domingo, 6 de maio de 2018
Ser ou não ser...
Por Olívia de Cássia C. de Cerqueira
Jornalista aposentada
Independente de publicar ou não o meu primeiro livro, eu já deveria ter organizado outro, com meus textos publicados no jornal Tribuna Independente, aos domingos, e no meu blog pessoal. Depois que me aposentei fui vitimada por uma preguiça intelectual e me acomodei um pouco no hábito de rascunhar impressões do dia a dia, conjuntura, poesias e outros assuntos, mas quero voltar a escrever com mais regularidade, até para aliviar as tensões do dia-a-dia de aposentada e já um pouco ociosa.
Não posso me deixar levar por essa onda de me acomodar e deixar de fazer uma das coisas que mais gosto, seguida da fotografia. Eu pensei que quando me aposentasse, sofreria muito por estar longe da redação e do batente do jornalismo, mas não foi tão ruim assim. Sinto falta das minhas matérias especiais e estranho às vezes a ausência de algum amigo.
As inquietações sempre fizeram parte do meu cotidiano e venho tentando publicar minhas memórias, desde que a escrevi, no ano de 2004, mas não é barato e nem muito fácil, pelo menos pra mim não o é. De lá para cá já modifiquei muita coisa de Mosaicos do Tempo, corrigi outras e entre uma oportunidade e outra,mando por e-mail para algum amigo ou amiga, para que eu tenha um parecer e não passe vergonha; a esperança de vê-lo publicado se acende, mesmo que por pouco tempo. Quero deixar registadas todas as minhas memórias e como eu disse no prefácio de Mosaicos do Tempo, antes que a Ataxia me leve o que me resta de raciocínio e de lembranças do meu passado..
Me arrependo de muita coisa que fiz na vida e uma delas foi ter destruído minhas anotações diárias nos meus cadernos de adoloescente, eu deveria ter guardado, mas num rompante de raiva e fúria por terem sido violados pela mamãe, queimei tudo. Tenho também esse horrível defeito de agir às vezes no primeiro impulso e termino me prejudicando, de uma forma ou de outra. Nem a maturidade de fez evoluir. Chegar aos 58 anos não é fácil para ninguém, principalmente quando a gente é diagnosticada com uma doença neurodegenerativa, e se ver diate da possibilidade de ficar impossibilitada de tudo, mesmo que eu já tivessa essa certeza, pelo histórico fazmiliar. A gente vei levando pelo caminho as nossas bagagens, que não são poucas, como diria um amigo meu.
O bom é que tenho muita história para contar para os sobrinhos e sobrinhos-netos, se quiserem me ouvir. Não sou de dar palpite na vida de ninguém, pois nunca gostei que se envolvessem na minha, desde a mais tenra idade. Não é que eu tenha vivido situações mirabolantes, mas são essas lembranças que fazem de mim o que sou hoje: uma cidadã, consciente de seus deveres e direitos, lutando, ainda, por seus ideais de viada, sonhando com um mundo melhor e mais justo e indignada com tanta injustiça cometida nesse país.
Quem deveria dar bons exemplos são os que mais envergonham a cidadania, mas ainda tenho s forças para lutar e contestar, pelo menos isso eu tenho, mesmo que minhas pernas não me permitam estar na rua, em locais de grandes aglomerados e no meio da resistência. O momento é de luta, de sair de cima do muro e gritar para todos que queremos um mundo melhor. Boa noite.
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