quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
Eu poderia ter feito muito mais
Olívia de Cássia Cerqueira
Eu poderia ter feito muito mais, como diz aquela música. Poderia ter discorrido aqui sobre os últimos acontecimentos pessoais ocorridos esse ano como: o lançamento de Mosaicos do Tempo, por meio de um financiamento coletivo de campanha e a alegria que isso me causou.
Ou poderia ter falado das viagens que fiz, depois da aposentadoria e a mais recente. Poderia ter falado do recebimento da Medalha Denis Agra, a maior homenagem feita aos jornalistas alagoanos no 29o Prêmio Brasquem de jornalismo, promovido pelo Sindicato dos jornalistas de Alagoas, fato que me deixou muito honrada, não fosse ter recebido a honraria num momento tão difícil para o país e para o jornalismo.
Também poderia ter escrito alguma coisa sobre o encontro com amigos da infância, no sábado, 1º de dezembro, depois de 40 anos, que deixou a todos nós, participantes do evnto, embevecidos e felizes.
Todos esses acontecimentos me fizeram acreditar que apesar das minhas limitações, eu ainda posso muito mais. Nunca fui uma pessoa competitiva, apesar de viver num meio assim. O jornalismo às vezes se transforma numa selva, onde cada um ou uma luta pela sobrevivência e muitas vezes passa por cima de todo mundo, sem ética e sem carinho.
Passei minha vida toda sendo muito cética e negativa, desacreditando em quase tudo, mas sonhando com coisas que só estão acontecendo no ocaso da minha vida, quando a saúde já não responde de forma que eu poderia estar muito mais focada. Mas não importa. O importante é que aconteceu, mesmo em um tempo já muito escasso. Já não tenho tempo de sonhar com sonhos impossíveis.
Sonhava e ainda sonho com um mundo melhor e mais justo, com menos desigualdade, pelo fim dos preconceitos e por poder fazer alguma coisa que ficasse marcada em minha vida, quando eu não estivesse mais nesse plano.
Sempre defendi e defendo esses ideais, desde que comecei a distinguir e tomar conhecimento dos fatos, mas eles sempre me pareceram distantes. E quando eu comecei a acreditar que poderia, percebi que não deveria ter tido tanto medo de viver e que ‘devia ter acreditado mais em mim’. São reflexões que faço agora.
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