sábado, 30 de janeiro de 2016

A efemeridade de tudo

Olívia de Cássia – jornalista

Estive pensando e sempre me vêm esses pensamentos à mente, sobre a efemeridade das coisas, onde tudo é feito para ter pouca duração. Vivemos num mundo em que isso está presente em tudo: tanto para o bem quanto para o mal.

Essa é uma reflexão que faço sempre e que algumas pessoas  deveriam fazer, diante de um sistema onde tudo é feito para ser descartado, inclusive e até, infelizmente, os sentimentos. A vida útil de um produto para aumentar o consumo de versões mais recentes é feita para movimentar o capitalismo.

Mas não falo aqui apenas do sistema em que vivemos, politicamente falando. Nada é duradouro nessa vida, mesmo, mas tem gente que se apega a determinadas situações avaliando que vão ficar nelas para o resto da vida.

E se põem a agir como se fossem donos do mundo e da verdade, como se a verdade fosse única. Filosoficamente falando, passei grande parte da vida achando que a minha felicidade estava atrelada a outra pessoa; que eu só seria feliz se tivesse aquele ente do meu lado.

Não estava atenta, ou estava tão envolvida que não me dava conta da transitoriedade da vida e de suas nuances. Eu avaliava, até aquela fase da minha vida, que só estaria satisfeita espiritualmente e materialmente se fosse daquela forma que eu via o mundo.

Quando a gente é jovem acha que tem que viver tudo; aquele momento é muito precioso: aquela festa imperdível, o encontro com os amigos; as diversões e todo o que a gente possa fazer para alegrar a vida. Hoje ainda acho que se a gente pudesse viver assim, talvez o mundo fosse bem melhor.

Com o tempo; as perdas e as dores que a vida trouxe, fui me certificando  de que não é possível a gente viver sempre daquela forma; e que também não podemos nos apossar dos sentimentos de alguém para preencher nosso próprio vazio existencial.

Mas isso eu passei a entender depois de muito sofrimento da alma. Hoje vivo tentando descomplicar o que compliquei a vida inteira; tentando praticar o desapego, me livrando de excessos de bagagem que não vou levar quando partir para o mundo espiritual.

Já comecei me desapegando de muita coisa em casa, não vou precisar de tanto e só de muito pouco, principalmente se a vida me deu mais limites do que eu avaliava que deveria.  Aproveitando também para me livrar de situações, sentimentos e de hábitos que não fazem bem ou que estejam me impedindo de seguir em frente.

É o que tenho feito, independente de religião ou credo. Viver o que a vida ainda tem para me oferecer, agradecendo a gratidão de todos. E como diz um amigo meu em tom de galhofa: “Tudo é passageiro, menos o motorista e o cobrador”. E vamos que vamos. Boa tarde.

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