Por Olívia de Cássia
O corpo dói, os impedimentos físicos e limitações chegam para lembrar que já não posso tudo. Sabe Diário, às vezes penso que estou bem pertinho do fim; em outros momentos, na minha fértil imaginação, que eu posso tudo se eu ainda quiser.
Mas eu queria mesmo era estar saudável para sair por aí, como antigamente, na juventude, na época da faculdade, aproveitando a noite de sexta-feira, recebendo um banho de cultura e voltar para casa refeita.
Nos sonhos e na imaginação a gente pode tudo. Renato Russo já dizia em sua poesia: "Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem ou que seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vai ser alguém".
Acredito nessa assertiva porque passei a minha vida persistindo em meu sonho e acredito que a gente só concretiza aquilo que sonha um dia se tentar e tentar e tentar, mesmo que esse sonho esteja lá no fundo da nossa alma e avaliamos que tudo aconteceu por acaso; o que não foi o meu caso.
Eu persegui muitos sonhos a vida inteira, desde a mais tenra idade. Posso afirmar que realizei poucos e um deles foi o de conseguir me formar jornalista; o principal deles. Me emancipar, morar sozinha, sem a interferência de terceiros. Na minha juventude isso era tudo.
Sempre coloquei a minha profissão acima de muita coisa ou de qualquer coisa e hoje reflito se isso foi bom ou se foi o que deveria ter sido feito, mas assim o fiz e não me arrependo do que foi feito.
Deixei de viver outras situações normais na vida, mas cada escolha nossa é cercada de renúncias.
Eu escolhi a profissão que tenho por amor; estar afastada dessa atividade me entristece e vem a certeza de que não vou poder exercê-la mais como eu gostaria: tenho que me acostumar com isso, ou preencher esse vazio com terapias ocupacionais e outros que tais.
Tudo na vida da gente tem limite, tem hora para começar, tem o meio, tem o fim e a vida é sempre um recomeço, não importa onde você parou. "Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo; renovar as esperanças na vida e acreditar em você de novo", observou Paulo Roberto Gaefke em seu poema Recomeçar.
Em A revolução da alma, o mesmo autor diz que ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregue a sua alegria, a sua paz, a sua vida nas mãos de ninguém, absolutamente ninguém.
"Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja. A razão de ser da sua vida é você mesmo. A sua paz interior deve ser a sua meta de vida", observa.
Segundo Roberto Gaefke, quando sentir um vazio na alma, quando acreditar que ainda falta algo, mesmo tendo tudo, remeta o seu pensamento para os seus desejos mais íntimos e busque a divindade que existe dentro de si.
"Pare de procurar a sua felicidade cada dia mais longe. Não tenha objetivos longe demais das suas mãos, abrace aqueles que estão ao seu alcance hoje", comenta.
Eu tenho aprendido muito na vida e a maturidade me trouxe algumas certezas, desilusões e discernimento do que devo aceitar e do que não devo. Não devo aceitar jamais as injustiças e não deixarei de lutar por dias melhores e mais justos. A vida é um eterno recomeço. Boa noite.
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