domingo, 7 de março de 2010

Hoje...

Olívia de Cássia Correia de Cerqueira


Hoje amanheci com alma de poeta,
Triste e solitária como só aqueles que
Amam sem ser amados sabem ser.

Amanheci com uma dor no peito,
Com um nó na garganta e com
Um sentimento exagerado e
Louco de sair por aí gritando
E dizendo das coisas que estou
Sentindo.....

Hoje amanheci triste, com saudade
De tudo, com saudade da vida,
Com saudade de nós...

Um sentimento arrebatador
e maluco tomou conta de mim
Hoje uma ansiedade e dor da saudade
Tomou conta da minha alma
e do meu ser....
Só para me lembrar da falta
Que eu sinto
De você...


Mistério
Olívia de Cássia Correia de Cerqueira

O frio, o vento e o tempo passam...
E eles me dizem que estou
chegando ao fim...

Não sei se é o fim que procuro,
no qual existe um meio.
Só sei que anseio, desejo,
sinto, amo.

E o tempo passa, rápido como um furação, levando os restos de esperança.
A esperança de vencer, crescer
e brilhar.

Brilhar como as estrelas,
no seu brilho belo e encantador,
que a todos encanta e seduz.

E eu fico aqui, a esperar
no tempo que o vento e as estrelas,
ou próprio sol me respondam,
me entendam e me traduzam
o mistério...Que mistério?!
Em Busca de uma Comunicação Alternativa da Mulher

Olívia de Cássia - jornalista



O nosso trabalho “Em Busca de uma Comunicação Alternativa da Mulher”, finalizado em 1988, teve como objetivo a realização de um programa de rádio para as mulheres e foi realizado na Feirinha do Tabuleiro, em Maceió, por absoluta falta de apoio das rádios que procuramos à época: Rádio Clube de Rio Largo e Maceió-FM, pertencentes ao mesmo grupo.

O Projeto Experimental, hoje denominado TCC, faz parte das disciplinas obrigatórias na conclusão do Curso de Comunicação Social, onde deveriam constar uma parte prática e outra teórica.

Durante um ano freqüentamos a comunidade do Tabuleiro do Martins, a fim de que pudéssemos concluir nosso objetivo – o programa de rádio, com a participação das mulheres que freqüentavam a feira -.

Nos reuníamos no correr da semana com as mulheres e a diretoria da Amotam – Associação dos Moradores do Tabuleiro, na Rua do Arame, e, no sábado, realizaríamos os programas.

Embora a presença de cerca de 50 mulheres nas reuniões, sabíamos que estavam ali apenas em busca do assistencialismo prometido com a ajuda da LBA – Legião Brasileira da Assistência, para a distribuição do tíquetes do leite do programa do Governo Sarney e enxovais prometidos às gestantes.

Os poucos programas que conseguimos realizar aconteceram na porta de um abatedor de frango, o Galeto da Quitéria, que nos cedia a energia para que pudéssemos instalar as cornetas (sistema de auto-falante), o amplificador e os dois gravadores que usávamos.

Nossa programação acontecia durante 15 minutos e era feita dentro de um outro programa de rádio, das colegas, também concluintes do Curso de Comunicação Social, Eunides Lins e Carla Salignac, que nos concedia o horário. Dessa forma, às vezes, dada a extensão do programa delas, o nosso ficava prejudicado.

Mesmo que não tenhamos alcançado o êxito desejado - as mulheres inteiradas à nossa proposta - , conseguimos àquela época despertar a atenção de alguns ouvintes, que todos os sábados nos esperavam na porta do Galeto da Quitéria.

E quando falávamos sobre violência , a questão da saúde e as agressões e discriminação sofrida pela mulher, principalmente se ela for pobre e negra, sentíamos receptividade por parte dos ouvintes, que participavam concedendo depoimentos de suas vivências diárias na comunidade.

Conseguimos fazer quatro programas, levando a médica responsável pelo posto do Tabuleiro, que discorreu sobre o aborto, violência e o Sistema Único e Descentralizado de Saúde, implantado à época pelo governo Sarney.

Embora a presença das autoridades em saúde tenha deixado acanhadas aquelas pessoas, conseguimos, também, depoimentos dos homens que falaram principalmente sobre a violência contra suas filhas e mulheres.

Outros problemas foram abordados como: carestia, custo de vida, Comissão de Sistematização da Constituinte (quando explicávamos o que era), o Centrão (explicávamos também o que era e para que e quem servia), as propostas levadas pelas mulheres para serem aprovadas na Constituinte e tantos outros assuntos que julgávamos importantes para a comunidade.

O resultado obtido não chegou ao que desejávamos, pois contaram ali a nossa inexperiência, as condições em que eram realizados os programas, sem nenhuma estrutura, o desinteresse de alguns membros da Associação pelo tema Mulher e também a falta de consciência da discriminação, da própria mulher do Tabuleiro.

