Olivia de Cássia Cerqueira
Acordei no
meio da noite com a uma imagem de uma máquina fotográfica, uma caneta
simbolizando meus textos, como se fosse a capa do próximo livro.
Uma situação
que me incomodava (?) sempre que eu saía com minha máquina fotográfica e alguém
me criticava por ter aquela “mania”, costume esquisito para alguns, hoje
espetacularizado pela tecnologia.
Uma das
minhas grandes paixões, agora comprometida pela falta de equilíbrio, justamente
agora. Deitada no chão e fazer piruetas para obter a melhor fotografia e outras
manobras, já não posso mais, por conta do avanço da Ataxia.
Em outro texto, bem anterior, escrevi que fotografar para mim era como uma necessidade básica. Sempre
gostei muito de fotografia e desde a faculdade eu registrava os movimentos, as
mobilizações e outras paisagens.
Muita coisa
se perdeu no caminho, mas ainda consegui salvar algumas fotos daquela época. Da
mesma forma que as meninas da turma não gostavam muito de ir ao laboratório, eu
ficava lá, horas a fio, com os meninos, para aprender um pouco sobre revelação
de fotos.
Eu gostava
de sair às ruas, quando Maceió era uma cidade pacata, para fotografar, sem
pauta e nem compromissos e também em União dos Palmares. Fotografei passeatas,
mobilizações, monumentos históricos, praças, pessoas e coisas.
A fotografia
me encanta, é como se a máquina
fotográfica fizesse parte do meu corpo, fosse um apêndice útil e indispensável.
Também passei a usá-la para disfarçar um pouco os tombos e meu jeito
atrapalhado de ser, embora eu nunca tenha confessado isso; talvez por timidez.
Desde o
primeiro comício do Lula em Maceió; greves dos bancários, onde eu trabalhava na
sede do sindicato, encontro de mulheres, passeatas e atos do primeiro de maio e
protesto das mulheres nas ruas.
Fotografar
para mim é mais que um hobby, faz parte da minha vida e embora agora já
afastada do trabalho, quero continuar a fazer uso dessa ferramenta para me
distrair, embora que a máquina foi um pouco “desprezada”, substituída pelo celular, agora quase que usado para fotografar meus pets.
Às vezes as pessoas não entendem meu modo de
ver as coisas. A luz é a principal mola mestra da fotografia, mas outras
nuances também se destacam e dependem do olhar de quem está fotografando.
Tive a honra
de fotografar Luiz Inácio Lula da Silva em Alagoas. A primeira foi no primeiro
comício que ele fez, na rua em frente à Assembleia Legislativa; na greve dos
Bancários em 1991; no Espaço Cultural da Reitoria da Ufal, que ainda funcionava
na Praça Sinimbu, onde ele autografou para mim duas fotos que eu tinha feito
dele no outro comício.
Fiquei tão
nervosa na hora com aquele contato com o maior sindicalista que o Brasil já
teve (hoje nosso presidente pela terceira vez), que quase não me contive.
Também fotografei Lula em União dos Palmares, na caravana da esperança, na
Palmarina (clube da cidade, hoje sede de uma igreja evangélica), para uma
palestra com trabalhadores rurais.
Revivendo
lembranças, olhando fotografias antigas deu uma saudade de mim, da pessoa que
nunca se importou com opiniões alheias.
Observo nas
fotografias momentos da vida. As fotos denunciam o tempo, aquele que a gente
não pode fazer nada contra, “o senhor da razão”. Contra ele não há quem possa.
Ele é o senhor de tudo, da vida de todos nós, como disse um autor.
A gente bem
que podia às vezes congelar o tempo, para que não passasse e puséssemos
perpetuar o instante, os bons momentos, de alegria, de sorrisos, de eternidade.
Tenho saudade, saudade de mim, da menina que fui...
A fotografia
é o instante congelado, para que possamos mais tarde, como agora, reviver o
tudo. Sentimento. Não importa se a técnica for perfeita.
A foto é
congelamento do tempo, o instante da vida, o guardião do nosso passado, da
nossa vida, o registro do que vivemos. A fotografia depende do olho de quem a
faz e de quem a observa. Pode ser definida como arte ou como documento, se
assim for o objetivo.
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