Por Gabriela Rodrigues
Jornalista
Você já
ouviu a versão de “under pressure” apenas com os vocais de David Bowie e
Freddie Mercury?! Experimente, o áudio está disponível no youtube. Recomendo aumentar
o volume. E, de preferência, ouvir nos fones de ouvido. Para perceber detalhes
da genialidade de Bowie e Freddie. E esta é apenas uma parte do que esses dois
mitos tinham em comum.
O áudio é
uma gravação do verão de 1981, no Mountain Studios, na cidade de Montreux,
Suíça. E voltou à tona em redes sociais e site no dia 11 de janeiro, diante da
notícia da morte do camaleão.
Um dueto
como esse provoca alegria e melancolia. Alegria por não fazer parte de uma
geração que “viu e viveu” inícios de mitos como Freddie ou Bowie, “no olho do
furacão” da música e da cultura pop, mas por ter figuras emblemáticas como
estas fazendo parte de minha trilha sonora e do meu dia a dia há anos, provando
que são atemporais, únicos, como uma arte que se mantém viva, atual e atemporal.
Basta ouvir Under Pressure algumas vezes, (de preferência com Bowie!) para
descobrir algo novo a cada vez que o fone de ouvido é plugado e o som começa a
rolar.....
A
melancolia é a de constatar que pouco a pouco os grandes ícones se vão, sem que
outros “a altura” surjam para preencher lacunas impreenchíveis. A melancolia é
a de saber que sim, bandas e artistas novos surgem e se consolidam no cenário
cultural, mas não como lendas capazes de transcender gerações e de ditar, mais
do que música, comportamentos, estilos de vida, formas de pensar, agir e
questionar ideias e ideais. E é disso que precisamos. Mais do que da música,
precisamos da música que nos transforma.
Este não
é um texto para ser nostálgico, mas apenas uma impressão. Porque basta ouvir a “capella”
de Bowie e Freddie para entender porque gosto tanto de um som que ao longo da
vida absorvi de meus pais, irmãos e de mim mesma. E que continuarei a absorver,
a sentir de forma diferente, e a viver. Porque jamais haverá, nunca mais, outro
Bowie, nem outro Freddie, nem outros Hendrix, Elvis, Cobain, Lennon, Janis
Joplin, Michael Jackson, Jim Morrison... Sem falar dos nossos Tim Maia, Cazuza,
Raul, Renato Russo.... e outras lendas.
E outros
grandes irão.... outros “outros” surgirão. Mas as lacunas são impreenchíveis.
Há nomes incríveis, mas ainda não há produção que se possa comparar a obra
consolidada por mitos das eras pop e rock das décadas de 60 a 80...
Não sei
se pelo contexto, não sei se pela era, ou se, simplesmente, o que houve de
melhor na música “já era”....
Atemporais.
Apenas tudo isso.
Meus
heróis morreram de overdose.
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