sexta-feira, 27 de agosto de 2010

As religiões e seus conflitos


Olívia de Cássia – jornalista

Hoje, 27 de agosto de 2010, a caminho de União dos Palmares, na van que nos levava até a Terra da Liberdade, dois jovens entabulavam uma conversa que durou todo o percurso, de Maceió à entrada da cidade. Um casal de jovens sadios, amigos, que pelo tom da conversa professam uma religião onde tudo é proibido até o ato de a gente frequentar um salão de beleza e ter hábitos de higiene.
Um tipo de discurso daqueles enquadrados e uma discussão a respeito do que seja o pecado que começou a me incomodar e me irritar de certa forma. Eles, ou melhor, a jovem, explicava para o amigo o motivo de ter se afastado da sua igreja, mas observava, no entanto, a todo momento, para o amigo e reforçava sua linha de pensamento de que só a sua religião leva a Deus, ou que é na sua igreja onde está a salvação.
Respeito todas as crenças religiosas porque avalio que todo o caminho nos leva a Deus quando nós temos boa vontade, sentimento de paz, quando ajudamos o nosso próximo e temos amor no coração. Tem muita gente que vive dentro das igrejas, mas prega o ódio, vive falando mal de seus vizinhos e nem é solidário com o outro diante das tragédias, como a que aconteceu em União dos Palmares. Vivem no atraso secular e parece que sofreram uma lavagem cerebral.
Confesso que a certa altura daquela conversa, quase um monólogo explicativo da jovem de vinte e poucos anos, eu quase que me meti no assunto, mas me contive porque não sou de tomar certas atitudes como a de ser intrometida nas conversas dos outros, mas que deu vontade, isso me deu. O rapaz, mas do que ouvia, concordava com aquela argumentação, e quando queria discordar do raciocínio da amiga ela reafirmava o seu discurso.
A jovem dessa nossa história de hoje, pelo o que deu para perceber é universitária, se veste numa linha moderna, tem vários furinhos na orelha, com brinquinhos da moda, tem unhas bem-cuidadas, enfim, uma menina normal, mas que vive em conflito com familiares e partidários da sua religião por conta da sua vontade de viver de acordo com a sua época, ao mesmo tempo que tem o dilema de pensar que está cometendo um grande pecado por ter um pensamento moderno e querer fazer o que os jovens fazem dentro da sua normalidade.
Eu fiquei encafifada com a retórica contraditória e conflituosa daquela moça e formatando minha opinião a respeito dos ensinamentos e interpretações que muitas crenças levam ao indivíduo, seja ele letrado ou não. Muitas dessas lideranças das igrejas professam um discurso radical e conservador e lá fora têm outra prática, o noticiário e a história estão aí para mostrar o tempo todo isso.
Como é que em pleno século XXI, numa era moderna, ainda se prega nas igrejas e aglomerações religiosas esse tipo de ideia, de que tudo é pecado, em nome de Jesus, tendo os jovens acesso a tanta informação como nos dias de hoje? E o mais grave: como podem essas pessoas acreditar nesses conceitos atrasados, retrógrados, assimilando e difundindo tais comportamentos com o simples argumento de que tudo aquilo está na Bíblia Sagrada?
Interpretam As Escrituras Sagradas ao sabor de seu pensamento corroído pelo atraso e tornam aquilo uma verdade absoluta, o que é mais grave. Ao longo dos séculos, desde que o mundo é mundo, como dizia minha mãe, as religiões provocaram conflitos em muitos países, leia-se a questão da Palestina e dos Judeus, ou o preconceito de algumas religiões para com as mulheres que ainda são consideradas nesses locais como escravas e pecaminosas.
Vejo essa guerra entre os povos por causa das religiões uma insanidade, pois nosso Deus é um só, exaltado nas religiões de formas diversas, mas é um só. Cristo veio ao mundo para semear a harmonia e a paz em todo o canto do mundo.

Um comentário:

Franco Maciel disse...

Gostei bastante... eu não sigo nenhuma religião... só creio em Deus... não gosto de padres... acho que muitos querem se passar como santo, quando na verdade não são... enfim, é minha opinião.

Aqui dentro tudo é igual

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