quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Cenário político

Olívia de Cássia – jornalista

Entendo muito pouco da lógica da política brasileira e da alagoana muito menos. Será que política tem alguma lógica mesmo? Se a gente começar a analisar as alianças para as eleições de outubro e o que desencadeou nelas, até agora, parece que política não tem lógica não. É tudo em nome da conjuntura, do momento político e dos interesses de cada um.
Vai decepcionar-se, e muito, quem ficar sonhando com uma prática diferenciada, pura, achando que ainda podemos reviver alguns momentos da política estudantil do passado, quando se acreditava muito mais nas ideias, nos sonhos e utopias. Com um sistema diferente, quando acreditávamos que o socialismo fosse o exemplo para todos nós a ser seguido.
Para quem vive nos bastidores da política brasileira e principalmente a alagoana entende que tudo é um jogo pesado mesmo, faz parte do sistema e não adianta ir de encontro contra a maré, isso eu aprendi com a vida. É só acompanhar o noticiário e o que se comenta fora dele. O que vale na política brasileira é: o poder de barganha e também o dinheiro que garantem o status de cada um. Eu não me iludo mais.
Outro fato do cenário político que vem chamando a atenção é a Lei da Ficha Limpa. Nem bem começou a vigorar no País, já começa a gerar muitas polêmicas, no que considera “ficha suja”. E isso já começa a incomodar.
O ex-ministro Eros Graus criticou a lei, em reportagem no jornal O Estado de São Paulo e disse que ela é inconstitucional, que fere alguns princípios da Carta Magna, o que provocou a reação contrária a essa postura no meio jurídico. O projeto ficha limpa surgiu da iniciativa do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que reuniu mais de 1,6 milhão de assinaturas de eleitores desde o lançamento da proposta, em setembro do ano passado.
Em Alagoas, o primeiro parlamentar a receber a condenação, por conta da aplicação da lei foi o deputado Alberto Sextafeira (PSB), líder do governo na Assembleia Legislativa. Ele foi considerado inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas. O deputado disse que sua defesa vai ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão do TRE em Alagoas e afirmou estar confiante de que a medida será revertida na Corte maior.
O ex-deputado Gilberto Gonçalves (PRTB) também teve seu registro de candidatura impugnado, baseado no que prevê a Lei Ficha Limpa (135/2010). Gilberto Gonçalves foi condenado por abuso de poder econômico e em virtude de acusação de ameaça a ex-funcionário, já que também é empresário.
No entanto, no que se refere ao ex-presidente e senador Fernando Collor, o TRE agiu de forma diferente inocentado Collor das acusações de ser ficha suja. Em discurso no Senado, ele criticou a imprensa e marcou a semana com polêmicas: ameaçou o repórter Hugo Marques, da revista “Isto É”, por ter divulgado uma ligação em que o senador faz vários xingamentos e ameaças ao jornalista.
O Tribunal também manteve ontem o registro de candidatura da vereadora por Maceió, Rosinha da Adefal (PTdoB), para o cargo de deputada federal nas eleições de outubro. Ela estava sendo preterida pelo seu partido e essa decisão ainda vai gerar muita confusão no PTdoB, já que sua candidatura fragiliza a de outro candidato.
A ex-senadora e atual vereadora pelo PSOL, Heloísa Helena, também foi inocentada das acusações e o TRE avaliou que quem fez a denúncia contra ela agiu de má-fé e vai pagar multa arbitrada pelo Pleno do tribunal. Outros candidatos ainda serão julgados esta semana e com isso, políticos condenados pela Justiça em decisão colegiada em processos ainda não concluídos não poderão ser candidatos no pleito de outubro, segundo a lei.
Parece que esse ano a Justiça Eleitoral vai ter muito trabalho. O que se sabe é que este ano o meio de campo está muito complicado mesmo e as opções para o governo do Estado estão difíceis de engolir.

Um comentário:

Paulo Veras disse...

Olívia, o caso do Collor, da Rosinha e da Heloísa eram muito mais simples, porque não envolvia a lei do Ficha Limpa. Essa, aparentemente, vigorou no TRE alagoano. Prova disso foi a manutenção da cassação do ex-governador Ronaldo Lessa, certamente o mais importante impugnado.

De qualquer forma, é preciso compreender que não é uma lei que vai mudar o "cenário político" alagoano. É o voto do povo!

Aqui dentro tudo é igual

  Olívia de Cássia Cerqueira   Aqui dentro está tudo igual. Lá fora os bem-te-vis e outros pássaros que não sei identificar, fazem a fes...