domingo, 25 de julho de 2021

Depois de tudo

Olívia de Cássia Cerqueira 

Olívia de Cássia Cerqueira - Jornalista

Depois de um banho e um cochilo no sofá, pensei novamente em exercitar a mente e escrever alguma coisa que me fizesse bem, embora aquilo que eu pensei pela manhã tenha me fugido totalmente; não lembro mais a respeito do que eu queria dizer. Talvez sejam apenas invenções da minha mente para preencher o espaço. Dei  prosseguimento às minhas leituras.

Tem situações engraçadas na vida que depois de madura é que a gente vai percebendo: quando somos jovens determinadas coisas têm uma supervalorização; com o tempo a gente vai percebendo e aprendendo a dar valor ao que realmente importa.

De repente dá um nó na garganta, um aperto no peito, uma vontade de chorar, mas as lágrimas não descem. Talvez em protesto porque em outras épocas eu já chorei o bastante: por sentimentos tão profundos, que já não tenho mais nada para chorar dentro de mim. Talvez a fonte tenha secado.

São apenas sentimentos verdadeiros acumulados querendo explodir de alguma forma, extravasar o cansaço, conversar com um amigo, falar de coisas que às vezes nem sei dizer o que são, protestar contra as injustiças do mundo ou outra coisa qualquer.

Todos nós ficamos ansiosos, às vezes, e essas minhas preocupações, ainda bem, não interferem na minha capacidade de levar a vida; eu consigo relaxar se ouço uma boa música, se leio um bom livro, se estou na companhia de gente que me traz alguma mensagem positiva, de gente do bem.

Mas esses são sentimentos e emoções que às vezes se fundem num só desejo: o de ser feliz. Sinto que já não tenho tanto tempo disponível e vem aquela vontade de viver muito mais, aproveitar a vida de forma que ela seja intensa e positiva.

Mas como vou viver intensamente se não tenho capacidade nem para administrar a minha vida? São perguntas que me veem à cabeça, cheia de informações, adrenalina que serve de combustível para quem vive nesse mundo da comunicação.

E foram tantos os sonhos da juventude, tanta expectativa gerada, quereres acumulados, algumas frustrações, mas eu sempre tive a certeza do que eu queria ser e essa vontade era maior e a vida toda foi assim. Minha profissão sempre estava e esteve acima até de alguns sentimentos, eu confesso.

Nunca abri mão desse sonho profissional, embora lá na frente a gente vá percebendo que a família é muito mais importante que tudo. Mas no andar da minha carruagem eu não formei a minha própria família e como dizia Machado de Assis, não terei descendentes diretos.

Às vezes essa constatação arranha um pouco a minha existência, mas a essa altura da vida eu não tenho mais tempo para ilações a respeito de como teria sido minha se fosse de outra maneira.

O jeito é viver e viver muito mais, tentando ser feliz, afinando e refinando o gosto pela leitura, diversão e arte, procurando um pouco de qualidade de vida, embora as dificuldades encontradas sejam muitas, mas na certeza de que as escolhas que fiz me levaram e me levam aonde eu quero chegar.

E quando esse pesadelo passar, eu quero e sei o que quero: sonhar, viver e querer o bem comum. Que tenhamos daqui para frente um mundo melhor e mais justo; que saibamos escolher sempre o melhor para nós e que a gente perceba que o nosso conceito de verdade não é absoluto, pois existem muitas versões para os mesmos fatos.

 


Nenhum comentário:

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...