segunda-feira, 11 de julho de 2016

O valor da vida

Por Olívia de Cássia

A gente parece que dá mais valor à vida quando vai chegando ao ocaso; quando a gente vê as chances irem diminuindo; as possibilidades encurtando. Tem muitos anos que resolvi me dar mais uma chance, pensar diferente do que eu era, em algumas situações.

A chance de não viver reclamando da vida e nem sendo tão negativa. Essa palavra eu já descartei da minha vida, apesar de não ser imune aos dias nem tanto ensolarados que se apresentam.

Eu nunca fui uma pessoa ligada às coisas práticas da vida e nunca soube administrar a burocracia, sou avessa a isso, é da minha índole, não tem jeito. Hoje, afastada do trabalho, me vi tendo que resolver situações da administração do lar e outros pormenores que me deixam mais atrapalhada ainda.

Admiro muito quem resolve tudo com facilidade e prática, mas a essa altura da minha vida, não vou chegar lá. Sabe, meu diário, são tantos os questionamentos e coisas que não domino nessa altura da minha vida, que às vezes me ponho nervosa.

Mas tenho que ter calma para que tudo se resolva a contento. Não posso mais me apavorar diante das situações e nem me estressar. Minha saúde não permite. Tem um adágio que diz que toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.

Eu tenho tentado não me preocupar tanto com mais nada, a não ser em retardar os efeitos maléficos e impeditivos da ataxia. Esse atualmente é o meu foco. A vida da gente  é cheia de mudanças, que às veses são dolorosas, mas em outras ocasiões  são lindas, ou as duas coisas.

Tento ver a minha atual realidade, como uma maneira de perceber que tenho pessoas lindas ao meu favor, querendo o melhor  para mim e isso me deixa envaidecida no melhor sentido da palavra e eternamente agradecida e acarinhada.

Dizem alguns especialistas do comportamento que quando o amadurecimento chega na  vida da gente, vai nos tornando uma pessoa melhor a cada dia, pois com as novas experiências os  nossos defeitos são amenizados com os anos de aprendizado.

Eu tenho aprendido muito, desde que tudo aconteceu em minha vida: as perdas que tive, que foram muitas; o abandono, o entristecimento; a certeza das limitações. Mas também tive conquistas que me enriqueceram interiormente e que me fazem melhor.

E nessas horas eu agradeço a Deus a cada amanhecer que ainda me é permitido e desejo um mundo mais fraterno, mais solidário e mais justo, principalmente para os menos aquinhoados. Vou continuar lutando, a vida me deu esse direito.

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