Por Olívia de Cássia
Amanheceu. O dia está lindo e ensolarado, trazendo esperança, depois de ontem, que foi de promessa de chuva e frio. Começo minha rotina diária, brinco com Juca, levanto e procuro fazer alguma tarefa que ainda me é permitido pelas limitações que me chegam.
Procuro não pensar em como será daqui pra frente. Vou caminhar um pouco na rua e tomar banho de sol. Volto para casa e me impaciento: estou quase terminando a leitura de 'Como eu era antes de você'. Um livro que me faz pensar em muitas situações futuras.
Termino as pequenas tarefas diárias e ligo o notebook, para me inteirar do noticiário. As notícias são as de sempre e nada promissoras; me entristeço: 'Tentativa de fuga de nove reeducandos é impedida no presídio Cyridião Durval'; 'Temer promete obras a senadores indecisos'; 'Temer determina retirada de urgência do pacote anticorrupção'.
"O presidente interino Michel Temer autorizou a retirada da urgência na tramitação das leis anticorrupção da presidente Dilma Rousseff. A informação é do líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE)", diz o informe que leio.
Está tudo tão claro e cristalino esse golpe contra a democracia, que os golpistas nem tentam mais esconder da sociedade. E as nossas instituições desacreditadas fecham os olhos quando lhes interessa a situação.
Por que só se importam quando a corrução é do lado de cá?, não que eu concorde com qualquer irregularidade que seja. Mas os outros salafrários vão ficando impunes, acobertados pela parcialidade daqueles que se julgam os donos do mundo.
E me pergunto onde esse país vai parar? O que será de nós com esse golpe? Em pensamentos procuro teoricamente uma saída para toda essa situação. Procuro definições nos livros que leio, na internet e acho citação, bem pertinente.
“Ponha-se no poder qualquer medíocre ou louco e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo", diz o texto.
Segundo o argumento, em pouco tempo o tal se torna um golpista perigoso e impertinente. Só que o que foi colocado aí no Planalto não não foi pelo povo e isso é o mais perigoso, porque o Brasil já viu filmes bem parecidos.
E me reporto aos tempos do Coronelismo; enxada e voto, livro que li na faculdade, de Victor Nunes Leal. Um livro que foi editado há mais de meio século e que continua atual, apesar do desaparecimento quase completo do país agrário que o inspirou.
O livro de Victor Nunes Leal descreve o coronelismo, um sistema arcaico e brutal, que foi o principal sustentáculo político da República Velha (1889-1930). Segundo o autor, já na República, os ex-cativos e seus descendentes logo se incorporaram à esfera de influência eleitoral dos herdeiros da casa-grande.
"Desse modo, sucessivos governos estaduais e federais se elegeram com os “votos de cabresto” dos grotões. Embora há muito a supremacia dos caudilhos rurais seja apenas um episódio de nossa história, suas nefastas consequências ainda se fazem sentir na arcaica distribuição fundiária do país", observa.
E tem muita 'autoridade' por aqui que acha que o mundo não mudou e que ainda se vive debaixo das botas dos coronéis da política brasileira. Como escreveu William Nozaki, na revista Carta Maior, os desafios para o próximo período são gigantescos, mas sempre é bom lembrar que "os problemas da democracia só se resolvem com mais democracia".
É preciso um novo olhar para o Brasil e a política brasileira. Não adianta fechar os olhos e dizer que a gente tem raiva de política. E por mais que às vezes eu chegue a entender a opinião de pessoas bem próximas, não consigo me desagarrar da ideia de que a gente tem que lutar por um país melhor e por dias mais justos e dignos para os menos favorecidos.
Penso também que se cada um fizer sua parte e não esperar apenas as decisões de governo, criticando tudo, sem ação e sem mostrar soluções, não vamos a lugar nenhum. Quero ter esperança, quero acreditar que ainda podemos vislumbrar dias melhores. Bom dia.
quarta-feira, 6 de julho de 2016
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