quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

DUAS BARRAS PRIVATIZADA?

Lindair Amaral - Professora do Pronatec - Cursos Técnicos

Não Bastasse a concessão do uso de uma duna (literalmente), um pedaço cuja preservação deveria ser obrigatório pelos órgãos públicos responsáveis, se ergue um restaurante, cuja força me parece tão grande, que se sobrepôs ao nome do lugar que hoje é chamado de Dunas de Marapé.

Não obstante a tamanho desrespeito, por estar do outro lado do rio, temos, na maré alta, fazer uso para a travessia de um barco local, apesar da entrada oficial, que custa R$5,00 por pessoa (negociável, bem seja dito).

E a surpresa maior vem exatamente aí. O jantar R$60,00 (sessenta reais) por cabeça até pode ser entendido já que o preço é livre em estabelecimentos privados.

Mas, pensamos, vamos apenas sentar na cadeira de praia, comer uns petiscos e se deliciar com a paisagem. Fomos barrados antes mesmo de sentar pelo garçom que nos trouxe a seguinte informação: Para uso das cadeiras teríamos que pagar R$ 30,00 (trinta reais), achei justo já que me acostumei a ser cobrado por esse serviço em outros lugares, mesmo que não concorde com ele. A consumação deveria ser a liberação dessa taxa.

Mas, o pior estava por vir, esse valor era por cabeça, ou seja, R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais) já que estávamos em oito pessoas. E pasmem, sem negociação, com ou sem consumação!!! Me senti mais que roubada, me senti humilhada na terra que propago e trago de longe pessoas para conhecer.

Me senti em uma terra sem dono, onde além de burlar a lei de proteção à natureza, exploram os turistas (principalmente os que não lhe são convenientes). Me senti discriminada, gente da terra para quê, se vários ônibus da CVC são capazes de engordar os cofres sem se misturar aos alagoanos? Não seria então essa forma também de discriminação?

Do outro lado do rio, pequenas barracas simples e muita gente! Gente que não pode passar para o outro lado e nem ocupar frente da barraca, mesmo levando suas cadeiras e guarda sol, (declaração do usuário da terra) isso senhores é privatização de uma praia pública e discriminação do lazer daquele que não pode ser extorquido pelos valores tão altos cobrados.

Minha indignação vem do meu retorno, no mesmo barco, que não devolveu meu dinheiro. Vem do poder público que não fiscaliza e dos órgãos que fingem não ver o sacrilégio da construção em área ambiental. Vem da farsa que acompanho em alguns lugares que são prejudicados e outros que são liberados sem restrição, apesar de tantas restrições...

Qualquer alagoano sabe do que falo. Em tempo de se salvar o verde e se lutar pela preservação ambiental, o litoral norte é invadido por prédios e prédios a beira mar, indiferente ao enfrentamento das águas contra suas encostas. Indiferente ao aumento de volume de água que se espalha e destroi.

Minha indignação vem por não ter respostas, não ter recursos, não ter canais além da minha própria voz e da voz de milhares de alagoanos cujo poder público finge não escutar.
Não bastava o reduto territorial feito pela política, agora também sofremos pela privatização do lazer público alagoano.
E eu pergunto... ATÉ QUANDO?

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