Olívia de Cássia – jornalista
Estive pensando e sempre me vêm esses pensamentos à mente,
sobre a efemeridade das coisas, onde tudo é feito para ter pouca duração. Vivemos
num mundo em que isso está presente em tudo: tanto para o bem quanto para o
mal.
Essa é uma reflexão que faço sempre e que algumas pessoas deveriam fazer, diante de um sistema onde tudo
é feito para ser descartado, inclusive e até, infelizmente, os sentimentos. A
vida útil de um produto para aumentar o consumo de versões mais recentes é
feita para movimentar o capitalismo.
Mas não falo aqui apenas do sistema em que vivemos,
politicamente falando. Nada é duradouro nessa vida, mesmo, mas tem gente que se
apega a determinadas situações avaliando que vão ficar nelas para o resto da
vida.
E se põem a agir como se fossem donos do mundo e da verdade,
como se a verdade fosse única. Filosoficamente falando, passei grande parte da
vida achando que a minha felicidade estava atrelada a outra pessoa; que eu só
seria feliz se tivesse aquele ente do meu lado.
Não estava atenta, ou estava tão envolvida que não me dava
conta da transitoriedade da vida e de suas nuances. Eu avaliava, até aquela
fase da minha vida, que só estaria satisfeita espiritualmente e materialmente
se fosse daquela forma que eu via o mundo.
Quando a gente é jovem acha que tem que viver tudo; aquele
momento é muito precioso: aquela festa imperdível, o encontro com os amigos; as
diversões e todo o que a gente possa fazer para alegrar a vida. Hoje ainda acho
que se a gente pudesse viver assim, talvez o mundo fosse bem melhor.
Com o tempo; as perdas e as dores que a vida trouxe, fui me
certificando de que não é possível a
gente viver sempre daquela forma; e que também não podemos nos apossar dos
sentimentos de alguém para preencher nosso próprio vazio existencial.
Mas isso eu passei a entender depois de muito sofrimento da
alma. Hoje vivo tentando descomplicar o que compliquei a vida inteira; tentando
praticar o desapego, me livrando de excessos de bagagem que não vou levar
quando partir para o mundo espiritual.
Já comecei me desapegando de muita coisa em casa, não vou
precisar de tanto e só de muito pouco, principalmente se a vida me deu mais
limites do que eu avaliava que deveria.
Aproveitando também para me livrar de situações, sentimentos e de
hábitos que não fazem bem ou que estejam me impedindo de seguir em frente.
É o que tenho feito, independente de religião ou credo. Viver
o que a vida ainda tem para me oferecer, agradecendo a gratidão de todos. E
como diz um amigo meu em tom de galhofa: “Tudo é passageiro, menos o motorista
e o cobrador”. E vamos que vamos. Boa tarde.
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