Por Olívia de Cássia
Então chega aquele momento que a gente tem que decidir. O poeta já dizia que uma hora ou outra a gente tem que decidir se fica, se segue em frente ou se dá alguma chance ao que ficou lá trás. É difícil, mas o melhor a fazer é tomar a decisão e seguir em frente.
A gente precisa ter um pouco de dignidade e perceber quando não há mais motivos para ter esperança e supervalorizar o outro que nunca soube te dar o devido valor. "Na dúvida, largue a incerteza no meio do caminho e siga por onde os sinais forem mais fortes".
Mas não pense, meu Diário, que eu tenha agido e pensado sempre assim: foi preciso o peso da idade e dos anos vividos; que a vida batesse muito no meu lombo; me levasse quase ao fundo do poço, para que, aos poucos, eu tenha ressurgido das cinzas, feito a fênix, aquele passo da mitologia grega.
Apesar das limitações físicas de hoje, sem sombras de dúvida, eu posso dizer que sou uma mulher livre de amarras e impedimentos internos que me consumiam a alma. Livre de qualquer sentimento opressor e que me levava a ter tão baixa autoestima.
E como é ruim esse sentimento de inferioridade que eu carregava comigo. Por causa disso cometi desatinos; as pessoas não me entendiam ou não procuravam entender que eu era uma menina e jovem tímida, em busca de seu eu, querendo acertar na vida.
Me humilhei até ao ponto que um ser humano jamais deve chegar: de pedir perdão sem nada ter feito, quando eu mesma era a vítima daquilo tudo: vítima da minha ingenuidade e insensatez. A gente tem que tomar as rédeas do destino e decidir.
Num dia qualquer a gente amanhece disposta e aí age como deveria ter sido em toda a vida e mesmo que venha a se arrepender depois, não importa: o importante é decidir. Não ter medo de ter medo e se libertar de todas as amarras que nos impedem de ser feliz. Independente de qualquer coisa, sem fingimento, sem querer ser o que não é.
A vida vai nos levando por caminhos distintos. Fernando Pessoa, em 'O Livro do Desassossego', disse que "a decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o fundamento da vida".
E reflito que quase sucumbi a essa decadência que fala Pessoa mas, felizmente, por mérito meu ou do destino, ou seja lá de que entidade espiritual tenha sido, sobrevivi àquela tempestade, Diário. Boa noite.
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