Olívia de Cássia - Repórter
O recém-criado bloco carnavalesco Nêga Fulô, sairá pela primeira vez no domingo de carnaval, 7 de fevereiro, deste ano, impreterivelmente às 15h30 e fará seu desfile até 17h, sem atraso, na rua fechada da Ponta Verde. O evento será animado pela orquestra de frevo W & K, de Marechal Deodoro, que tem 16 componentes. Segundo o idealizador do bloco e secretário de Cultura de Marechal Deodoro, Carlito Lima, certamente o público será de pessoas com mais de 50 anos.
Carlito Lima observa que o objetivo da iniciativa é fazer um resgate do verdadeiro carnaval de rua de Maceió. “De uns anos para cá, essa tradição quase acabou, pouquíssimos blocos saem às ruas no dos dias de carnaval. Nos anos 60, havia o tradicional Banho de Mar à Fantasia, no domingo anterior ao carnaval, onde os blocos fantasiados desfilavam, com muito frevo e marchinhas”, lembra.
O produtor cultural observa ainda que no bom português ‘prévia’ é aquilo que antecipa alguma coisa. “Prévia para mim é uma mostra do que vai acontecer, se não tem carnaval, como pode ter prévia?, indaga Carlito Lima, ressaltando que não é contra as prévias carnavalescas. “Gosto do Pinto da Madrugada, é muito bom, vou sempre, mas me dá uma tristeza danada quando vejo o carnaval em Maceió atualmente”, destaca.
Segundo ele, a criação do bloco Nêga Fulô tem o objetivo de retornar a animação da cidade nos dias de carnaval e que o povo da cidade tenha motivo para ficar em Maceió durante a festa. “Sempre houve uma tradição de carnaval de rua em Maceió, mas lamentavelmente, foram acabando com isso e queremos fazer um resgate da história da folia de Momo”, destacou.
Carlito observou ainda que na Rua do Comércio de Maceió, 15 dias antes do carnaval, já começava a maratona carnavalesca toda noite, com orquestras de frevo em cada esquina. “Por conta de tudo isso, estamos criando o bloco, com a finalidade única de divertimento durante o carnaval, a mais espontânea manifestação popular do povo brasileiro”, reforça.
Para a viabilização do desfile, Carlito Lima destaca que já deu entrada em todos os órgãos da Prefeitura e demais departamentos oficiais de Maceió, para os devidos licenciamentos e que não pretende competir com nenhum outro bloco. “Não queremos ser igual ao Pinto, que tem 15 orquestras e tem toda estrutura; no nosso não vai ter som; é pé no chão todo mundo”, ressalta.
O nome Nêga Fulô foi escolhido em homenagem ao poeta alagoano Jorge de Lima, autor do poema ‘Essa Nêga Fulô’. “Ressalto que não vai ter trio elétrico, não tem carro de som. Para sair no bloco o folião não paga nada: é só cair no frevo e nas marchinhas antigas”, disse ele.
Carlito Lima destaca ainda que os carnavais de Maceió nos anos 30\40 do século passado; eram animados com festas, tradições do Major Bonifácio, “depois veio o Moleque Namorador, o Rás Gonguila com seu bloco Cavaleiros dos Montes; entre tantos outros”.
“Vamos fazer na Ponta Verde, mas não é uma coisa da elite; a rua é pública e quem quiser pode participar. Geralmente o ricaço da Ponta Verde tem casa na Barra de São Miguel, no Francês e vai pra lá. Todo mundo pode entrar no frevo do bloco; é uma aposta que estamos fazendo, pois Maceió precisa de carnaval nos dias de folia. Todo ano, depois do carnaval a gente reúne várias pessoas e todo mundo fica falando que precisamos fazer o carnaval de Maceió, daqui a pouco nada faz; aí eu disse: pois eu vou fazer um bloco”, comenta.
Carlito Lima disse que o bloco Nêga Fulô já está com uma boa aceitação em Maceió e que a Facima (Faculdade de Maceió), que tem o curso de Agentes Sociais, para pessoas da terceira idade, vai fazer um bloco para desfilhar no Nêga Fulô. “Éum projeto de médio prazo, vamos fazer a primeira experiência; não estamos tendo apoio financeiro nem do governo e nem da Prefeitura”, pontuou.
HOMENAGEADO
O bloco Nêga Fulô também fará uma homenagem ao carnavalesco Prego, líder da Escola de Samba Gaviões da Pajuçara. “Eu pensei em todo ano homenagear um carnavalesco José Hilton Feitosa, mais conhecido por Prego. “Pensei em vários nomes e resolvi homenagear o Prego: um cara batalhador, da Gaviões da Pajuçara, que não vai sair esse ano, por falta de verba”, destacou.
Foi o pai do carnavalesco homenageado (Manoel Feitosa Neto, o mestre Netinho, primeiro bonequeiro do País) que começou a confeccionar os bonecos de Olinda, em Riacho Doce. Depois ele levou a ideia para Olinda e Pernambuco e lá se popularizou.
Procurado para falar sobre a homenagem, Prego, como gosta de ser chamado, disse que para ele é uma honra ser homenageado pelo Nêga Fulô. “Vamos sair com o bloco Bonecos da Cidade e encontraremos o Nêga Fulô, onde serei homenageado. Para mim é uma alegria muito grande essa homenagem que o Carlito, secretário de Cultura de Marechal, está fazendo. Depois do carnaval, vamos fazer uma oficina de bonecos”, pontuou.
Prego informou ainda que atualmente os bonecos confeccionados em Maceió (a cabeça) é de papel marchê e os de Olinda são de fibra.
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