quarta-feira, 31 de maio de 2023

As narrativas


Olívia de Cássia Cerqueira 

De narrativas em narrativas, para usar uma palavra da moda, vamos seguindo em busca de dias melhores, tentando ser o melhor de nós mesmos, embora nem sempre agente consiga.  

 

A narrativa é “uma exposição de fatos, uma narração, um conto ou uma história.” E cada um tem a sua: para o bem ou para o mal. 

 

As narrativas são expressas por diversas linguagens e o discurso do presidente Lula sobre o direito do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, assanhou alguns setores da política mundial e da imprensa.  

 

O professor de relações internacionais Paulo Velasco, da Uerj, afirmou em entrevista ao UOL News disse que o discurso de Lula não ajuda o Brasil a resgatar a legitimidade internacional.  

 

Já Ricardo Mezavila, escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro, pontuou no Brasil 247 que Lula teve que normalizar sua presença (de Maduro) mesmo sabendo das críticas que receberia.   

 

E que “as análises simplistas feitas por jornalistas e palpiteiros da internet sobre a ditadura na Venezuela, não colocam na discussão o cidadão e cidadã venezuelanos, não aprofundam as questões como nacionalidade e pertencimento”.   

Ver texto na íntegra: 

A ideologização sobre tudo o que se move na sociedade é uma espécie de patologia que expandiu-se com o MBL (Movimento Brasil Livre), em 2014, desenvolveu-se no lavajatismo e atingiu grau máximo com o bolsonarismo, em 2018.  

Muito foi escrito sobre a permanência do lavajatismo e bolsonarismo mesmo após a desmoralização de seus líderes, como Dallagnol, Moro e Bolsonaro. Todos erraram, porque sem o apoio da imprensa reacionária, nada fica de pé por muito tempo.  

Com a vinda do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil, para a reunião de cúpula dos países da América do Sul, vimos, mais uma vez, como esses ‘adjetivismos’ são dependentes de uma boa imprensa parcial e financiada para produzir as narrativas de interesses dos EUA.  

O Presidente Lula, como anfitrião, teve que tomar atitudes de acordo com cada convidado. Com Maduro, que se parece com aquele primo beberrão que vive aprontando, mas que é convidado por ser da família, Lula teve que normalizar sua presença, mesmo sabendo das críticas que receberia.  

As análises simplistas feitas por jornalistas e palpiteiros da internet sobre a ditadura na Venezuela, não colocam na discussão o cidadão e cidadã venezuelanos, não aprofundam as questões como nacionalidade e pertencimento.  

Os venezuelanos, nas análises dessa turma, são fugitivos de um regime ditatorial de um sanguinário, que abandonam suas vidas, sua pátria, seus sonhos, para viverem de maneira sub-humana em outros territórios.  

Na verdade, existem venezuelanos saindo da Venezuela, como existiram cubanos indo para Miami. Porém, não é criando sanções e embargos comerciais contra o governo, que na prática se vira contra a população, que esse problema será resolvido. No Brasil, a aprovação do Marco Temporal na Câmara, foi uma derrota para o governo, como apregoa a imprensa, ou uma derrota para os indígenas?   

Aos berros, reacionários de todos os naipes e escalões, fazem coro com o imperialismo que sustenta as narrativas que refletem na crise por qual passa o povo venezuelano e, agindo assim, são responsáveis indiretos por aquilo que denunciam.   

O Presidente Lula, com toda a sua sensibilidade, percebeu isso e, diplomaticamente, de maneira cordial, do alto do exercício de seu mandato de chefe de Estado, afagou e acolheu Maduro em sua casa, tentando ‘humanizá-lo’ perante a opinião pública mundial, para que o povo venezuelano seja tratado com mais respeito e tenha a devida atenção daqueles que levaram seu país à condição que está hoje.  

A América do Sul precisa se unir e tentar resolver diferenças de cunho ideológico, social e comercial, com total soberania interna dos países do continente. Desde sempre convivemos com a desvalorização de nossas moedas, com o abafamento da nossa cultura e andamos de cabeça baixa pelos corredores da ONU e fóruns internacionais.  

Aos que olham a vida com viés ideológico, fica a lição de que existe limite entre uma nação e outra, que as diferenças precisam ser abordadas com respeito a essa regra, porque só assim é possível o diálogo, mesmo que seja com um ditador,  para que haja solução positiva que coloque em primeiro plano as necessidades dos principais envolvidos, nesse caso, o povo venezuelano”. 

Nenhum comentário:

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...