quarta-feira, 19 de maio de 2010



Denúncia de Dudu Albuquerque repercute na Assembleia

Olívia de Cássia – Jornalista
(Texto e fotos)

A denúncia do deputado Dudu Albuquerque (PSDC) de que o governador do estado, Teotonio Vilela Filho, exonerou 20 pessoas indicadas por ele, lotadas na CRE de Arapiraca, depois de o deputado ter votado na semana passada contra a PEC das Licitações, foi assunto de debate durante a tarde e começo da noite desta terça-feira, 18, na Assembleia Legislativa Estadual.
Três dias após denunciar um suposto esquema de troca de cargos para que garantir governabilidade na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o deputado utilizou a tribuna da Casa de Tavares Bastos para ratificar as acusações.
Ele voltou a afirmar que sofreu retaliação por ter votado contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Licitações e desafiou o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) a investigar esquemas semelhantes em outros órgãos, além de publicar no Diário Oficial do Estado (DOE) a lista com dos cargos comissionados.
De acordo com o deputado, o esquema foi montado na ALE pelo PSDB e consistia na oferta de 20 cargos comissionados para cada deputado da base aliada, onde dez receberiam R$ 2 mil e os outras dez contariam com R$ 1,5 mil. Ainda de acordo com o Albuquerque, seriam cerca de 500 servidores comissionados, que estariam lotados em diversas repartições públicas, mas que eles não trabalhariam por orientação do próprio governador.

SEXTAFEIRA
O líder do governo na Casa de Tavares Bastos, Alberto Sextafeira (PSB), foi primeiro a fazer uso da palavra Durante a sessão circularam no plenário 21 deputados. O presidente Fernando Toledo (PSDB) não apareceu e encaminhou requerimento que foi lido no plenário solicitando uma licença de 15 dias.
Sextafeira argumentou, sobre as demissões de Téo, reclamadas por Dudu, e explicou que o processo foi natural e que nos estados brasileiros e no mundo civilizado isso também acontece. “Se o senhor indicou a diretora da CRE (Coordenadoria Regional de Ensino) e não fiscalizou o senhor está prevaricando. Num governo responsável tem que tomar providência”, observou. O líder de Téo Vilela disse ainda que o governo deve adotar uma sindicância administrativa para apurar o fato.
EDVAL GAIA
O deputado Edval Gaia (PSDB, em aparte ao deputado do PSB, disse que a atitude do governador não cria crise, “até porque a bancada do governo só pode participar com algumas indicações (Gaia fez 12 indicações e disse que já fez quatro substituições, a última na semana passada). Segundo ele, em véspera de eleição começam a surgir problemas. “As indicações, na maioria das vezes, são problemas técnicos”.
O deputado Marcos Ferreira disse que todos sabem que existem indicações. “Isso é uma prática no Brasil, para se vencer uma eleição e proporcionar uma atmosfera favorável”. Ele lamentou que em Alagoas aconteça isso. “O governo se mandou demitir não foi por perseguição. Deputados daqui que votaram contra o governo vão ao palácio e são recebidos pelo governador. Eu lamento isso que está acontecendo”, disse Ferreira.

Sextafeira disse que participar ou não participar do governo faz parte. “O grave é não trabalhar” (como foi denunciado pelo próprio Dudu de que os seus indicados não trabalhavam por orientação do próprio governador).
Já o deputado Antônio Albuquerque (PTdoB) disse que não conhece “as nomeações, os detalhes da relação que tenha resultado nessa polêmica toda. Recomendou paciência e moderação e disse que as indicações de cargos no governo são absolutamente naturais”. Albuquerque observou que o que está faltando é que a relação seja verdadeira. “Gostaria que essa questão fosse tratada num ambiente mais tranqüilo possível”.
O líder Alberto Sextafeira retomou a palavra e disse que o governador é um homem educado, democrático e amigo “e não pede carteira de filiação partidária. O tratamento é democrático, isso é mesquinhez e o governador não trata dessa forma. Terminado o pronunciamento, Sextafeira voltou a presidir a sessão, já que Fernando Toledo pediu licença de quinze dias.
O deputado Temóteo Correia disse ao colega Dudu Albuquerque que suas declarações foram muito contundentes e que não tem nada a ver e disse que a negociação de espaço no parlamento é mais do que normal. “Uma virtude do poder democrático. Acho que vossa excelência foi precipitado, mas conselho não adianta muito; ninguém gosta de perder”, disse Correia.
O deputado Paulo Fernando dos Santos (PT) reclamou do tempo utilizado pelo líder do governo na casa e disse que ele não obedeceu o regimento. “A casa tem um rito processual, o deputado Sextafeira falou por mais de 30 minutos”, observou Paulão, para em seguida se solidarizar com o deputado Dudu Albuquerque e sugerindo que ele encaminhasse uma denúncia ao Ministério Público de Alagoas (MP/AL). “Quero me solidarizar o parlamentar, dizer que esta denúncia é grave, mas sugiro que o seja formalizada uma denúncia junto ao MP”, pontuou.


Paulão destacou que o que está em jogo, “o escândalo é que teve indicações e as pessoas estão recebendo sem trabalhar. O governo já mudou quatro vezes o slogan, estou guardando todos. O anterior era um processo paquidérmico” (“quem sabe tem que ensinar, quem tem deve compartilhar”).

Segundo Paulão, mais de 600 pessoas recebem do governo sem trabalhar. “O governador não tem desculpas quando se recusa a negociar com as categorias e fala da responsabilidade fiscal. “O secretário Rogério Teófilo não consegue resolver a questão da merenda, vai fiscalizar um órgão?”.
O deputado Arthur Lyra disse que Dudu afetou todos os colegas ao utilizar o termo de Mensalão da Assembléia. “O deputado Dudu sabia o tempo todo que seus comissionados não trabalham e só agora, depois que todos foram demitidos, resolveu fazer esta denúncia. O deputado tem que deixar claro que os seus comissionados saíram porque ele preferiu fazer parte de outro grupo político”, disse Arthur.
Outro que fez uso da palavra na tribuna da Casa foi o petista Judson Cabral para falar sobre a polêmica causada pelas denúncias do deputado Dudu Albuquerque (PSDC). Judson disse que o Governo do Estado tem a obrigação de mostrar a transparência na acusação do parlamentar.

“O governo tem a obrigação de se antecipar ao Ministério Público e outras instituições na apuração dessas denúncias. Independente do fato político o assunto é grave e não deve pairar qualquer dúvida”.
Cabral falou ainda da discussão entre o presidente do PT estadual, Joaquim Britto, e o assessor do Gabinete do Governador, Fabio Rodrigues no programa do radialista França Moura.

O deputado Rui Palmeira (PSDB) fez um aparte e disse que os dois, Fábio e Brito, se excederam no debate, mas que o presidente do PT foi extremamente infeliz ao pedir o impeacheament do governador Teotônio Vilela (PSDB), politizando a questão. “O presidente do PT agiu de modo açodado e muito infeliz, pois se esqueceu que o seu partido foi acusado de mensalão e naquele momento ele não falou em impeacheament”, explicou Rui Palmeira.

O deputado Judson Cabral concordou com Rui e disse que a posição de Joaquim Brito não é compartilhada nem por ele nem pelo deputado Paulão (PT), que em nenhum momento falaram em impeacheament.

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