terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Mitos se vão. E outros... virão??



Por Gabriela Rodrigues
Jornalista

Você já ouviu a versão de “under pressure” apenas com os vocais de David Bowie e Freddie Mercury?! Experimente, o áudio está disponível no youtube. Recomendo aumentar o volume. E, de preferência, ouvir nos fones de ouvido. Para perceber detalhes da genialidade de Bowie e Freddie. E esta é apenas uma parte do que esses dois mitos tinham em comum.

O áudio é uma gravação do verão de 1981, no Mountain Studios, na cidade de Montreux, Suíça. E voltou à tona em redes sociais e site no dia 11 de janeiro, diante da notícia da morte do camaleão.

Um dueto como esse provoca alegria e melancolia. Alegria por não fazer parte de uma geração que “viu e viveu” inícios de mitos como Freddie ou Bowie, “no olho do furacão” da música e da cultura pop, mas por ter figuras emblemáticas como estas fazendo parte de minha trilha sonora e do meu dia a dia há anos, provando que são atemporais, únicos, como uma arte que se mantém viva, atual e atemporal. Basta ouvir Under Pressure algumas vezes, (de preferência com Bowie!) para descobrir algo novo a cada vez que o fone de ouvido é plugado e o som começa a rolar.....

A melancolia é a de constatar que pouco a pouco os grandes ícones se vão, sem que outros “a altura” surjam para preencher lacunas impreenchíveis. A melancolia é a de saber que sim, bandas e artistas novos surgem e se consolidam no cenário cultural, mas não como lendas capazes de transcender gerações e de ditar, mais do que música, comportamentos, estilos de vida, formas de pensar, agir e questionar ideias e ideais. E é disso que precisamos. Mais do que da música, precisamos da música que nos transforma.

Este não é um texto para ser nostálgico, mas apenas uma impressão. Porque basta ouvir a “capella” de Bowie e Freddie para entender porque gosto tanto de um som que ao longo da vida absorvi de meus pais, irmãos e de mim mesma. E que continuarei a absorver, a sentir de forma diferente, e a viver. Porque jamais haverá, nunca mais, outro Bowie, nem outro Freddie, nem outros Hendrix, Elvis, Cobain, Lennon, Janis Joplin, Michael Jackson, Jim Morrison... Sem falar dos nossos Tim Maia, Cazuza, Raul, Renato Russo.... e outras lendas.

E outros grandes irão.... outros “outros” surgirão. Mas as lacunas são impreenchíveis. Há nomes incríveis, mas ainda não há produção que se possa comparar a obra consolidada por mitos das eras pop e rock das décadas de 60 a 80...
Não sei se pelo contexto, não sei se pela era, ou se, simplesmente, o que houve de melhor na música “já era”....

Atemporais. Apenas tudo isso.
Meus heróis morreram de overdose.




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