever os amigos. Gostava muito de ir ao mercado, pois era lá que encontrava muita gente conhecida. A feira de União, além do local de escoamento de produtos agrícolas e de aporte na economia do município, também é um ponto de encontro de donas-de-casa, local de negócios e de troca de informações.
Lá a gente encontra - além dos produtos agrícolas à venda -, as panelas de barro confeccionadas no Muquém e antigamente também na Rua da Ponte, a feira de mangaio, do lado do Mercado, produtos fabricados com corda, redes, roupas, que são adquiridas na Feira da Sulanca, em Caruaru, sapatos, comidas e tudo aquilo que se pode encontrar numa feira livre e muito mais.
O comércio central de União dos Palmares cresceu muito, diferente da época que eu morava lá. Antes se concentrava mais na Praça Basiliano Sarmento e no começo da Avenida Monsenhor Clovis ou na Praça Antenor Uchôa onde ficava o Cine Imperatriz, a mercearia e a padaria de seu Manoel Félix.
Contava com a farmácia de dona Gerusa, o foto Cabral, lojas de tecidos, o armarinho de seu Nequinho, loja de ferragens, sapataria, lojinha do seu Guilherme, o armarinho do seu Bilu, a loja de seu Zé Piloto, a mercearia do seu Floriano Bento, a lojinha do seu Edvar e a única butique da cidade era a de Rosiete Acioly. Esse era o comércio principal da cidade.
Com o passar dos anos se expandiu e está presente em todas as ruas do centro da cidade. União dos Palmares cresceu, ganhou ritmo e ares de cidade grande com a construção de hotéis e pousadas, grandes empreendimentos foram chegando como lojas de conveniências, padarias e muitas butiques. Em cada rua que a gente passa tem uma casa que foi transformada em ponto comercial como é o caso da Tavares Bastos, rua onde morei dos nove aos vinte e poucos anos, antes só de moradia e agora muito mais de negócio.

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