Como exemplo tivemos o da vice-presidenta da associação, à época, que deu seu depoimento num dos nossos programas dizendo que apanhou do marido, mas que “se é ruim com ele, pior sem ele”, mostrando o quadro de submissão em que vive a mulher, principalmente nas camadas mais pobres da sociedade.

Mas a nossa realização pessoal se completou, quando, apesar das exigências burocráticas impostas à época pelo sistema universitário, tivemos que aprender, na marra, tudo o que não tínhamos visto durante os quatro anos e meio do curso.

Por conta da boa orientação que recebemos do professor e sociólogo Antònio Cerveira de Moura, formos obrigadas a ler, pesquisar, estudar e buscar um acervo de dados, que nos foi bastante enriquecedor. Tivemos que ler e reler, fazendo resumos e fichamentos junto às entrevistas, cerca de 60 volumes entre livros, revistas e jornais, que complementaram o trabalho.

Dentro desse contexto teórico abordado, destacamos os seguintes aspectos: a exploração do sistema capitalista contra a mulher, abordagens teóricas sobre a origem da opressão da mulher, o contexto da mulher no Tabuleiro, capítulo sobre o movimento de mulher alagoano, onde inserimos uma aparte sobre as quilombolas – mulheres do quilombo - que tiveram como líder a mãe de Ganga Zumba, Aqualtune, líder das mulheres negras na época dos quilombos.

Esse capítulo foi publicado na Revista Presença da Mulher, ano V, nº 19 0 Abril/Junho de 1991, cuja manchete principal foi Mulher Poder e Trabalho. Embora tenha sido publicado com defasagem de dados, pois o trabalho foi concluído e apresentado em 1988, coisa que a revista não destacou, sentimos-nos muito recompensadas pelo reconhecimento do nosso projeto, em âmbito nacional.

Foram entrevistadas em agosto de 1988, todas as lideranças das entidades de mulheres de Maceió e no final do trabalho tivemos que dispor dos scripts, relatórios e entrevistas para a conclusão e análise global do trabalho. Nossa equipe foi formada de três componentes: eu, Niviane Rodrigues e Maria Rosiane Rocha.

O projeto Experimental foi um trabalho que nos deu muita satisfação em ser produzido, pois o tema mulher é fascinante e ainda tem muito o que ser discutido e aprofundado, apesar dos avanços conseguidos com a promulgação da Constituição de 1988.

Feito a três mãos, e cada uma tendo que dispor de uma tarefa, o segundo passo que precisávamos dar era tentar publicá-lo, com algumas referências atualizadas, para que não ficasse engavetado e fosse distribuído nas escolas e colégios, bem como em bibliotecas públicas. Essa foi a nossa proposta inicial, quando tivemos a idéia de executá-lo, mas nunca conseguimos publicar.

De lá para cá não mudou muito a situação da mulher da periferia de Maceió. Todos os dias os noticiários indicam que a violência contra a mulher tem aumentado, mesmo depois da promulgação da Lei Maria da Penha pelo presidente Lula. A lei está ameaçada de não ser colocada em prática porque segundo que foi divulgado na imprensa, alguns juízes se recusam a aplicá-la em alguns itens.

Nesse 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, vamos fazer uma reflexão sobre nosso papel na sociedade e analisar de que forma estamos contribuindo para diminuir as desigualdades sociais e para difundir a paz em nossa comunidade. (Olívia de Cássia Correia de Cerqueira – jornalista)
O que é o amor?

Olívia de Cássia - Jornalista


Quando eu era adolescente, vivia a decantar o amor em todas as suas manifestações. Sonhava com um mundo onde as pessoas amassem sem cobranças, sem sentimentos de posse, sem obsessão, sem controle.
Sonhava com a liberdade e com um mundo melhor para todos. Um mundo onde os valores e as pessoas fossem respeitados. Sonhava com uma sociedade justa, sem preconceitos e sem hipocrisias, e foi com essa base de pensamento que pensei construir o meu mundo.
O tempo foi passando e a vida tratou de ocultar alguns sentimentos puros e sinceros que existiam dentro de mim. Tornei-me uma mulher; com o amadurecimento, vieram as frustrações, a realidade, a rotina do dia-a-dia- que mata qualquer sonho romântico - a necessidade de trabalhar e ter que dar conta das responsabilidades, da economia doméstica, ter que dar conta de mim.
E na roda-viva da vida os sentimentos, os sonhos, a vontade de viver e ser livre, a necessidade de lutar por um mundo melhor, foram sendo substituídos pela voz da razão, que me informava que não era bem assim...
A razão podou aquela menina sonhadora e apaixonada, que amava e intensamente e achava que aquele amor era a razão da sua existência. E a menina acordou e chorou. Chorou a sua perda. A perda da RAZÃO! (Texto produzido em Maceió (AL), 14.10.92)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Salve as mulheres!

