sábado, 7 de fevereiro de 2015

A ética e os interesses de cada um

De volta a Capela

Olívia de Cássia – Jornalista
São muitos os atores em nossa sociedade que pregam a ética como princípio básico para se atingir um objetivo, mas nem a maioria deles consegue alcançar aquilo que pregam. A ética, na maioria das vezes, serve apenas como desculpa, como pano de fundo para realizar os interesses de um determinado segmento ou grupo.
A ética devia estar acima dos interesses pessoais e políticos de cada um. No Brasil se fala muito em respeito à Constituição e às instituições, mas a nossa Constituição é desrespeitada todos os dias, desde o seu princípio básico “todos são iguais perante a lei”.
No Brasil, a lei só é aplicada para os mais fracos, os pobres e negros; para os ricos há sempre um atenuante. Todas as categorias têm um código de ética que deveria ser respeitado de fato, mas todos os dias esse documento é desrespeitado. Existe código de ética para médicos, para jornalistas, professores e demais profissões.
A palavra ética vem do grego, tem a ver com os costumes, com os princípios que devem orientar a convivência humana. A observância dos direitos e deveres do cidadão, dos princípios de responsabilidade, igualdade, solidariedade, cidadania e respeito mútuo.
Mas a gente sabe que na teoria é tudo muito bonito e entre o que se prega e a prática vai uma distância muito grande. É o que observo no meu dia a dia. Estou exausta de ver autoridades e profissionais que pregam a ética publicamente e na realidade da vida praticam tudo ao contrário daquilo que pregam. “Esqueçam o que escrevi”, argumentou o ex-presidente FHC quando lhe questionaram sobre determinada prática.
Essas pessoas, principalmente muitas que assumem cargos públicos, alardeiam os princípios constitucionais de todo cidadão, mas na prática não os cumpre. A ética deveria estar presente em todos os atos das pessoas, pois envolve valores que adquirimos ao longo da vida, da formação e da educação, na vida familiar e no trabalho.
Muitos autores definem a ética profissional como sendo a ação "reguladora" da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seu semelhante quando no exercício da sua profissão. Mas a gente sempre se depara, na vida do trabalho, com pessoas que quando ganham um cargo melhor na profissão, começam a querer massacrar quem se encontra em posto de escala menor, esquecem a ética.
Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido objeto de referências de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e, quando esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos problemas.
Os escritores Rosana Soibelmann Glock e José Roberto Goldim observam que é extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito.
“A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, do correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que caracteriza a Ética”, segundo argumentam.
(O texto acima foi escrito em 27-8-2009, mas permanece atual e achei que cabe no momento atual).  

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