Olívia de Cássia Correia de Cerqueira-jornalista


Na segunda-feira, 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, uma data especial para todas nós, estabelecida para homenagear trabalhadoras de uma fábrica que foram mortas, em 1857, dentro da empresa quando reivindicavam melhorias de condições de trabalho e redução de carga horária para suas funções, em Nova York. Dessa época para cá o mundo mudou.
As mulheres em vários países conseguiram muitos avanços em seus direitos sociais e trabalhistas. Elas foram para as ruas lutar e gritar por liberdade, por uma sociedade mais justa e por igualdade de condições com os companheiros homens. Saíram para protestar contra a violência e foram vitoriosas em algumas conquistas sociais, na Constituição de 1988 e mais recentemente com a Lei Maria da Penha, ameaçada agora de não ser colocada em prática por algumas autoridades.
As brasileiras, a partir da década de 30, conseguiram o direito de votar e em Alagoas muitas mulheres se destacaram em suas profissões e épocas especificas como: Dandara e Alquatune (no Quilombo dos Palmares), Nise da Silveira (na medicina) Lily Lages (na política), Linda Mascarenhas (no teatro), Maria Mariá (jornalista e professora), Luiza de França e Salomé da Rocha Barros - professoras (essas três últimas em União dos Palmares).
Na Terra da Liberdade, Maria Mariá,com seu jeito irreverente de ser, revolucionou os costumes da épcoa na sociedade local vestindo calças compridas que era uma vestimenta exclusiva para homens. Fazia discursos para os políticos e ocupou cargos de direção no município. Além de Mariá destacam-se ainda as professoras Luiza de França, Salomé da Rocha Barros e outras guerreiras que ficaram no anonimato e que vale a pena resgatar suas histórias de vida.
Essas mulheres populares como as artesãs dona Irinéia e dona Lourdes, a lavadeira Rosara, dona Maria feirante e tantas outras como a minha comadre Maria José, em suas rotinas de vida lutaram e lutam à sua maneira pelo sustento da família e por dignidade de vida. Nasci e morei durante nove anos na Rua da Ponte, quando as mulheres no Brasil começavam a despertar suas consciências.
Segundo os historiadores foi uma época de elegância e a ousadia também imperava. Os movimentos sociais se fortaleciam e as mulheres tiveram participação, embora que de forma moderada, nas passeatas estudantis e por melhoria de vida. Na Rua da Ponte convivi com grandes mulheres e presenciei suas lutas no trabalho diário, no cuidado da casa e da família.
Tenho como exemplos de vida minha própria mãe, uma guerreira incansável pela dignidade da família, e minha tia Osória Paes de Freitas, com quem me pareço fisicamente e interiormente, segundo dizem algumas pessoas. Minha tia Osória Paes era a minha segunda mãe, com quem convivi muito de perto e entabulava conversas e confidências, já na fase adulta.
Minha tia lutou muito para cuidar da filha e sofreu por conta do meu tio que gostava da boemia. Além de trabalhar fora de casa, ela complementava sua renda como costureira. Era muito grata e gostava da professora Maria Mariá, a quem tecia vários elogios e tinha uma grande admiração, pelo jeito independente de ser e pela mulher prestativa que era a jornalista palmarina.
A todas essas mulheres guerreiras e batalhadoras do dia-a-dia, que foram e que são referência e símbolo de luta e fé, eu quero me solidarizar e desejar dia melhores. Salve as mulheres brasileiras, alagoanas e palmarinas.
Visitem também meus espaços virtuais anteriores onde estão postados diversos textosde minha autoria:

http://oliviadecassiajornalista.zip.net
http://http://oliviajornalista.zip.net
http://oc-cerqueira.zip.net
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2007-11-01_2007-11-15.html
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2007-04-16_2007-04-30.html
http://blig.ig.com.br/oliviadecassia/
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2008-03-01_2008-03-15.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2009-03-15_2009-03-21.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2009-02-15_2009-02-21.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2008-12-21_2008-12-27.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2008-10-05_2008-10-11.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2008-10-12_2008-10-18.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2009-01-04_2009-01-10.html
http://oc-cerqueira.zip.net/
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2008-02-01_2008-02-15.html
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2008-04-16_2008-04-30.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2008-12-14_2008-12-20.html
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2007-07-01_2007-07-15.html
http://oliviadecassiajornalista.zip.net/arch2009-12-01_2009-12-31.html
http://oliviajornalista.zip.net/arch2008-08-31_2008-09-06.html
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2008-06-01_2008-06-15.html
http://oc-cerqueira.zip.net/arch2008-07-16_2008-07-31.html

quarta-feira, 3 de março de 2010

Novo endereço

A partir de hoje utilizarei esse novo espaço para postar minhas mensagens. O motivo é que os blogs anteriores têm limite de espaço e por problemas técnicos tive que migrar novamente para um novo endereço. Desta vez espero não ter mais esses impedimentos, com limite de espaços para postagens, mas disponibilizarei os links dos textos anteriores para que meus leitores me acompanhem e vejam minhas postagens anteriors. Sejam bem-vindos!

Saudade

 Saudade, Oliva de Cássia Correia de Cerqueira  Palavra que só  existe No dicionário de português  Saudade é palavra triste,  sinônimo de no...